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Mercado de debêntures em 2004 já supera total do ano passado

O ano começou aquecido para o mercado de debêntures, mas especialistas afirmam que o cenário ainda está longe do ideal. A primeira razão para conter a euforia é que 2003 foi um ano bastante fraco para esse produto e isso compromete as comparações com os primeiros meses de 2004. O outro motivo é o objetivo […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O ano começou aquecido para o mercado de debêntures, mas especialistas afirmam que o cenário ainda está longe do ideal. A primeira razão para conter a euforia é que 2003 foi um ano bastante fraco para esse produto e isso compromete as comparações com os primeiros meses de 2004. O outro motivo é o objetivo das operações, que ainda privilegiam a rolagem de dívidas e não a captação de recursos para investimentos produtivos.

De janeiro até a primeira quinzena de junho, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registrou emissões de 1,99 bilhão de reais. O órgão está analisando ainda operações que somam mais 4,8 bilhões. Em conjunto, emissões registradas e em análise alcançam 6,79 bilhões. O montante é maior que todas as emissões realizadas em 2003 (5,28 bilhões).

"Este ano certamente superará 2003, mas ninguém pode comemorar, porque o ano passado foi péssimo para as debêntures", afirma Átila Noaldo, diretor do Banif Investment Banking . "Os quase 2 bilhões de reais emitidos ainda não são um volume interessante", diz. Para se ter uma idéia, em 2002, a CVM registrou um total de 14,635 bilhões de reais em debêntures emitidas.

Segundo Noaldo, o mercado brasileiro de debêntures ainda é pouco desenvolvido e voltado para grandes investidores institucionais. Os principais compradores são fundos de pensão e administradores de carteiras (os assets managements). E mesmo tais investidores têm outros interesses, como o mercado de ações, cuja liquidez é maior, tornando a mudança de posições mais fácil. Conforme Noaldo, em fevereiro deste ano, o patrimônio dos fundos de pensão somava 219 bilhões de reais, mas as debêntures respondiam por apenas 1,7% do valor (cerca de 3,7 bilhões). A carteira de asset totalizava 536 bilhões, mas cerca de 70% dela era composta por títulos públicos. Somente 3,37% (cerca de 18 bilhões) equivalia às debêntures.

Competir com o governo, que oferece títulos públicos a altas taxas de juros, e com papéis cuja liquidez é maior (como as ações) são os principais problemas enfrentados para se desenvolver o mercado de debêntures no país, segundo Noaldo. "O Brasil aposta em mercados de renda fixa e, por isso, é difícil lançar operações mais criativas, como as debêntures conversíveis em ações", diz.

Outro ponto é o objetivo com que as empresas privadas de capital aberto lançam debêntures. Segundo pesquisa da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), a maioria das companhias visa à rolagem de dívidas e ao pagamento de obrigações financeiras. Apenas uma pequena parte dos recursos captados destina-se a novos investimentos produtivos.

No primeiro quadrimestre de 2004, 74,8% dos 2,5 bilhões de reais que já haviam sido emitidos destinaram-se ao alongamento de passivos. Outros 11% foram para pagamento de dívidas e 1,8%, para capital de giro. Apenas 12,3% do montante destinou-se a novos investimentos. A situação é melhor que em 2003, quando o pagamento de obrigações financeiras absorveu 89,2% dos 2 bilhões de reais emitidos no primeiro quadrimestre. Os novos investimentos, nesse período, receberam apenas 3,4% dos recursos.

"As empresas ainda estão buscando rolagem de passivos e não investimentos em produção, que é o que se espera", diz Noaldo. Em parte, isto ocorre porque empresas com boa saúde financeira não desejam captar recursos no mercado a altas taxas. "Se os juros caírem, talvez haja sinais mais positivos", afirma ele.

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