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Não haverá uma recessão severa, diz Goldman Sachs

Chefe global de pesquisas do banco, Jim O'Neill diz que decisão do Fed de deixar Lehman Brothers quebrar será benéfica no futuro

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Mesmo com a onda de preocupações com a saúde do sistema financeiro mundial, provocada pela quebra do Lehman Brothers e pela crise de liquidez na seguradora AIG, parece haver luz no fim do túnel, ao menos para Jim O';Neill, chefe global de pesquisas econômicas do maior banco de investimentos dos Estados Unidos, o Goldman Sachs. Criador do termo BRICs (usado para designar as economias emergentes de Brasil, Rússia, Índia e China), o economista afirma em entrevista ao Portal EXAME que a decisão do Banco Central americano de não injetar recursos no resgate do Lehman Brothers provocará uma mudança de mentalidade capaz de deixar o mundo mais perto do fim da era de turbulências. Ao mesmo tempo, não deve levar o mundo a uma recessão severa. Paradoxalmente, a aposta otimista surge na mesma semana em que o banco onde o O';Neill trabalha divulgou uma redução de 70% em seu lucro, afetado pelos seguidos sobressaltos no cenário financeiro. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Portal EXAME - A concordata do Lehman Brothers representa uma nova rodada de perdas para o sistema financeiro como um todo? Isso aprofunda, por exemplo, a dificuldade de acesso aos créditos?

Esse acontecimentos recentes representam um certo choque para o sistema privado, já que este é o primeiro nome realmente grande que as autoridades financeiras deixam quebrar, algo que muitos achavam que não ia acontecer. Não estou convencido de que essas notícias negativas sejam realmente novas, elas são mais um sintoma do que uma causa.

Portal EXAME - É correto dizer que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) deixou o Lehman Brothers quebrar ou o que aconteceu foi mais uma completa impossibilidade de salvar a instituição? O Fed agiu como deveria?

Acho que depois de terem dado apoio às agências com participação governamental (referência à Fannie Mae e à Freddie Mac, instituições de financiamento nos EUA recentemente ajudadas pelo governo com um aporte de 200 bilhões de dólares), as autoridade americanas tomaram uma decisão consciente: a de que o dinheiro do contribuinte não pode ser usado tão repetidamente.

Portal EXAME - Como esses fatos afetam particularmente os mercados emergentes, especialmente o brasileiro?

No curto prazo, como nós estamos vendo, a situação nos Estados Unidos prejudica todos os mercados, mas a questão mais importante é se vai causar uma contração severa na demanda doméstica da China, o que eu não acho que acontecerá. Na verdade, em certos aspectos a notícia mais interessante desde o anúncio das quebras dos bancos foi a decisão do Banco Central da China de reduzir as taxas de juros básicos em 0,27 pontos percentuais. Ela mostra que a China está confiante na queda da inflação e que vai garantir um aumento do PIB acima de 8% ao ano.

Portal EXAME - O que o pequeno investidor num país como o Brasil deve fazer, num cenário como esse? É hora de congelar os investimentos ou, pelo contrário, de comprar mais ações?

É hora de focar totalmente nos fundamentos, e não de ficar agitado por causa do noticiário externo. Os gestores devem se ater à sua preocupação com a estabilidade, e esse é um bom momento para os investidores comprarem ações baratas.

Portal EXAME - Nos dias anteriores ao anúncio da quebra do Lehman Brothers, houve muita especulação sobre como isso afetaria o sistema financeiro e, para alguns analistas, se o banco quebrasse, nós chegaríamos ao pior cenário possível. Nós estamos mesmo vendo o pior?

Eu não vejo dessa forma, os responsáveis pelas políticas públicas precisavam dar uma chacoalhada na mentalidade das instituições financeiras privadas. Essa revisão forçada, na verdade, pode servir para nos deixar mais próximos do fim desses problemas.

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