Os investimentos preferidos dos fundos de pensão
Pesquisa mostra maior disposição para comprar títulos públicos indexados à inflação, papéis de crédito privado e ações ligadas ao mercado interno
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2012 às 07h36.
São Paulo – Uma pesquisa da consultoria Mercer que entrevistou 45 gestores de recursos dos fundos de pensão no Brasil mostra que aumentou a disposição para investimentos de risco um pouco mais elevado, tanto em bolsa quanto no mercado de renda fixa. O grande catalisador dessa mudança foi a queda dos juros reais no Brasil, que, no entender dos gestores, veio para ficar.
A migração dos investimentos deve ser percebida principalmente no mercado de renda fixa. Boa parte dos fundos de pensão brasileiros precisa obter uma rentabilidade equivalente a um índice de inflação (IPCA, INPC ou IGP-M) mais 6% ao ano para conseguir pagar as aposentadorias de todos os contribuintes nas próximas décadas.
Só que houve uma sensível mudança na expectativa para os juros reais no futuro próximo. De acordo com a pesquisa, 61% dos gestores consultados acham que o juro nominal será inferior a um dígito nos próximos três anos e 57% acreditam que os juros reais podem ficar abaixo de 5% pelos próximos cinco anos.
“Até 2011, a expectativa de juro real era superior a 6%”, diz Wagner Kladt, consultor sênior de Investimentos da Mercer. “Pode parecer só uma pequena diferença em relação ao cenário atual, mas a verdade é que a vida ficou bem mais difícil para os fundos de pensão. Quem quiser cumprir as metas terá de elevar o valor das contribuições, algo bastante impopular, ou correr mais risco para obter retornos maiores com os investimentos.”
Neste primeiro momento, a principal mudança que já começa a ser observada é a migração dos investimentos de títulos públicos de curto para o longo prazo. Os gestores estão trocando papéis indexados à Selic (LFT) ou títulos curtos por outros que pagam inflação mais juros (NTN-B) com vencimentos até em 2050. “As NTN-B fazem muito sentido para fundos de pensão porque garantem que o contribuinte terá um ganho acima da inflação para seus investimentos até se aposentar”, diz Kladt.
Outro movimento que já começa a ser percebido nas carteiras dos fundos de pensão é o aumento dos títulos de crédito privado. Devido à característica dos investimentos em fundos de pensão, que visam garantir recursos para as aposentadorias dos contribuintes, a migração para o crédito privado tem sido feita de maneira bastante cautelosa. Os papéis preferidos desses fundos ainda são debêntures de empresas de energia e CDB de bancos de primeira linha – que costumam pagar um pequeno prêmio sobre os títulos públicos, mas são considerados pouco arriscados.
A pesquisa índica ainda que outras opções de risco moderado já entraram no radar dos fundos de pensão, ainda que a migração dos portfólios seja bem mais lenta. Entre as aplicações que devem ganhar peso nos próximos anos, estão os CRI, os FDIC e os fundos imobiliários, de private equity e multimercados.
Já a possibilidade de investir em títulos e ações no exterior ainda não vingou. Os países desenvolvidos ainda estão em um momento econômico muito ruim, o que derrubou as taxas de juros dos papéis de renda fixa e tornou as bolsas estrangeiras mais arriscadas. Mas restrições da legislação brasileira também afastam os fundos de pensão das aplicações no exterior.
Bolsa
Já as perspectiva para a bolsa brasileira continuam otimistas apesar da forte alta nos primeiros meses deste ano. A expectativa média de preço-justo do Ibovespa para o final de 2012 está em 72.974 pontos, o que representa um potencial de valorização de 10,9% em relação ao fechamento da última quinta-feira.
Todos os setores considerados como os mais atrativos da bolsa são ligados ao mercado interno: bancos, construção, bens de consumo e varejo. A pesquisa também perguntou aos gestores quais seriam as cinco ações mais atrativas da Bovespa para este ano. Os dez papéis que mais foram citados são Itaú, PDG, Vale, Hering, Brasil Foods, OGX, Gerdau, Banco do Brasil, Lojas Renner e Cosan, nessa ordem.
“Com a expectativa de queda de juros e crescimento econômico, faz sentido que os gestores estejam evitando investimentos muito atrelados ao cenário externo e tenham concentrado as apostas no mercado interno”, diz Kladt, da Mercer.
Em geral, carteiras de investimento de fundos de pensão costumam seguir de perto um índice de ações como o Ibovespa ou o IBrX-100. A ideia é que o fundo esteja sempre bem diversificado e não corra muitos riscos em caso de dificuldades ou mesmo quebra de uma única companhia. Quando o gestor tem muita confiança em relação a uma empresa, coloca em sua carteira um percentual de ações acima do previsto na composição do índice, e vice-versa.
