Exame Logo

Gestora digital cria fundo de milionários acessível, a partir de R$ 1 mil

Vitreo tem sócios como Alexandre Aoude, ex-Deutsche Bank Brasil, Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann, e Patrick O’Grady, ex-XP

Sócios da Vitreo Patrick O'Grady, Everson Ramos, Ilana Bobrow e George Wachsmann (Vitreo/Divulgação)

Anderson Figo

Publicado em 22 de abril de 2019 às 16h22.

Última atualização em 22 de abril de 2019 às 16h32.

São Paulo — A gestora digital de recursos Vitreo lançou um fundo de investimentos com exposição a produtos que são alcançados apenas por milionários , mas com uma aplicação mínima de R$ 1 mil. Trata-se de um fundo que investe em cotas de outros fundos mais sofisticados — um fundo de fundo (FoF).

O lançamento foi possível após um período de negociação com os principais gestores do Brasil. Alguns dos fundos que fazem parte do FoF estão fechados para captação no varejo — ou seja, mesmo que você tenha muito dinheiro disponível para investir, não vai conseguir fazer isso por conta própria.

Veja também

“Escolhemos os fundos que entendemos serem os melhores do mercado. Um exemplo de peso são os fundos da SPX, comandada pelo Rogério Xavier, como Raptor, Nimitz e Falcon”, diz Jojo, sócio e chefe da área de gestão da Vitreo.

“Esta é uma prova clara da nossa missão de democratizar o acesso ao bom investimento. Para entrar no Raptor, por exemplo, é preciso ter no mínimo 10 milhões de reais em investimentos e aplicar pelo menos 1 milhão. É para um público muito selecionado e nós vamos oferecer a todos”, afirma Patrick O’Grady, presidente executivo da gestora.

O custo para investir no novo FoF da Vitreo é de 0,9% ao ano de taxa de administração. Há também uma taxa de performance de 10% sobre o que exceder o CDI, referencial para investimentos em renda fixa.

“O custo total vai estar menor do que o tradicional 2 por 20 [2% de taxa de administração e 20% de taxa de performance] cobrado pelo mercado. Além disso, a aplicação mínima inicial é um grande diferencial. Se você fosse aplicar sozinho em cada um dos fundos que estamos investindo através do FoF, considerando só os que não são fechados, precisaria de pelo menos 20 milhões de reais”, diz O’Grady.

Os fundos geralmente recebem uma comissão para vender outros fundos no mercado, que são chamadas de "rebate". No caso da Vitreo, o valor recebido por essas comissões será integralmente devolvido aos cotistas. É uma forma de a gestora se manter isenta e não poder ser acusada de estar vendendo um produto só por causa do "rebate" que vai receber.

O lançamento do novo fundo já estava previsto para este ano, conforme reportagem publicada pelo site EXAME em janeiro . A Vitreo foi criada em 2018 e tem sócios como Alexandre Aoude, ex-chefe do Deutsche Bank no Brasil, e Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann, além do próprio O’Grady, que é ex-sócio da XP Investimentos.

O plano de negócio é oferecer versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros ricos. Eles também automatizarão as sugestões de investimento para os clientes com base em seu perfil, cada um com uma interface única — semelhante ao que a Amazon.com faz para o varejo e a Netflix para o entretenimento.

O primeiro produto lançado pela Vitreo foi o FoF Superprevidência Icatu FIM, em 2018. Ele compra cotas de fundos de previdência aberta administrados por alguns dos gestores de melhor desempenho do país fora dos grandes bancos, incluindo SPX, Verde e Alaska. O objetivo da Vitreo é que o patrimônio do FoF Superprevidência chegue a 1 bilhão de reais até 2020. Agora, já está em 825 milhões.

Diversificação

Para diminuir os riscos do novo FoF, a Vitreo se preocupou com a diversificação. A carteira-alvo inicial terá 20% dos recursos alocados em fundos de renda variável, 41,75% em multimercados, 22% em renda fixa, 8,75% em caixa e 7,5% em fundos que ofereçam algum tipo de proteção, como ouro, câmbio e bolsa estrangeira.

“Toda a alocação foi pensada de modo a ser uma solução completa para o investidor comum. Quero dizer, se ele tiver uma cota do FoF, já terá uma carteira de investimentos equilibrada e diversificada”, diz Jojo. “É o que chamamos de proteção. É importante ter produtos na carteira que estão desassociados da Bolsa brasileira, como o ouro e ações americanas. Se você comparar a carteira do FoF com a de um cliente de altíssima renda, ela não perde em nada.”

O diretor de gestão da Vitreo alerta que a captação do FoF pode ser fechada em algum momento no futuro, quando eles entenderem que já tem dinheiro suficiente nos fundos em que o FoF investe. “Um gestor bom sabe até quanto ele consegue aceitar de novos aportes para manter a qualidade da carteira. Uma coisa é investir 50 milhões, outra coisa é investir 200.”

O novo fundo já começou com cerca de 4 mil cotistas, vindos do primeiro lançamento da Vitreo em 2018. Quem já era cliente da gestora foi avisado com antecedência sobre o lançamento de mais um FoF. A expectativa da gestora é atingir 40 milhões de reais de patrimônio do novo produto neste ano. “Acho que vamos atrair inclusive os clientes de altíssima renda que não têm acesso a certos fundos fechados que o nosso FoF vai investir”, completa O’Grady.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasCDIFundos de investimentoGestores de fundosInvestimentos-pessoaisMilionários

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame