Aeroporto: ideal é não deixar compra para última hora (Thianchai sitthikongsak/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de novembro de 2019 às 13h20.
São Paulo — A recomendação geral para os turistas, de acordo com especialistas em câmbio, é fracionar a compra do dólar turismo e não esperar momentos de queda. Esse não foi o caso da assistente de ensino Beatriz Pacheco, que está com viagem marcada e foi pega de surpresa com a alta desta terça-feira, 26. "Não sabia desse valor, a última vez que eu olhei estava R$ 4,20", afirmou.
Faltando pouco mais de um mês para a viagem, ela não providenciou os dólares. "Eu não comprei porque fiquei na esperança de que fosse ficar em R$ 4. Mas foi o meu 'achômetro'." Beatriz viaja no dia 2 de janeiro para um período de dez dias em Nova York e Orlando, nos Estados Unidos.
Beatriz, provavelmente, não será a única que terá de lidar com a trajetória de alta constante da moeda americana. Na segunda-feira, após o mercado reagir às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o País terá de se acostumar com cotações mais altas, o dólar turismo chegou a ser negociado a R$ 4,48 em casas de câmbio de São Paulo.
Em uma delas, a moeda fechou em máxima de R$ 4,4351. Durante todo o dia, a moeda se manteve estável por volta dos R$ 4,40.
De acordo com ela, os planos de viagem devem ser alterados se a moeda se mantiver no patamar atual. "Talvez a gente tenha que comer em lugares mais baratos ou não comprar nada. Não tínhamos uma agenda de compras grande, mas o pouco que tinha talvez a gente tenha que repensar", pondera. Os ingressos de atrações como musicais da Broadway e parques da Disney já foram comprados e, por isso, o roteiro de lazer não deve sofrer mudanças.
Para Alexandre Monteiro, sócio da startup mineira Melhor Câmbio, os números de segunda-feira ainda não são motivo para pânico de quem tem viagem marcada para o exterior nas próximas semanas. "Essa alta do dólar foi uma alta pontual, muito devido a essa questão do Paulo Guedes", disse ele.
Apesar disso, Monteiro reafirma a necessidade de não deixar a compra do dólar turismo para a última hora. "É melhor fazer compras fracionadas, a moeda está muito flutuante e não dá pra prever nada. A ideia é evitar que se compre todo o montante em um momento de pico muito grande", explica.
O gerente de câmbio da OuroMinas, Mauriciano Cavalcanti, afirma que vários fatores explicam porque o dólar permanece valorizado de forma prolongada, como a sazonalidade do final de ano - que reúne o aumento da demanda por dólar turismo para viagens de férias - e também a redução de lucratividade de investidores externos no País com o corte dos juros básicos.
O dólar turismo é a cotação praticada na venda de papel moeda para quem vai viajar para fora do País. A cotação não é a mesma do dólar comercial, utilizado em operações como importações e exportações.
A diretora da casa de câmbio GetMoney Vanessa Blum afirma que o melhor é se planejar e fazer compras fracionadas. Essa também é a orientação de Mauriciano Cavalcanti. "A pessoa não pode esperar para comprar dólares, principalmente do jeito que está agora, com tudo muito incerto. É melhor não arriscar porque pode ter surpresas desagradáveis", recomenda.
Uma das opções é observar a movimentação do dólar por sites como Melhor Câmbio, que emite alertas por e-mail quando o câmbio registra quedas. O site também conta com uma ferramenta de acompanhamento que mostra a cotação da moeda em tempo real.
Já no BeeCâmbio, é possível consultar as cotações em cada casa de câmbio e, uma vez escolhida a melhor taxa, o cliente pode solicitar a retirada ou entrega do papel moeda.