São Paulo – Uma pesquisa da consultoria Mercer que entrevistou 45 gestores de recursos dos fundos de pensão no Brasil mostra que aumentou a disposição para investimentos de risco um pouco mais elevado, tanto em bolsa quanto no mercado de renda fixa. O grande catalisador dessa mudança foi a queda dos juros reais no Brasil, que, no entender dos gestores, veio para ficar.
A migração dos investimentos deve ser percebida principalmente no mercado de renda fixa. Boa parte dos fundos de pensão brasileiros precisa obter uma rentabilidade equivalente a um índice de inflação (IPCA, INPC ou IGP-M) mais 6% ao ano para conseguir pagar as aposentadorias de todos os contribuintes nas próximas décadas.
Só que houve uma sensível mudança na expectativa para os juros reais no futuro próximo. De acordo com a pesquisa, 61% dos gestores consultados acham que o juro nominal será inferior a um dígito nos próximos três anos e 57% acreditam que os juros reais podem ficar abaixo de 5% pelos próximos cinco anos.
“Até 2011, a expectativa de juro real era superior a 6%”, diz Wagner Kladt, consultor sênior de Investimentos da Mercer. “Pode parecer só uma pequena diferença em relação ao cenário atual, mas a verdade é que a vida ficou bem mais difícil para os fundos de pensão. Quem quiser cumprir as metas terá de elevar o valor das contribuições, algo bastante impopular, ou correr mais risco para obter retornos maiores com os investimentos.”
Neste primeiro momento, a principal mudança que já começa a ser observada é a migração dos investimentos de títulos públicos de curto para o longo prazo. Os gestores estão trocando papéis indexados à Selic (LFT) ou títulos curtos por outros que pagam inflação mais juros (NTN-B) com vencimentos até em 2050. “As NTN-B fazem muito sentido para fundos de pensão porque garantem que o contribuinte terá um ganho acima da inflação para seus investimentos até se aposentar”, diz Kladt.
Outro movimento que já começa a ser percebido nas carteiras dos fundos de pensão é o aumento dos títulos de crédito privado. Devido à característica dos investimentos em fundos de pensão, que visam garantir recursos para as aposentadorias dos contribuintes, a migração para o crédito privado tem sido feita de maneira bastante cautelosa. Os papéis preferidos desses fundos ainda são debêntures de empresas de energia e CDB de bancos de primeira linha – que costumam pagar um pequeno prêmio sobre os títulos públicos, mas são considerados pouco arriscados.
A pesquisa índica ainda que outras opções de risco moderado já entraram no radar dos fundos de pensão, ainda que a migração dos portfólios seja bem mais lenta. Entre as aplicações que devem ganhar peso nos próximos anos, estão os CRI, os FDIC e os fundos imobiliários, de private equity e multimercados.
Já a possibilidade de investir em títulos e ações no exterior ainda não vingou. Os países desenvolvidos ainda estão em um momento econômico muito ruim, o que derrubou as taxas de juros dos papéis de renda fixa e tornou as bolsas estrangeiras mais arriscadas. Mas restrições da legislação brasileira também afastam os fundos de pensão das aplicações no exterior.
Bolsa
Já as perspectiva para a bolsa brasileira continuam otimistas apesar da forte alta nos primeiros meses deste ano. A expectativa média de preço-justo do Ibovespa para o final de 2012 está em 72.974 pontos, o que representa um potencial de valorização de 10,9% em relação ao fechamento da última quinta-feira.
Todos os setores considerados como os mais atrativos da bolsa são ligados ao mercado interno: bancos, construção, bens de consumo e varejo. A pesquisa também perguntou aos gestores quais seriam as cinco ações mais atrativas da Bovespa para este ano. Os dez papéis que mais foram citados são Itaú, PDG, Vale, Hering, Brasil Foods, OGX, Gerdau, Banco do Brasil, Lojas Renner e Cosan, nessa ordem.
“Com a expectativa de queda de juros e crescimento econômico, faz sentido que os gestores estejam evitando investimentos muito atrelados ao cenário externo e tenham concentrado as apostas no mercado interno”, diz Kladt, da Mercer.
Em geral, carteiras de investimento de fundos de pensão costumam seguir de perto um índice de ações como o Ibovespa ou o IBrX-100. A ideia é que o fundo esteja sempre bem diversificado e não corra muitos riscos em caso de dificuldades ou mesmo quebra de uma única companhia. Quando o gestor tem muita confiança em relação a uma empresa, coloca em sua carteira um percentual de ações acima do previsto na composição do índice, e vice-versa.