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Nas casas de câmbio, dólar já é vendido a R$ 4,50. Veja o que fazer

A moeda americana já acumula alta de mais de 30% em 12 meses com o mercado cauteloso sobre as eleições no Brasil

Dólar: Corretoras dão desconto em cotações na Black Friday (DeanDrobot/Thinkstock)

Dólar: Corretoras dão desconto em cotações na Black Friday (DeanDrobot/Thinkstock)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 14h18.

São Paulo — Quem tem viagem marcada ao exterior ou alguma outra despesa prevista em dólar está de cabelo em pé nos últimos dias. A cotação da moeda americana disparou e chegou à máxima de 4,0899 reais nesta quarta-feira (22), maior patamar desde fevereiro de 2016.

Nas casas de câmbio, o dólar em espécie já é negociado a 4,27 reais, segundo o comparador de taxas MelhorCâmbio.com. Para recarregar cartões de viagem pré-pagos, a cotação chega perto de 4,50 reais. Esses preços já incluem o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que é de 1,10% para moeda em espécie e de 6,38% para os cartões pré-pagos.

No ano, o dólar já acumula uma alta de mais de 20%, enquanto em 12 meses até ontem, a moeda já subiu mais de 30%. A escalada da moeda americana, segundo economistas ouvidos pelo site EXAME, reflete o receio do mercado de seja eleito em outubro um governo menos favorável à aprovação das reformas necessárias para que a economia volte a crescer.

"O mercado continua colocando no preço da moeda norte-americana as contradições entre intensão e gesto dos candidatos à presidência (no campo fiscal pelo menos) e na incapacidade por ora do candidato Geraldo Alckmin em avançar para o segundo lugar das pesquisas eleitorais. Mais que isso: as últimas pesquisas dão conta de um avanço do ex-presidente Lula o que torna o nervosismo interno em flor da pele", afirma André Perfeito, economista-chefe da Spinelli Corretora.

Pesquisa Datafolha divulgada hoje mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém a liderança nas intenções de voto, com 39%. O candidato Jair Bolsonaro aparece na sequência, com 19%. Marina Silva tem 8%, enquanto Geraldo Alckmin tem 6% e Ciro Gomes, 5%.

Segundo Fernando Bergallo, diretor da FB Wealth, a fragmentação do cenário eleitoral sugere cautela. “É uma incógnita quem será o próximo presidente do Brasil e como será conduzida a política econômica. Isso deixa o investidor retraído. Ele tira dinheiro do país ou desiste de investir aqui”, diz.

"Conforme aumentam as chances de um segundo turno entre Haddad (vice de Lula) e Bolsonaro, enquanto Alckmin não consegue ganhar mais apoio, o dólar vai continuar subindo. Não há um teto, mas certamente vai passar dos 4,20 reais se esse cenário for se tornando o mais provável", afirma. "Mas, claro, tudo é possível. Se o Alckmin ou ainda o Meirelles começarem a ganhar mais espaço, a cotação pode voltar aos 3,70 reais."

Bergallo concorda que as intervenções do Banco Central no câmbio, através de leilões de swap cambial (entenda o que são e como funcionam essas operações), podem se intensificar no curto prazo, conforme o dólar continue subindo. Mas afirma que a intenção do BC é apenas reduzir a volatilidade da cotação da moeda americana, não mudar sua trajetória de alta.

Preço médio

Diante da pressão sobre o dólar, quem tem viagem marcada para fora do país ou despesas previstas em moeda estrangeira deve manter a calma. Os especialistas ouvidos pelo site  EXAME recomendam que você compre os dólares necessários para a viagem ou pagamento de contas no exterior em datas diferentes. Com isso, vai conseguir aproveitar cotações variadas e minimizar seus riscos.

"Não adianta querer comprar dólar na melhor cotação porque você nunca vai conseguir isso. Se for viajar em dezembro, compre um pouco agora, um pouco daqui a dois meses e o restante a poucos dias da viagem. Não tem outro jeito, somente a formação de uma cotação média vai proteger quem precisa comprar dólar", explica Bergallo.

É importante saber que, ao seguir a estratégia de comprar a moeda aos poucos, você não deve fazer as compras aleatoriamente. É preciso se comprometer a comprar dólar sempre nas datas predefinidas em sua estratégia inicial, independentemente da taxa. Será preciso também ficar atento ao noticiário.

Além disso, sempre vale a dica de procurar pela melhor cotação na hora da compra. As casas de câmbio tendem a embutir nas cotações praticadas de dólar taxas que reflitam o custo de suas operações, por isso o valor varia de um lugar a outro —e, em alguns casos, a diferença pode ser grande.

No site do Banco Central, é possível utilizar a ferramenta Ranking do VET, que mostra o Valor Efetivo Total (VET) da conversão de moedas estrangeiras em de diferentes casas de câmbio. O VET engloba a taxa de câmbio, as tarifas e os tributos incidentes sobre a conversão, apresentando o custo final da compra.

Cartão pré-pago

Se você está indo para o exterior, a recomendação é que você leve uma parte menor de recursos em dinheiro vivo e coloque a maior parte em um cartão pré-pago.

Isso vai te proteger em caso de roubo ou perda, já que o cartão pré-pago pode ser facilmente bloqueado e substituído onde você estiver. Já o dinheiro em espécie, quando perdido, não há o que possa ser feito, e você fica com o prejuízo.

Os cartões possuem bandeiras diferentes, são aceitos em todo o mundo e podem ser solicitados em casas de câmbio, agências de intercâmbio, online ou até mesmo por telefone.

A recarga pode ser feita remotamente e você consegue controlar o extrato de gastos online. Por isso é uma ótima opção também para os pais que estão mandando seus filhos para estudar no exterior, por exemplo.

É importante lembrar, porém, que o IOF cobrado nas recargas de dólar em cartões pré-pagos é de 6,38%, enquanto que a taxa para a compra da moeda em espécie é de 1,10%. Mas vale a pena pagar um pouco mais pela segurança e comodidade, de acordo com os especialistas.

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