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Fundos globais têm estratégias divergentes para fim da pandemia

Avanço das vacinas neste mês já provocou mudanças bruscas no desempenho relativo entre setores, países e estilos de investimento no mercado acionário

Mercados: os países que estão sob muita pressão por causa do vírus devem ganhar com uma vacina confiáveis (Andreas Gebert/Reuters)

Mercados: os países que estão sob muita pressão por causa do vírus devem ganhar com uma vacina confiáveis (Andreas Gebert/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 25 de novembro de 2020 às 09h39.

(Bloomberg) -- Alguns dos maiores investidores mundiais dizem que é hora de posicionar os portfólios para o fim da pandemia. Isso não significa que concordem sobre a melhor estratégia.

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Uma das recomendações da JP Morgan Asset Management é comprar ações impactadas pela pandemia, como de empresas de viagens, companhias aéreas e hotéis. A equipe de multiativos da Fidelity International aumentou posições em regiões como a Europa, duramente atingidas pelo coronavírus, com a aposta de melhor desempenho. Segundo a Franklin Templeton, ainda é muito cedo deixar mercados como a Ásia, que conduziu melhor a crise.

Mesmo que as três empresas olhem além do aumento de casos e novas restrições para a perspectiva de uma população vacinada que alcance a imunidade de rebanho em algum momento nos próximos dois anos, suas visões às vezes divergentes sobre como investir destacam os altos riscos para gestores de ativos durante o que poderia ser um momento fundamental para os mercados. O avanço das vacinas contra a Covid-19 neste mês já provocou mudanças bruscas no desempenho relativo entre setores, países e estilos de investimento no mercado acionário.

“A rotação do setor de renda variável pode dominar as discussões entre investidores nos próximos meses”, disse Tai Hui, estrategista-chefe para mercado asiático da JP Morgan Asset Management.

“Achamos que os investidores podem tentar diversificar suas alocações para aproveitar as vantagens das possíveis boas notícias sobre o desenvolvimento de vacinas.”

Para Salman Ahmed, responsável por alocação macro e ativos estratégicos da Fidelity International em Londres, é hora de ser positivo sobre a Europa. A equipe de multiativos agora aposta em ganhos para a região e isso é uma “grande mudança”, disse. A Ásia, de acordo com Ahmed, maximizou os benefícios de mercado que poderia obter por controlar a propagação do coronavírus.

“Os países que estão sob muita pressão por causa do vírus devem ganhar com uma vacina confiável”, afirmou. “E a Europa se enquadra nessa categoria”, porque o impacto da Covid tem sido muito ruim.

Mas nem todos apostam nesta rotação. Para Stephen Dover, responsável por renda variável da Franklin Templeton, ainda vai demorar meses antes que qualquer vacina possa ser amplamente distribuída. Por isso, as ações asiáticas ainda são o investimento preferido.

Gestores também divergem sobre quando as vacinas normalizarão as economias. Para Dover, por exemplo, é mais provável que isso aconteça no segundo semestre de 2021. Mas Ross Cameron, gestor financeiro em Tóquio da australiana Northcape Capital, avalia que mais da metade da população mundial ainda não será vacinada antes do final de 2023.

“Nossa impressão é que os mercados estão otimistas demais sobre a velocidade da distribuição global de uma vacina”, disse Cameron. “Vai exigir muito tempo e dinheiro.”

Evan McCulloch, diretor de pesquisa de renda variável da Franklin Equity e gestor-chefe do Franklin Biotechnology Discovery Fund, resume como os gestores de fundos, apesar das diferentes estratégias, no geral olham além das novas ondas de coronavírus e retorno das restrições em muitos países.
“Somos investidores de longo prazo”, disse. “Estamos olhando além do número crescente de casos e da contínua fragilidade econômica em direção a uma reabertura da economia possibilitada pela vacina.”

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