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Fazer compras na Black Friday realmente vale a pena?

Com varejo desaquecido, antecipar as compras de Natal na Black Friday pode ser um bom negócio, segundo especialistas


	Com varejo desaquecido, antecipar as compras de Natal na Black Friday pode ser um bom negócio
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Com varejo desaquecido, antecipar as compras de Natal na Black Friday pode ser um bom negócio (shironosov/Thinkstock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2015 às 09h00.

São Paulo - É evidente que a Black Friday, a tradicional sexta-feira de descontos, que começou a ser realizada no Brasil em 2010, vem ganhando força no país. Mas, afinal, aproveitar as promoções do evento realmente compensa? De acordo com consultores especializados em varejo, o evento pode, sim, render bons negócios. 

Juracy Parente, professor de varejo da FGV/EAESP, explica que, como na Black Friday as promoções são concentradas em um único dia - a data oficial do evento é esta sexta-feira, dia 27- as empresas ficam mais dispostas a praticarem preços mais baixos para atrair consumidores.

Além disso, a crise econômica deve aumentar a atratividade do evento este ano, diz Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar). “Quanto menor a demanda dos consumidores, maiores os descontos. Como o mercado está mais desaquecido do que no ano passado, boas promoções devem ser anunciadas na data.”

Ainda que a demanda tenha ficado mais tímida ao longo do ano, a expectativa para o evento é grande. Uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte aponta que, entre os 76% dos consumidores que vão realizar as compras de Natal até a primeira quinzena de dezembro, 20% pretendem adquirir produtos durante a Black Friday. Em 2014, apenas 9% afirmaram que iriam aproveitar as promoções anunciadas na data.

Black Friday x liquidações de janeiro

Se a compra não precisa ser feita até o final do ano, é melhor esperar para comprar em janeiro, mês que costuma reunir liquidações de produtos que não foram vendidos durante o Natal? Depende. 

Especialmente neste ano, o consumidor não deve esperar uma grande queima de estoques em janeiro, diz Parente, da FGV, o que joga a favor da Black Friday.

O professor explica que o volume de vendas mais fraco no Natal do ano passado permitiu às empresas se prepararem melhor para a data neste ano. Para diminuir o risco de ter de vender um grande estoque após o final do ano, varejistas compraram menos produtos em 2015. “Com o estoque mais ajustado à realidade da economia, não iremos observar uma queda expressiva de preços em janeiro”.

Uma vantagem das liquidações de janeiro sobre a Black Friday é que elas costumam reunir maior quantidade e diversidade de produtos com descontos, que ficam em promoção por mais tempo.

No entanto, os produtos que costumam entrar em promoção em janeiro são justamente eletrônicos e eletrodomésticos, que são o foco da sexta-feira de descontos. Além disso, como essa categoria de produto vem sofrendo mais com a queda das vendas no varejo ela concentra os maiores descontos. “Esse fator torna a Black Friday competitiva com relação ao mês de janeiro”, diz Parente.

Antecipar a compra de final do ano nesta sexta-feira também pode ser uma boa estratégia para evitar dores de cabeça com produtos comprados pelo comércio eletrônico, que podem não ser entregues a tempo caso sejam adquiridos pouco antes do Natal. “A logística do varejo costuma ficar sobrecarregada no final do ano. Antecipar as compras pode ser uma forma de driblar esse problema”, diz o professor da FGV.

Compras exigem cautela

Em suas primeiras edições, a Black Friday teve sua imagem arranhada no Brasil porque diversas empresas que participaram do evento anunciaram falsos descontos. Mas, para Felisoni, do Ibevar, esse cenário já mudou. “Gradativamente, as empresas passaram a oferecer descontos reais porque verificaram que o consumidor estava monitorando e comparando os preços”.

O comportamento cauteloso do consumidor pode ser observado em uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Segundo a pesquisa, 44% dos brasileiros que pretendem realizar compras durante o evento neste ano vão pesquisar se os descontos anunciados são, de fato, reais.

Para fazer bons negócios no evento, Felisoni aconselha que o consumidor faça uma pesquisa prévia de preços antes da data e avalie com muita calma o que ele realmente precisa comprar. “Dessa forma, é possível avaliar se o desconto está realmente atrativo e se a compra, de fato, vale a pena”.

A pesquisa prévia também permite ganhar agilidade para aproveitar descontos maiores, que geralmente são limitados a poucos produtos e, como consequência, se esgotam rapidamente no dia do evento.

Alguns sites que realizam comparações de preços e mostram os valores históricos de um determinado produto podem facilitar sua pesquisa (veja 10 sites que reúnem as melhores promoções da Black Friday e mostram se os descontos realmente valem a pena). Ao consultá-los é possível verificar se de fato o produto que você busca está com um preço vantajoso.

O presidente do Ibevar desaconselha a antecipação das compras de Natal caso o consumidor precise se endividar para isso. “É preferível esperar o pagamento das duas parcelas do 13º salário. Não há necessidade de correr. Como não há expectativa de que a economia deva melhorar no curto prazo, ainda será possível encontrar bons descontos nos próximos meses.”

Felisoni também recomenda que o endividamento com as compras não ultrapasse 30% da renda mensal da família. “Seguir esse conselho é uma forma eficiente de evitar o descontrole dos gastos e a inadimplência”. 

Descontos em carros compensam?

Além de empresas que vendem eletrônicos e eletrodomésticos, montadoras também anunciaram descontos em veículos durante a Black Friday. Mas será que é a hora de comprar um carro novo?

Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria automotiva Jato Dynamics, aponta que o nível ainda alto de estoques das montadoras e concessionárias impulsionam descontos.

Ainda que as vendas de carros tradicionalmente aumentem nos meses de novembro e dezembro, a expectativa é que este aumento seja menor neste ano em relação a 2014.

Prevendo isso, as montadoras já ajustaram parte da produção ao longo do ano, assim como fizeram as empresas varejistas em geral. Como resultado, grandes queimas de estoques devem diminuir daqui para a frente, assim como os incentivos oferecidos pelas empresas. “Diante desse cenário, agora pode ser um bom momento para aproveitar promoções”, diz Neto.

Por outro lado, caso as vendas sejam piores do que o esperado, e no próximo ano o mercado ainda tiver muitos veículos versões 2015 e 2014 que não foram vendidos, os incentivos aos veículos podem permanecer e até aumentar, explica o gerente da Jato.

De qualquer forma, o consumidor não deve esperar grandes descontos em carros nas versões 2016. “Esperar pode valer mais a pena para quem busca modelos em versões anteriores”,  diz Neto, da Jato

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