Plataforma ajuda a vender carro financiado com prestação em atraso
Fintech Mais que Cliente tem parceria com bancos como Itaú, Bradesco e Pan, além de empresas de cobrança de dívidas, como Recovery
Marília Almeida
Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 05h00.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2020 às 13h01.
São Paulo - Já pagou mais da metade do financiamento , mas perdeu o emprego ou teve gastos imprevistos? A plataforma Mais que Cliente promete vender o carro com financiamento em atraso de forma rápida e proporcionar uma economia de gastos entre 30% e 40% para o proprietário do bem.
O objetivo é oferecer a solução antes que o veículo seja apreendido e levado a leilão, momento no qual o carro pode depreciar de 30% a 50%. A venda também pode ocorrer antes do início de um processo na Justiça movido pelo credor. Dessa forma, evita que o cliente tem gastos com honorários, custas processuais e também com o guincho usado na apreensão. Esses valores, somados, podem chegar a 5 mil reais.
A Mais que Cliente é uma fintech do Grupo DNR, que presta serviços ligados à cadeia de aquisição de automóveis. A fintech consegue realizar a venda de forma mais ágil ao ligar pessoas físicas a uma rede de 10 mil lojas de seminovos, que vendem cerca de 7 mil veículos por mês.
Daniel Romero, CEO do Grupo DNR, aponta que os bancos não se preocupavam em fidelizar clientes que costumam ser bons pagadores, mas ficaram inadimplentes por questões pontuais. "Agora, com uma maior concorrência, inclusive de plataformas digitais, essa visão está mudando. Nossos parceiros querem resolver o problema do cliente da melhor forma para fidelizá-lo em aquisições futuras".
Após uma vistoria, o carro é disponibilizado à rede de concessionárias, que fazem suas propostas. O proprietário pode aceitá-las ou não. Geralmente, o processo de entrada na plataforma, venda e repasse de dinheiro acontece em menos de um mês. A Mais que Cliente fica com 5% do valor da venda.
Em funcionamento experimental desde outubro, 150 carros já foram vendidos pela fintech, em um piloto realizado em parceria com o Itaú. Após a venda os proprietários zeraram a dívida e cerca de 30% quitaram a dívida e ainda receberam de 5 mil reais a 10 mil reais na operação, valor que pôde ser usado para pagar outras dívidas.
Contudo, os 150 casos equivalem a 20% do volume de pedidos recebidos pela fintech. "Recebemos 3 mil contatos, mas na maioria deles a dívida era maior do que o valor do carro. Nesse caso, pouco podemos fazer. Muita gente fica inadimplente e acha que o leilão vai resolver sua vida, mas esquece que financiou o valor de dois carros, e não um. Aí, o carro é leiloado por um valor menor e o cliente ainda fica com o nome sujo por causa do saldo remanescente da dívida", explica Romero.
Os carros que se enquadram no perfil passam por uma avaliação inicial que compara o preço do veículo nas tabelas do mercado e valor de venda nos leilões. Na sequência, o despachante levanta possíveis débitos ou restrições e são definidos os perfis que se adequam à plataforma. Romero aponta que, em média, o carro é vendido por de 80% a 90% do valor de tabelas de avaliação do mercado, como Fipe e Molicar.
A plataforma presta serviço para instituições financeiras e empresas de cobrança, como Bradesco, Banco Pan, Finamax e Recovery. Ao final do processo, esses parceiros podem conceder descontos para futuras aquisições que se enquadrem em seu orçamento atual do cliente. Mas, aqui, é necessário cautela: um novo financiamento não deve ser contratado antes que o orçamento se estabilize.