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Devo trocar minha LCI por outros investimentos?

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Investimentos: CRIs, CRAs e debêntures oferecem mais risco (SIphotography/Thinkstock)

Investimentos: CRIs, CRAs e debêntures oferecem mais risco (SIphotography/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 4 de agosto de 2017 às 12h30.

Pergunta do leitor:  Atualmente, aplico meu dinheiro em LCI, mas fui informado pela minha assessora da corretora sobre CRAs, CRIs e debêntures. Não tenho muitas informações sobre esses papéis. Devo trocar minha LCI por esses investimentos? 

Resposta de Beto Veiga*:

Atualmente, você está aplicando o seu dinheiro no mercado de títulos bancários. Quem emite Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) é uma instituição financeira e há duas garantias que protegem seu dinheiro de calote.

Uma delas é bem objetiva, chamada de garantia explícita. O que isso quer dizer? É simples: existe um fundo (Fundo Garantidor de Crédito, o FGC),  formado por recursos de vários bancos, que garante o seu dinheiro até R$ 250 mil, se a instituição financeira quebrar.

Há outra garantia implícita, no caso do mercado bancário. As pessoas acreditam que, se houver algum problema generalizado no sistema financeiro, o governo intervirá e resgatará os depósitos, embora isso não seja verdade absoluta e dependa do bom humor do governo e da capacidade financeira do País.

Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as debêntures estão no mercado não bancário. Esses papéis são emitidos por empresas que, embora possam atuar no mercado financeiro, não fazem parte dele necessariamente. Da mesma forma, não desfrutam da garantia explícita do fundo, muito menos da implícita.

Em linhas gerais, os CRAs e CRIs contam com a garantia de recebíveis, que são operações de crédito, aluguéis, outros contratos de fornecimento etc. Os CRAs e CRIs funcionam como se fossem um agrupamento desses contratos, empacotados juntos e vendidos na forma desses títulos.

Com isso, o risco da operação depende, principalmente, da qualidade do que está empacotado, pois, em última instância, se quase tudo der errado, o cumprimento desses contratos empacotados que vai pagar você de volta.

No caso das debêntures, simplificando bastante, seria o mesmo que você emprestar seu dinheiro diretamente para alguém. A maioria das debêntures não tem garantia real, isto é, não possui um bem específico da empresa emissora atrelado ao papel. Portanto, quando você compra uma debênture, o que importa é a sua crença de que a empresa vai pagar de volta.

Feitas essas observações, não é para você reforçar ainda mais a concentração de crédito nos bancos, mas para levar em conta o risco no momento de fazer a sua aplicação.

O mercado privado é muito saudável, pois reduz os custos para as empresas que recorrem ao crédito, mas demanda um pouco mais de atenção por parte do investidor. Como há menos garantias, é preciso uma boa análise da empresa em que você está investindo para não se deparar com possíveis perdas.

Outro detalhe muito importante é a questão da liquidez, que é a capacidade de transformar seus papéis em dinheiro rapidamente com a menor perda possível. O requisito primordial para que um papel tenha boa liquidez é um mercado desenvolvido.

Os CRAs, CRIs e debêntures não têm um mercado secundário ainda bem desenvolvido, principalmente para pequenos valores. Assim, eles são uma boa opção de diversificação somente se você não tem expectativa de precisar dos recursos no caminho, antes do vencimento.

*Beto Veiga é doutor e mestre em Economia pela UnB, advogado especialista em direito do sistema financeiro, professor de direito bancário e autor do livro “Case com seu banco com separação de bens”.

Envie suas dúvidas sobre investimentos para seudinheiro_exame@abril.com.br.

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