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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sentiu os efeitos da queda de 6,5% na bolsa chinesa e reagiu registrando queda desde o início dos negócios desta quarta-feira (30/5). Nos primeiros negócios do dia, o Ibovespa chegou a recuar mais de 2%, mas, ao meio-dia, reduzia a queda para 0,77%, aos 51314 pontos.
O mercado já previa alguma medida do governo chinês para reduzir a bolha especulativa que se criou no mercado acionário do país. Na tentativa de frear a valorização - que somente esse ano chegou a 60% - o Ministério das Finanças da China triplicou o imposto sobre transações de ações, passando de 0,1% para 0,3%.
Para analistas, no entanto, o "efeito China" no Brasil deve ser passageiro, uma vez que o ritmo de crescimento do gigante asiático continua forte e os fundamentos da economia brasileira estão sólidos. "O mercado deve reagir de forma semelhante ao visto em fevereiro, quando a China derrubou as bolsas mundiais. No longo prazo, essa correção poderá ser positiva, já que conferirá maior sustentação ao mercado chinês", afirma o analista da corretora Souza Barros, André Borghesan. "As ações de empresas exportadoras talvez sintam um pouco mais, mas o impacto não deve ser grande. Apenas uma mudança estrutural poderia alterar a trajetória de longo prazo da bolsa brasileira, que é de alta", diz o analista da corretora Spinelli, Daniel Gorayeb.
As estimativas da Spinelli apontam o Ibovespa a 60.000 pontos no final de 2007. Por isso, segundo Gorayeb, o momento de queda pode até ser uma boa oportunidade para os investidores reforçarem suas posições no mercado. Mas vale lembrar que as previsões para os próximos meses não são de calmaria. "Durante todo o ano devem surgir vários eventos, como os resultados dos indicadores da economia dos Estados Unidos, que podem gerar certa volatilidade. Mas nada que altere a perspectiva positiva para a bolsa. Com juros em queda e a melhora no cenário econômico nacional e internacional, a tendência é de que a migração de recursos da renda fixa para a bolsa continue", afirma o analista.
Hoje, além da China, os Estados Unidos devem nortear as operações na Bovespa. Às 15 horas (horário de Brasília), o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deve divulgar a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, o equivalente americano do Copom). Com base nessas informações, o mercado vai avaliar como anda a economia americana, projetando níveis de inflação, ritmo de crescimento econômico e o rumo da taxa de juros do país. Para o economista-chefe da corretora Ágora, Marco Melo, o documento deve apontar cenário de tranquilidade.