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Os fundos que rendem mais para o banco do que para o investidor

Isso porque a taxa de administração cobrada nessas carteiras supera metade do rendimento bruto da Selic, ou seja, mais de 4,125% ao ano

Fundos de renda fixa: a taxa de administração nesses fundos têm impacto direto na rentabilidade (denphumi/Thinkstock)

Fundos de renda fixa: a taxa de administração nesses fundos têm impacto direto na rentabilidade (denphumi/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2017 às 15h46.

Com a queda dos juros para 8,25% ao ano, diversos fundos de renda fixa já começam a render mais para o banco que faz sua gestão do que para o investidor.

Isso porque a taxa de administração cobrada nessas carteiras supera metade do rendimento bruto da Selic, ou seja, mais de 4,125% ao ano.

A conta é simples: se os juros estão em 8,25% e o banco cobra 5% ao ano sobre o total investido para administrar o dinheiro, sobram para o investidor 3,25% de remuneração, sujeita ainda à tributação no come-cotas a cada seis meses ou no resgate.

Estudo feito com a ferramenta de fundos da empresa de dados Economática mostra oito carteiras de renda fixa, DI e Curto Prazo com taxa de administração acima de 4,20%, chegando em alguns casos a 5,5% ao ano, ou dois terços da remuneração de 8,25%.

Isso em termos brutos. Se descontado o imposto de renda, de 15% para prazos acima de dois anos, o ganho da Selic de 8,25% cairia para 7% e uma taxa de administração de 5,5% equivaleria a 78% do ganho líquido obtido pelo investidor.

E mais fundos devem passar a render mais para o banco, uma vez que estão previstos novos cortes dos juros que levarão a taxa básica para perto de 7% ao ano, como estima o boletim Focus do Banco Central.

Nesse caso, fundos com taxa de administração de 3,5% já levarão metade do ganho bruto do investidor.

Fundos quase passivos

A taxa de administração nesses fundos têm impacto direto na rentabilidade, uma vez que não há um trabalho de gestão propriamente dito, mas apenas a compra de títulos públicos de menor prazo possível.

Por isso, a rentabilidade das carteiras com mesma taxa de administração é praticamente igual nos vários bancos.

Muitas dessas carteiras são destinadas ao varejo ou a sistemas de aplicação automática, as chamadas “raspa conta”, de clientes que, sem perceber, deixam o dinheiro parado rendendo para o banco.

Um sinal é o grande número de cotistas desses fundos, com um deles atingindo 87 mil clientes.

A taxa de administração é alta, portanto, pela comodidade do serviço de aplicação e resgates automáticos ou para cobrir os custos operacionais com valores de aplicação menores, explicam os bancos.

No caso do Hiperfundo, do Bradesco, um dos maiores fundos do mercado, a explicação é outra: seus 308 mil investidores abrem mão da rentabilidade para concorrer a sorteios de carros.

Menos que a poupança

Apenas como comparação, as cadernetas de poupança, a menor rentabilidade do mercado de renda fixa, pagaram em setembro 0,50% líquidos, equivalentes a um rendimento bruto de 0,64% considerando um imposto de renda para um mês (alíquota de 22,5%).

No ano, as cadernetas pagaram até setembro 5,21% líquidos, o equivalente a 6,51% brutos antes do imposto de 20% para aplicações de seis meses a um ano.

Fundos mais caros perdem depósitos

Uma boa notícia é que esses fundos mais caros estão perdendo depósitos, como mostra a relação entre seu patrimônio em setembro e sua média de 12 meses.

No Santander Inteligente, por exemplo, que cobra 5,5% pela gestão, o patrimônio equivale a 60% da média do ano. Sinal que os investidores estão realmente ficando inteligentes.

Mesmo o Hiperfundo perdeu recursos, com 89% da média em 12 meses. Mas há casos de aumento, com cinco fundos com mais de 100% da média.

Os investidores deveriam então não aplicar nesses fundos? Depende. Se não há outra opção, é melhor um ganho baixo do que nenhum.

Mas sempre é possível organizar as contas para escolher uma aplicação melhor e deixar nessas carteiras apenas o que realmente vai ser usado no dia a dia, ao longo do mês e os menores valores possíveis. Especialmente com a taxa de juros se mantendo em níveis mais baixos daqui por diante.

NomeCotistasPatrimônioPL/MédiaSetembroNo ano1 ano2 anosTx Adm
Banrisul Automático CP838279.33780,620,203,715,6414,125,50
Santander Fc Inteligente CP26.581302.83261,680,203,705,6314,125,50
Santander Fc Classic Ref DI87.941971.75163,670,254,186,2515,405,00
Itaú Pp RF CP FICFI1.236579.32981,630,244,096,1515,255,00
Santander Fc Empresas CP19.2631.535.35741,020,244,106,1715,285,00
Safra Prático CP Aplic Auto6.957152.123108,790,254,186,2815,524,80
Itaú Federal Dynamic CP301112.96388,520,284,486,6816,394,50
Santander Extra RF Ref DI18.82266.91697,150,314,706,9716,964,20
Banestes Invest Public RF1.396598.067104,340,334,957,3117,804,00
Santander FICFI Top RF15.02174.84290,540,354,997,3617,804,00
BB CP Supremo Setor Público144.97640.288.29399,230,324,867,1917,484,00
Itaú Federal Provision RF CP159133.889100,430,324,847,1817,484,00
Bradesco DI Hiperfundo308.2163.343.80189,780,324,967,3117,763,90
Itaú Prêmio RF Ref DI22.277219.72994,080,335,027,3917,983,90
Itaú Prêmio RF FICFI16.928182.29592,290,345,167,5318,413,90
BB RF LP 100 FICFI442.64211.345.831101,280,345,057,4317,933,80
BB RF CP Automático Fc146.29114.119.326109,770,355,097,5018,163,70
Bradesco Ref DI Safira10.982616.885108,760,365,287,7518,723,50

Fonte: Economática. Patrimônio em milhares de reais em 11 de outubro. Rendimento em porcentagem. Taxa de administração em porcentagem ao ano.

Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Arena do Pavini.

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