Febraban estuda autorizar adiamento de parcelas do crédito consignado
Foram feitos mais de 2 milhões de pedidos de pausas em linhas imobiliárias e de automóveis aos bancos, o que representa um total de 150 bilhões de reais
Natália Flach
Publicado em 13 de abril de 2020 às 14h12.
Última atualização em 13 de abril de 2020 às 14h19.
Depois do anúncio de pausas nas parcelas de financiamento imobiliário e de automóveis, a Federação Brasileira de Bancos estuda a possibilidade de suspender as parcelas do crédito consignado, que são descontadas diretamente da folha de pagamento dos trabalhadores. Segundo Isaac Sidney, presidente da entidade, em transmissão ao vivo nesta segunda-feira, o crédito consignado representa um terço do total de crédito concedido. Até o momento, Sidney prevê que já foram renegociados 150 bilhões de reais, de um total esperado de 200 bilhões de reais. Isso representa mais de 2 milhões de solicitações.
"Ao todo, representa algo entre 350 bilhões e 400 bilhões de reais entre originações (novas concessões) e renovações; por isso, estamos estudando dar carência, mas depende de questões operacionais como o acesso às folhas de pagamento de diversos municípios e estados que têm sistemas operacionais diferentes", disse, em conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pela internet. Segundo Sidney, 65% dos empréstimos consignados são usados para quitar dívidas mais caras, afinal, é a modalidade de crédito pessoal que tem juros médios mais baixos.
A fala de Sidney foi uma resposta à declaração de Maia que disse "que há muita demanda de microcrédito, de consignado e de crédito para pequenas, médias e grandes empresas". "Sabemos que é necessário apoio do governo federal, por isso estamos discutindo uma PEC [proposta de emenda constitucional] para ajudar a suprir as deficiências do sistema financeiro." O deputado se refere, por exemplo, ao problema identificado ao creditar os 600 reais de auxílio emergencial na conta dos trabalhadores informais e autônomos. Em alguns casos, o valor foi automaticamente usado para quitar alguma dívida - sendo que o propósito não é esse, e sim garantir uma renda para essas pessoas.
"A gente sempre ouve reclamações de que o sistema financeiro fica de fora em tempos de crise. E se os bancos fizessem um fundo para comprar equipamentos médicos?", sugere Maia. "Fora as grandes redes de saúde, como Einstein e Rede D'Or, e as santas casas que vão ser atendidas pela Caixa, há redes de saúde menores que vão enfrentar problemas de capital de giro. Estão paradas à espera dos pacientes com coranvírus"
Sidney responde que está apurando se na linha de 5 bilhões de reais da Caixa para as santas casas se enquadram também os hospitais de menor porte. "Estamos apurando." O executivo acrescenta que 10 bancos estão dando garantia bancária de 300 milhões de reais para a compra de 11.300 respiradores.
Sobre aumento de impostos, Maia e Sidney afirmam que não é o momento de tomar essa medida que poderia reduzir ainda mais a atividade econômica do país.