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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
O Itaú confirmou, nesta terça-feira (2/5), a compra das operações do BankBoston no Brasil. O acordo, antecipado por EXAME há uma semana, envolve a emissão de 68,518 milhões ações preferenciais da Itaú Holding, que servirão de pagamento à instituição americana. Com isso, o BankBoston passará a deter cerca de 5,8% de participação no banco brasileiro, o que lhe dará também direito a um assento no conselho de administração. Segundo o Itaú, a transação está avaliada em aproximadamente 4,5 bilhões de reais, se considerada a cotação de suas ações em 28 de abril. O acordo foi assinado nesta segunda-feira (1º/5) e é a maior operação envolvendo troca de ações já feita por um banco brasileiro.
Pelo acordo, o BankBoston não poderá aumentar sua participação no Itaú acima de 20%. Além disso, o lote de papéis adquiridos não poderá ser vendido por três anos. O banco americano também não contará com o direito de preferência, em caso de oferta de novas ações do Itaú, mas terá direito a tag along (a extensão, a todos os acionistas, do prêmio pago aos controladores, no caso de mudança de mudança de controle de uma empresa).
O acordo também confere ao Itaú o direito de exclusividade para adquirir também as operações do BankBoston no Uruguai e no Chile. No primeiro país, a instituição americana ocupa a terceira posição no ranking de bancos privados, de acordo com o critério de total de ativos. Possui 15 agências, além de uma operadora de cartões - a Oca - que mantém outras 23 agências e é a maior emissora de cartões do Uruguai, com 50% do mercado. Em conjunto, o banco e a operadora possuem 372 000 clientes no país. Já no Chile, o BankBoston conta com 5 bilhões de reais em ativos, 44 agências e 58 000 clientes, ocupando o 12º lugar no ranking, pelo critério de total de ativos.
Segundo os números oficiais do Banco Central, o Itaú deverá se igualar ao seu maior rival - o Bradesco - em volume de ativos, com a aquisição do BankBoston. Mas, segundo os critérios aceitos pelos analistas de mercado, que consideram não apenas os ativos bancários, mas também as reservas técnicas de seguros, previdência e capitalização, o Bradesco mantém uma folgada margem de mais de 20 bilhões de reais sobre o concorrente. O banco das famílias Setubal e Villela, porém, superará o bancão de Osasco em áreas como administração de fundos. Em conjunto, Itaú e BankBoston vão se tornar o maior gestor privado de fundos do país, perdendo apenas para o Banco do Brasil.
O acordo também traz outras vantagens para o Itaú. Os 203 000 clientes brasileiros do BankBoston, todos com renda superior a 5 000 reais por mês, permitirão ao banco avançar na clientela de alta renda - um mercado de cerca de 5 milhões de pessoas no país. Além disso, a instituição também reforçará sua carteira no segmento de grandes e médias empresas e poderá usar a rede do BankBoston para ampliar a presença nos mercados de empréstimo, seguros e previdência.