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Onde investir em outubro em um cenário com tantas incertezas

A manutenção da Selic na mínima histórica exige que o investidor tome mais risco, Veja produtos mais adequados

Aplicação deve ser adequada ao perfil e objetivos de cada investidor (SasinParaksa/Thinkstock)

Aplicação deve ser adequada ao perfil e objetivos de cada investidor (SasinParaksa/Thinkstock)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 05h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 15h26.

Diante de uma pandemia com final incerto e a deterioração da situação fiscal do país, o investidor pode se perguntar em quais tipos de ativos é melhor aplicar dinheiro no novo mês. Uma coisa é certa: com a manutenção dos juros em 2% ao ano, a mínima histórica, para manter a rentabilidade da carteira no passado é necessário correr mais riscos.

Mas o nível de risco vai depender do perfil de investidor e objetivos da aplicação, diz Juliana Machado, analista de fundos da EXAME Research. "O perfil do investidor não é estático. Desde a aplicação no título ele pode ter modificado. Tem a ver com momento de vida, capacidade financeira, idade e também experiência. Isso o torna apto para aplicar em produtos mais arrojados."

Além de buscar mais risco em novas aplicações, na pandemia muitos ativos tiveram grandes oscilações de preços, como as ações. Nesse cenário, pode ser necessário equilibrar o portfólio de investimentos. "Não vale a pena fazer mudanças pequenas, mas balancear novamente a carteira quando ela de fato foge muito do perfil de risco. Não é uma amarra, mas uma régua", conclui Machado.

Veja abaixo algumas opções de onde colocar o dinheiro no mês de outubro:

Tesouro Selic

Por causa da crise provocada pela pandemia, muita gente pode ter usado parte de sua reserva de emergência. O momento pode ser uma boa oportunidade para recompor os valores. A recomendação é que a reserva de emergência seja equivalente a seis ou 12 vezes a renda mensal.

Para esse objetivo, a melhor opção continua sendo o Tesouro Selic, ainda que o título mais líquido do Tesouro Direto venha registrando desvalorização. Para aplicações acima de R$ 10 mil, fundos DI com taxa zero são mais indicados, já que a taxa de custódia do título público só foi zerada para valores menores do que R$ 10 mil. Mesmo que seja pequena, a taxa impacta de forma negativa no rendimento do título, que já está baixo.

Tesouro IPCA

Se o investidor tem um perfil mais conservador e objetivos de longo prazo pode comprar um título Tesouro IPCA, disponível na plataforma do Tesouro Direto.

Mesmo que os juros tenham diminuído bastante e também estejam sofrendo o impacto negativo do cenário fiscal do país, o Tesouro IPCA 2035 e 2045 ainda oferece uma taxa de juro real generosa em relação a outros países. "Apesar dos chacoalhões, no longo prazo o título continua sendo uma boa alternativa para ganhar da inflação", diz Pablo Pinuelo, sócio da Cordier Investimentos.

 

Atualmente, o Tesouro IPCA com vencimento em 2026 paga IPCA mais 2,79%. Ou seja, somente a porção prefixada do título rende mais do que a Selic. É necessário, contudo, lembrar que esses títulos são marcados a mercado diariamente e seus preços podem oscilar. Mas, caso sejam levados até o vencimento, essa será a taxa de rendimento da aplicação.

Debêntures incentivadas, CRIs e CRAs

Uma opção mais rentável do que o Tesouro IPCA e que também pode ser indexada à inflação são as debêntures incentivadas, isentas de Imposto de Renda e que pagam IPCA mais uma taxa prefixada.

Diversas empresas estão emitindo debêntures, CRAs e CRIs com prêmios considerados atrativos pelos analistas. É possível encontrar títulos que pagam IPCA mais porção prefixada com rentabilidade maior do que a da Selic.

Mas é necessário analisar cada título para diluir riscos. Isso porque, em ambos, há o risco de crédito de o emissor não conseguir pagar a dívida, já que não têm garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

A preferência deve ser por ativos de segmentos mais resilientes à crise, como frigoríficos e agronegócio, infraestrutura e energia elétrica. Uma opção mais prática para diversificar é optar por um fundo de debêntures, que podem ter 30 papéis na carteira.

Fundos imobiliários

Os fundos imobiliários são aplicações híbridas que podem ser uma opção para quem quer aumentar o risco da carteira, mas prefere não aplicar em ações. Nos FIIs há o pagamento de proventos mensais, que permitem ter uma renda extra e reinvestir os valores, se aproveitando do efeito dos juros compostos.

Esses ativos também chacoalharam no ápice da pandemia. Mas por conta da alta desvalorização dos ativos é possível garimpar oportunidades. Pinuelo, da Cordier Investimentos, aconselha ao investidor buscar produtos com valor atrativo, que paguem bons dividendos e tenham uma gestão reconhecida no mercado.

Fundos multimercado com baixa volatilidade

Caso o investidor perceba que seu perfil de risco seja moderado, ou seja, seu portfólio permita alocar pelo menos uma porção do dinheiro em aplicações mais arriscadas, como forma de obter uma maior rentabilidade, é possível optar por fundos multimercado com baixa volatilidade. "É uma maneira de investir com um risco controlado na classe de ativo", diz Juliana Machado, da EXAME Research.

Um fundo com baixa volatilidade pode ter vários tipos de estratégias. A diferença é que ele toma menos risco em mercados de dívida, ações e moedas.

Fundos de ações

Fundos que investem em ações também podem ser uma opção. Machado, da EXAME Research, indica estratégias long biased, long & short e long only.

Fundos long only têm somente posições compradas em ações, enquanto os long biased se dividem em posições compradas e vendidas, lucrando tanto com a alta quanto com a baixa do mercado. Já fundos long & short também funcionam como os long biased, com a diferença de que operam com pares de ativos iguais.

O importante é ver se o fundo apresenta resultados consistentes, diz Machado.

Fundos que investem no exterior

Fundos que investem lá fora — ETFs, fundos multimercado ou ações do tipo "Investimento no exterior" — também podem ser boas opções. A diversificação no exterior deve ser encarada como uma proteção. Isso porque tem uma baixa correlação ou correlação negativa em relação às aplicações no Brasil. 

O dólar alto não deve ser impeditivo para realizar investimentos lá fora. Quando se trata de proteções, não é aconselhável tentar buscar o melhor momento de entrada e saída. O essencial é incluí-la no portfólio e buscar fazer um preço médio, aplicando periodicamente. Pinuelo, da Cordier Investimentos, aponta que fundos internacionais já são acessíveis. Alguns exigem aplicação mínima de R$ 5 mil.

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