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Covid e inflação acentuam perda do poder de compra do vale alimentação

Conforme o levantamento da Fipe, entre abril de 2019 e março de 2020, o valor médio de recarga do benefício Alimentação correspondia a 87,7% da cesta básica, porcentual que caiu para 81,8% de abril de 2020 a março de 2021

"Em outras palavras, os créditos recebidos pelo trabalhador formal na forma do benefício alimentação passaram a comprar uma quantidade menor de produtos que compõem a cesta básica no período de análise", diz em nota a Fipe (Paulo Whitaker/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de julho de 2021 às 09h41.

Última atualização em 14 de julho de 2021 às 12h57.

Os benefícios recebidos pelos trabalhadores formais para alimentação tiveram perda de poder de compra durante a pandemia de covid-19, segundo análise inédita da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com base nos dados da Alelo dos cartões de Alimentação e Refeição entre janeiro de 2018 e maio de 2021 e no valor da cesta básica medido pelo Dieese.

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Conforme o levantamento, entre abril de 2019 e março de 2020, o valor médio de recarga do benefício Alimentação correspondia a 87,7% da cesta básica, porcentual que caiu para 81,8% de abril de 2020 a março de 2021.

"Em outras palavras, os créditos recebidos pelo trabalhador formal na forma do benefício alimentação passaram a comprar uma quantidade menor de produtos que compõem a cesta básica no período de análise", diz a nota enviada com exclusividade ao Broadcast.

Na análise mensal, o ponto máximo foi alcançado em novembro de 2019 (101,7%). A partir de agosto de 2020, entretanto, o estudo constatou um recuo progressivo da relação entre os valores de recarga e cesta básica, atingindo seu menor patamar em janeiro de 2021 (72,7%) - em janeiro de 2019 e de 2020, essa razão era de 89,1% e 83,3%, respectivamente.

Já no último mês disponível da série, em maio de 2021, a relação mostrou ligeira recuperação (76%) frente à mínima de janeiro.

Os pesquisadores da Fipe notam a aceleração importante do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) no último ano e destacam que os resultados apurados estão em linha com outras evidências e considerações relacionadas aos efeitos da crise sanitária sobre a renda e o emprego no Brasil.

Em resumo, dizem que os dados são compatíveis com crise enfrentada por segmentos e atividades de serviços, bem como o quadro de vulnerabilidade e incerteza dos trabalhadores, seja pela ameaça do desemprego, pelo encarecimento dos itens importantes para alimentação e sustento da casa, pelo endividamento e pela inadimplência, por exemplo.

"A análise do uso de benefícios voltados para a alimentação permite a compreensão de hábitos de consumo de fatias relevantes da população. Os vales, ou vouchers, podem contribuir de forma importante para o orçamento doméstico, aumentando a renda disponível para outros gastos, inclusive para o pagamento de contas e dívidas. Para as famílias de renda mais baixa, mais expostas ao desemprego e à queda no poder de compra motivada pelo avanço da inflação, a situação é mais dramática", reforça Cesário Nakamura, presidente da Alelo.

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