Minhas Finanças

Especialistas veem oportunidades no nervosismo do mercado

É preciso ter sangue frio e organização, para não aplicar mais do que se deve em ativos de risco, que devem receber apenas o dinheiro de longo prazo


	É normal o investidor se apavorar e sair na baixa do mercado, perdendo a recuperação parcial que acompanha a volta do mercado à racionalidade
 (Stock Exchange)

É normal o investidor se apavorar e sair na baixa do mercado, perdendo a recuperação parcial que acompanha a volta do mercado à racionalidade (Stock Exchange)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2013 às 16h49.

Enquanto alguns choram, outros vendem lenços, diz o ditado que define bem o mercado financeiro. Se a bolsa está despencando e os juros dos títulos públicos disparam, pode ser hora para quem tem uma sobra financeira aproveitar e diversificar as aplicações.

É preciso, porém, ter sangue frio e organização, para não aplicar mais do que se deve em ativos de risco, que devem receber apenas o dinheiro de longo prazo. É preciso também saber que momentos piores poderão vir antes da melhora.

Já quem já aplicou em bolsa e em renda fixa e viu o valor de seus investimentos derreter nas últimas semanas deve ter calma e avaliar se vale a pena sair da aplicação na baixa ou se não há chance de recuperar parte das perdas tendo um pouco de paciência. É normal o investidor se apavorar e sair na baixa do mercado, perdendo a recuperação parcial que acompanha a volta do mercado à racionalidade.

Este pode ser um momento bom para quem quer montar uma carteira de ações ou renda fixa prefixada ou indexada à inflação, avalia Odair Abate, estrategista-chefe do Votorantim Private Banking. “Os juros estão num nível muito próximo ao de agosto de 2011, antes da redução das taxas pelo Banco Central, o que é interessante”, diz. Para ele, o investidor deve começar a olhar gradualmente para papéis indexados à inflação ou prefixados. O risco, avalia, é o dólar continuar subindo e depois não recuar mais, o que faria a inflação subir demais e “atropelar tudo”.

Quem já tinha aplicado e está carregando uma posição de títulos de inflação e prefixados que está perdendo deve ter sangue frio, aconselha Abate. “Os preços já estão em um patamar tão baixo que vale a pena manter a posição e esperar uma recuperação”, diz.
De qualquer forma, Abate avalia que os juros reais pagos pelos títulos do governo e até por bancos privados estão num nível atrativo para novas aplicações. “Vemos CDBs de bancos de primeira linha pagando juros de 11,80% ao ano, até 12% para aplicações de dois anos, o que representa um retorno elevado”, diz. A expectativa do estrategista é de que assim que o mercado recuperar um pouco de sua racionalidade, essas taxas devem cair e quem aplicar agora terá um resultado positivo.


O mesmo vale para os papéis do Tesouro Nacional, como as LTNs prefixadas e as NTN-Bs indexadas à inflação do IPCA, diz Abate. Um papel prefixado mais longo, para 2021, chegou a pagar 12,12% ao ano, um juro considerável para o mercado brasileiro de hoje. “O Brasil tem problemas para resolver, mas sabe-se que quais são os problemas e o Banco Central está sinalizando com um ajuste maior”, diz.
De acordo com Abate, as taxas atuais dos papéis do mercado projetam duas correções de 0,75 ponto percentual, duas de 0,50 ponto e mais duas de 0,25%, o que dá 3 pontos no total sobre a taxa atual de 8%, ou seja, o juro terminaria o ano em 11%, bem mais do que estimam economistas e consultorias.

E, para quem tem medo de o impacto do câmbio ser maior nos preços, há a opção das NTN-Bs corrigidas pela inflação, que estão pagando quase 5% ao ano mais IPCA para prazos mais curtos. “Temos juros muito bons nesse papéis com IPCA no curto prazo”, diz. Nos papéis mais longos, nos quais a volatilidade é maior, mas que são uma alternativa para quem quer aplicar para a aposentadoria e não se preocupa em oscilações de curto prazo, as taxas também são atrativas.

Na bolsa, Abate chama a atenção para o fato de que, se o Ibovespa fechar negativo neste mês, será a terceira vez em em 15 anos que a bolsa brasileira cai seis meses consecutivos. “Nada impede, com quadro atual, que ela caia sete meses, mas não é usual”, diz. O nível que o mercado chegou agora está perto daqueles da crise de 2008, que quase quebrou o sistema financeiro mundial.

E, mesmo com um crescimento da economia de 1%, 2% no Brasil, os preços estão bastante descontados, afirma Abate. O problema, diz, é a série de incertezas que há no Brasil e no exterior e que podem afetar ainda mais o mercado, como o dólar em alta e a inflação no Brasil e a redução dos incentivos nos Estados Unidos. “Ela está barata em dólar, mas pode cair mais”, alerta.

O estrategista vê praticamente todos os papéis da bolsa sofrendo, inclusive as pequenas e médias empresas, as small caps, que foram destaque de ganhos nos últimos três anos. Ele acredita que segmentos ligados à saúde e educação têm potencial interessante de ganhos. Já se a alta dos juros não afetar a inadimplência, o setor financeiro pode ser interessante.


Mas Abate observa que, da mesma forma como hoje a queda das ações é generalizada no mercado, a alta também pode ser. “Os estrangeiros fugiram muito das grandes empresas da Bovespa e quando voltarem vão elevar seus preços”, diz.

Ele chama a atenção, porém, que esses papéis podem não dar ganhos já amanhã ou depois, pois o mercado está muito tenso, emocional, e há vários desconfortos. Entre esses desconfortos estariam a taxa de câmbio, o fim dos incentivos financeiros (Quantitative Easing, ou QE nos EUA), os números fiscais brasileiros abaixo do esperado.

Horizonte de pelo menos um ano

O mercado de ações está barato, mas pode ficar mais, afirma Walter Mendes, sócio da gestora independente Cultinvest. Apesar disso, ele acha que esta é uma oportunidade para quem quer aplicar em bolsa com um horizonte mínimo de um ou dois anos. “Os preços caíram demais, estão nos níveis mais baixos dos últimos tempos e se tornaram atrativos até mesmo considerando as incertezas que temos pela frente”, diz.

Ele lembra que o mercado brasileiro foi um dos que mais sofreu neste ano. “Tivemos a segunda maior desvalorização da moeda e a segunda maior alta do risco-país, só perdendo para a Argentina”, diz. A bolsa brasileira também foi uma das que mais caiu e está praticamente no nível da crise internacional de 2008. E uma recuperação pode fazer com que papéis de grandes empresas voltem a subir. “Os estrangeiros venderam muito e isso derrubou os preços de papéis importantes do índice, como Petrobras e Vale”, observa.

Mendes acredita que também há boas oportunidades para a compra de papéis de renda fixa. “Quem vai comprar uma NTN-B longa, corrigida pela inflação, para carregar até o vencimento, sem se preocupar com as oscilações de preços, tem taxas reais bastante atrativas hoje”, observa.

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