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Next aposta em seguro de vida popular e lançará marketplace de produtos

Banco digital do Bradesco pretende acelerar o ganho de escala com novo produto de entrada; instituição já ganhou 600 mil clientes desde o fim de março

Fachada da sede do banco digital next, em São Paulo | Foto: Egberto Nogueira (Egberto Nogueira/Divulgação)
MS

Marcelo Sakate

Publicado em 2 de agosto de 2021 às 10h23.

Última atualização em 2 de agosto de 2021 às 12h42.

A disputa pelo cliente no segmento de bancos digitais está cada vez mais acirrada. O next, banco digital do Bradesco (BBDC4), está reforçando as apostas em produtos financeiros de entrada, com valores abaixo de 10 reais.

O banco digital, que atingiu a marca de 5 milhões de clientes no fim de maio, lança nesta semana um seguro de vida com preço a partir de 8,90 reais ao mês, ou seja, voltado para o cliente de entrada.

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O produto popular deve acelerar o ganho de escala do next, que pertence ao Bradesco e opera de maneira segregada do banco tradicional desde o ano passado. Quanto maior a escala, maior a oferta de produtos e serviços.

“Há uma demanda emergente entre nossos usuários por soluções de planejamento financeiro e de vida, com pensamento de longo prazo”, afirmou Renato Ejnisman, CEO do next.

“Decidimos criar um seguro de vida acessível a todos, que ofereça benefícios relevantes desde o valor inicial”, disse. O executivo se refere a serviços inclusos como assistência funeral familiar e assistência pet para emergências com cães e gatos.

A contratação é feita por meio do aplicativo do banco digital, bem como o gerenciamento do seguro, que permite que o usuário aponte até 15 beneficiários em caso de resgate da apólice. O produto oferece ainda assistência funeral familiar ampliada (que cobre cônjuges, pais, filhos e sogros) e assistência pet (para emergências com cães e gatos).

A cobertura se aplica tanto em caso de morte natural quanto acidental, com indenização inicial de 10.000 reais.

A estratégia do next parte da premissa de que o futuro do mercado financeiro passa pela digitalização, e daí nada mais natural do que oferecer produtos e serviços a preços acessíveis que dialoguem com esse público. Em alguns casos, essa oferta serve de porta de entrada para o cliente.

"Temos diversas frentes para atrair novos clientes. Na frente de seguros, somos um dos bancos digitais que mais oferecem opções: seguro residencial, para cartão de crédito e de débito, odontológico e agora de vida, pensando no cliente que enxerga importância nesse produto", disse Ejnisman à EXAME Invest .

"Estamos cada vez menos um banco digital, e cada vez mais uma plataforma digital. Queremos prover o que seja mais fácil e simples e, ao mesmo tempo, com a maior variedade de produtos que interessam aos nossos clientes", disse o CEO do next.

Segundo ele, a oferta hoje já vai além de serviços financeiros, e ele cita uma parceria com a Disney para a assinatura do serviço de streaming com desconto e uma conta para crianças e adolescentes, atrelada a educação financeira.

"Vamos lançar até a Black Friday um marketplace com um sortimento bem grande e a possibilidade de compra de produtos com preços possivelmente mais baixos do que no varejo tradicional", antecipou o executivo.

Antes de atingir os 5 milhões de clientes, o next encerrou o primeiro trimestre com 4,4 milhões -- os resultados do segundo trimestre saem nesta terça, dia 3 --, dos quais 77% não eram correntistas do Bradesco. É uma amostra do potencial do ramo de serviços digitais.

"A vantagem de banco digital é que, com muitos mais dados, se você souber tratá-los e analisá-los, é possível satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes de maneira muito mais eficiente. O objetivo é personalizar e estamos -- como mercado -- cada vez mais próximos disso", afirma o executivo.

Segundo ele, a estratégia para a escolha de quais serviços e produtos oferecer passa pela definição de clusters (áreas) de clientes, como o de alta renda que pratica esportes ou que gosta de investir. E na sequência pela definição de quais clusters o next quer atingir.

É um mercado (de bancos digitais) com ampla presença de outros players, a começar pelo maior de todos quando o critério é a base: o Nubank , com 40 milhões de clientes no Brasil, no México e na Colômbia.

Outro player relevante é o Banco Pan (BPAN4), pelo critério de base de clientes mas também pelo resultado financeiro: o banco digital chegou à marca de 12,4 milhões de clientes ao fim do segundo trimestre, dos quais 8,4 milhões eram transacionais, ou seja, tinham conta corrente ou cartão de crédito ou ambos.

A carteira de crédito pessoal chegou a 244 milhões de reais em junho, com salto de 49% em relação ao primeiro trimestre, o que serve de amostra do potencial do mercado de serviços financeiros digitais para as classes C, D e E.

Desde maio, o Pan é integralmente controlado pelo BTG Pactual (BPAC11), do mesmo grupo que controla a EXAME. O BTG tem ainda o BTG+ , com segmentação de cliente por renda acima daquele do Pan.

O desafio para os bancos digitais, segundo especialistas, é fazer o cliente consumir um número maior de serviços e produtos, especialmente crédito, para rentabilizar a operação. No caso do next, o número de transações cresceu 244% no período de um ano, do primeiro trimestre de 2020 para o mesmo período de 2021: foram 267 milhões de operações.

Para Ejnisman, é um jogo que ainda nem começou, fazendo analogia com um jogo de futebol. "Haverá muitas transformações ainda. Acredito em um mercado fragmentado com players com participação relevante. Há diferentes estratégias, players que possuem um só produto, outros com super apps, big techs e varejistas que entram etc."

 

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