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Os juros do crédito até estão menores, mas em 2013 você pagava menos

Em 2013, antes da crise econômica, a taxa média para o chamado crédito livre era de 43,1% ao ano; em 2019, previsão é de que seja de 46,9%

Dinheiro: ápice da crise, em 2016, taxa média chegou a 72% ao ano (DircinhaSW/Getty Images)

Dinheiro: ápice da crise, em 2016, taxa média chegou a 72% ao ano (DircinhaSW/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de novembro de 2019 às 08h19.

Última atualização em 11 de novembro de 2019 às 08h22.

São Paulo — Apesar do cenário econômico mais favorável à oferta de crédito no Brasil, os juros para empréstimos às pessoas físicas ainda não voltaram ao patamar pré-crise no País. Em 2013, a taxa média de juros que os clientes encontravam no mercado para o chamado crédito livre - que envolve cheque especial, rotativo do cartão, consignados, entre outras linhas voltadas para o consumo - era de 43,1% ao ano.

No ápice da crise, em 2016, essa taxa chegou a 72%. Para 2019, a previsão é de que ela feche o ano em 46,9%, com o retorno ao nível experimentado até 2013 previsto apenas para 2023, de acordo com dados do Banco Central analisados pela consultoria Tendências.

A taxa básica de juros da economia, a Selic, que chegou a 14,25% ao ano em agosto de 2016, hoje está na mínima histórica de 5%. Nesse período de cortes, praticamente todas as linhas de crédito livre baixaram as taxas. No caso do rotativo do cartão de crédito, uma das modalidades com a taxa mais alta, a queda foi de 475% ao ano para 307,8%.

Esses números são ressaltados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), quando questionada sobre o repasse da queda da taxa básica de juros ao consumidor. No entanto, para especialistas, o patamar que os juros alcançaram antes dessas quedas é o problema.

"A questão é que os juros continuam em níveis altos quando a Selic já está em níveis historicamente baixos. Como eles já estavam muito maiores que a taxa básica, teriam de ter caído de maneira mais intensa para compensar", diz Isabela Tavares, economista especialista em crédito da Tendências. Ela explica que, embora as reduções de juros até setembro deste ano não tenham alcançado o patamar de antes da crise, a oferta de crédito por parte dos bancos já alcançou os níveis de 2013.

No mês de setembro, dado mais recente disponível no BC, a oferta de crédito livre às pessoas físicas no País chegou a R$ 1,05 trilhão ante R$ 1,01 trilhão em dezembro de 2013.

Fatores

Para Isabela, a redução da Selic e o aumento de oferta não repercutiram como poderiam nos juros por razões que envolvem desemprego, inadimplência e pouca competição no sistema financeiro. "Vemos, daqui para frente, as taxas caindo de forma mais gradual. E, a partir do próximo ano, uma queda consistente do spread bancário (diferença entre o custo do dinheiro para o banco, quanto ele paga ao tomar empréstimo, e quanto cobra para o consumidor na operação de crédito)", diz.

Ela cita iniciativas como o cadastro positivo, uma lista de bons pagadores, em vigor desde julho, e o open banking como fatores que podem acirrar a competição entre bancos e pressionar as taxas para baixo.

O Banco Central já deu início à implementação do sistema financeiro aberto - open banking. Em fase de discussões, a medida deve proporcionar maior acesso das instituições financeiras às informações dos clientes, o que deve aumentar o oferta de crédito e de juros mais condizentes com o histórico de pagamento de cada contratante.

"O open banking permite ao cliente abrir seus dados para instituições de crédito. Nesse sistema, os dados são do cliente e não dos bancos", diz Isabela. Ela explica que a possibilidade de ter mais informações sobre o histórico dos tomadores de crédito deve levar empresas mais jovens a oferecem taxas de juros melhores.

Na mesma linha, a planejadora financeira da Planejar e professora da Fundação Getulio Vargas Myriam Lund, afirma que "os bancos não têm obrigatoriedade de acompanhar as quedas da Selic, portanto, sobem ou baixam os juros por questões estratégicas. Eles só reduziriam as taxas, se a demanda por crédito diminuísse. Por isso, o estímulo do Banco Central à entrada de fintechs (as startups do setor financeiro) e cooperativas de crédito no mercado é tão importante para aumentar a competição nesse setor".

O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, afirma que o spread bancário é composto por uma série de fatores que não mudam, necessariamente com a taxa de juros mais baixa. Inadimplência, custos administrativos e tributação são alguns deles.

Cliente mais informado. Para quem precisa de crédito, a saída ainda é a pesquisa. Myriam Lund afirma que as condições dos grandes bancos no oferecimento de crédito são parecidas entre si por isso, aconselha que quem está em busca de empréstimo faça uma varredura online em todas as possibilidades que bancos, fintechs e cooperativas de crédito oferecem. "Se houver insegurança, basta checar se a financeira está listada no Banco Central

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