Em 18 anos: ao realizar aportes mensais de R$ 525, é possível economizar 41% do valor da faculdade do filho (GettyImages/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 8 de maio de 2022 às 06h00.
Última atualização em 31 de maio de 2022 às 11h38.
As dificuldades financeiras atingem muitas mães solteiras - que não são poucas. Segundo dados do IBGE, cerca de 12 milhões de mães criam seus filhos sozinhas no Brasil.
O fato de ser mãe, por si só, já demanda planejamento financeiro. No caso de uma mãe solo, o cuidado é redobrado, pois todo o ônus recai totalmente sobre ela, que não conta com o apoio financeiro do pai da criança.
Pensando nisso, Ana Paula Netto, consultora financeira da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada, separou cinco dicas para quem é mãe solo:
Esse é um planejamento que deve começar antes da chegada do bebê. O auxílio é concedido pelo INSS nos casos de nascimento do bebê, aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial com finalidade de adoção.
O prazo de duração do benefício pode variar: nos casos de nascimento ou adoção é de 120 dias. O valor também varia de acordo com o tipo de emprego e contribuição.
Via de regra, para que possa receber o auxílio, a mãe deverá ter a qualidade de segurado e contribuir pelo menos há 10 meses ao INSS, salvo algumas exceções.
Contrate um seguro saúde ou verifique se as coberturas do seu atual seguro incluem parto e a criança. A proteção vai cobrir muitas das despesas inerentes a essa fase.
Esse planejamento deve ser visto com antecedência. Caso tenha que contratar um seguro novo, certamente haverá carência para parto e internações.
Caso não possa contar com um ou não tenha tempo hábil para cumprir carência, não se desespere. Separe um valor para essas despesas e, caso não tenha meios para isso, procure a rede pública de saúde e deixe tudo organizado.
Com a chegada do bebê, não ignore gastos com a decoração do quarto, berço, banheira, roupinhas, itens de higiene, fralda, mamadeira, chupetas e outras adequações na casa.
Separadamente, podem não parecer um custo tão alto, mas, juntos, são significativos.
Caso não tenha meios para economizar, tente algo alternativo como rifas ou um chá de bebê, por exemplo, antes de se endividar no cartão ou cheque especial.
Doações também são bem-vindas. Não tenha vergonha de aceitar, mesmo que os objetos sejam usados, pois poderão representar uma boa economia.
Organize sua vida financeira. Embora pareça óbvio, é imprescindível que você saiba qual é exatamente a sua renda e quanto gasta. Dessa forma, terá o controle da sua vida financeira e poderá entender se seus gastos fazem sentido de fato para você.
Faça um planejamento do ano, já incluindo as despesas com o bebê, e mensalmente compare com os gastos que efetivamente ocorreram.
Planeje e depois gaste; sempre que for gastar, olhe no seu planejamento e veja se esse gasto cabe. Caso não caiba, refaça seus planos. Gastar e depois incluir o gasto na planilha poderá apenas te mostrar que você estourou seu orçamento, aí já será tarde.
A lógica de investir primeiro e gastar o que sobrar e não gastar primeiro e apenas investir se sobrar é recomendada. Separe um dinheiro para investir como se fosse um boleto. “Pague” seus investimentos, dê prioridade a eles.
Esse é o primeiro passo para começar a investir e evitar que você faça um empréstimo a um custo alto caso ocorra um gasto imprevisto. Com a reserva de emergência você terá mais liberdade e segurança para enfrentar o desafio de ser mãe solo.
O ideal é que você reserve pelo menos o equivalente a seis vezes seus gastos mensais. Caso você tenha remuneração variável ou simplesmente queira mais segurança, o indicado é até 12 vezes seus gastos mensais.
Esses valores sejam alocados em investimentos de renda fixa de baixo risco e alta liquidez, como títulos Tesouro Selic ou fundos DI com baixa taxa ou taxa zero.
Um dos gastos mais desafiadores para uma mãe solo é dar uma educação de qualidade para seu filho. Não apenas pagar escola, mas também cursos que possam desenvolver outras habilidades como, por exemplo, idiomas e esportes.
Veja uma simulação que demonstra a importância do planejamento, considerando uma faculdade com mensalidade média de 3,2 mil reais e curso com prazo de 60 meses. Quanto maior o prazo, maior a economia obtida por conta do efeito dos juros compostos.
• Em 18 anos: aportes mensais de R$ 525,00, desembolso total de R$ 113.343,00, economia de 41,2%.
• Em 10 anos: aportes mensais de R$ 1.147,00, desembolso total R$ 137.613,00, economia de 28,5%.
• Sem planejamento: pagamento mensal de R$ 3.210,00, desembolso total de R$ 192.600,00.
O filho cresce e é esperado que se sustente sozinho. Portanto, uma mãe solo também deve cuidar de si e do seu próprio futuro.
A saúde financeira está diretamente ligada à saúde mental, física e social. Portanto, a recomendação é investir em si, ter seus objetivos de curto, médio e longo prazo e não se esquecer da sua aposentadoria.
Além de garantir uma renda complementar à sua renda do INSS, a previdência privada é livre de inventário. Ou seja, pode fazer parte do planejamento sucessório.