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Os maiores pecados dos jovens ao tentar investir

Investimentos não fazem milagre, mas não devem ser ignorados; saiba qual a importância das aplicações financeiras no processo de enriquecimento


	Jovem mirando o horizonte: É preciso balancear os investimentos na carreira e nas aplicações financeiras
 (Getty Images)

Jovem mirando o horizonte: É preciso balancear os investimentos na carreira e nas aplicações financeiras (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2014 às 19h31.

São Paulo - Jovens tendem a ter uma relação conflituosa com os investimentos. Oscilando entre dois extremos, existem os mais iludidos, que creem que ao fazer meia dúzia de aplicações ficarão milionários da noite para o dia e os que ignoram completamente a importância de investir.

O grupo dos que acreditam que os investimentos fazem milagres perde tempo buscando as melhores aplicações do mercado, sem pensar que poupar regularmente é mais importante do que dar uma grande tacada, uma velha lição que os mais experientes conhecem.

Com a menor renda na juventude, a parcela de valor destinada aos investimentos é menor, restando como alternativas aplicações financeiras com altos custos e baixos retornos. É por isso que nessa fase investir na formação pessoal pode trazer um retorno muito maior do que o rendimento de uma aplicação.

Destinar 15 mil reais a investimentos e receber um rendimento de 150 reais em um ano (retorno compatível com o que a renda fixa paga hoje), por exemplo, pode ser pior do que usar os mesmos 15 mil reais para fazer um curso no exterior que pode se desdobrar em um aumento salarial.

Para o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, apenas quem tem mais disponibilidade de recursos para investir deve gastar mais tempo com isso. "Com pouco dinheiro, é melhor que o jovem se dedique à carreira do que a se tornar um especialista em multiplicar migalhas”, afirmou o consultor durante evento do Canal do Crédito, empresa da qual é sócio. 

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Ainda que investir na carreira possa trazer mais retornos no início da vida adulta, o jovem também deve ficar atento para não cambalear para o outro extremo e deixar de formar qualquer tipo de poupança, outro lugar muito comum nessa fase.  

Para manter uma relação equilibrada com os investimentos, é preciso colocá-los no seu devido lugar: eles não são a fórmula mágica do enriquecimento, mas também não são dispensáveis.

Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), acredita que a atual incerteza sobre a economia e a nova realidade de menor estabilidade nos empregos - com carreiras mais curtas dentro das empresas e com ofertas de emprego menos valorosos - tornam mais necessários os investimentos.

Para ele, é preciso pensar no custo de oportunidade. Se antes não valia a pena perder a oportunidade de investir na carreira para destinar os recursos disponíveis aos investimentos, hoje isso já faz mais sentido. “Não dá mais para desprezar que precisamos de ativos financeiros para preservar a moeda para o futuro porque hoje o grau de incerteza sobre o futuro é o maior custo de oportunidade”, afirma Tingas. 

Diversifique

Por trás da dicotomia investimento em aplicações financeiras versus investimento na formação profissional, aparece outro antigo ensinamento dos investimentos: a diversificação, que consiste na estratégia de não colocar todos os ovos em uma cesta só.

Ao investir só na carreira ou só em aplicações financeiras, corre-se o risco de apostar todas as fichas apenas na estratégia errada. 

Tanto os investimentos podem não trazer um bom retorno diante de uma mudança na conjuntura econômica, quanto o investimento em um intercâmbio pode não trazer avanços na carreira, mas ao fazer as duas coisas, caso uma não dê certo, o prejuízo da outra é diluído. 

Poupar é mais importante do que investir

Quebrar a cabeça para entender se é melhor investir em um fundo de investimento, em títulos públicos ou na Bolsa pode ser menos eficiente do que dedicar tempo a pensar sobre como organizar as contas para poupar mais e regularmente. É isso que diz uma máxima frequentemente citada por especialistas em finanças: "poupar é mais importante do que investir". 

Com os juros básicos em um patamar mais baixo, os rendimentos na renda fixa estão menores e já não faz mais tanta diferença em qual aplicação investir. O que vai levar o investidor a ter sucesso é muito mais o hábito de investir do que a escolha entre o produto "a" ou "b".

Gustavo Cerbasi defende que, além de a renda fixa atualmente só trazer proteção, mesmo quem corre mais riscos na renda variável não tem conseguido altos ganhos. “Só terá ganho diferenciado agora quem pensar fora da caixa. Estamos muito acostumados a colocar o dinheiro em um lugar e esperar que ele renda. As pessoas não ficarão mais ricas fermentando dinheiro nos investimentos tradicionais, é preciso colocar dinheiro em um lugar produtivo”, diz.

Com menores rendimentos, investir regularmente torna-se um critério ainda mais essencial para o sucesso dos investimentos. Mas, não raro a preocupação sobre onde investir vem antes do planejamento sobre como destinar todo mês uma parcela do orçamento aos investimentos. 

Ao investir 100 reais por mês durante um ano em uma aplicação que rende 1% ao mês, por exemplo, ao final do período o investimento de 1.200 reais totaliza 1.280,93 reais. Mas, se na mesma aplicação fossem investidos em janeiro 100 reais e apenas em dezembro os outros 1.100 reais, ao final dos 12 meses o investimento somaria 1.223,68 reais, 57,25 reais a menos do que a aplicação feita com aportes regulares. 

Para Nicola Tingas, mais do que encontrar o investimento mais rentável do mercado, a melhor proteção do capital para o futuro é o hábito de gastar menos. “A mentalidade de orçamento mais enxuto, dá mais tranquilidade e é o melhor hedge (proteção) para o futuro”, diz.

Ele acrescenta que, para incorporar o costume de viver com menos, é preciso reduzir as expectativas. “Quando não se espera que o fundo trará um recorde de rendimento, ou que o MBA vai alavancar absurdamente a carreira, as coisas são feitas com mais tranquilidade, mais parcimônia, com menos demanda e mais tranquilidade. A satisfação vem mais fácil e existe mais equilíbrio", comenta o economista da Acrefi. 

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