Minhas Finanças

Cosan e Cyrela são as ações mais arriscadas do Ibovespa

Empresas estão no topo do ranking das companhias que mais sofrem com o sobe-e-desce do mercado acionário

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Agosto promete ser um mês de grande agitação no mercado acionário. As dúvidas quanto ao setor de crédito imobiliário nos Estados Unidos, que movimentaram as bolsas de todo o mundo em julho ( clique aqui e saiba mais), ainda devem provocar muito sobe-e-desce neste mês, deixando os investidores de cabelos em pé. No Brasil, acionistas de empresas como Cyrela e Cosan precisarão ter coração forte. As duas estão no topo do ranking das ações mais arriscadas do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e são as que mais sofrem com as oscilações do mercado.

Num cenário de queda de 10% no Ibovespa, as ações das duas companhias recuariam 13,95% e 12,97%, respectivamente, segundo levantamento realizado pela consultoria Cyrnel Internacional, a pedido do Portal EXAME. Em compensação, se a Bolsa subisse 10%, os papéis das duas empresas teriam a maior valorização entre as ações do índice, subindo 13,95% e 12,97%, respectivamente. (veja tabela abaixo).

Um ponto comum explica parcialmente por que essas duas empresas sentem tanto o vai-e-vem do mercado. Ambas estão em fase de consolidação e embutem no preço de suas ações expectativas quanto a resultados futuros. "Os setores imobiliário e de biocombustíveis ainda estão em desenvolvimento no Brasil e não há muitas certezas quanto ao fluxo de caixa das empresas que operam nesses segmentos", afirma o gestor de Renda Variável da Mellon Global Investment Brasil, André Jakurski. A mesma análise é válida para as empresas de tecnologia, como a Submarino, que aparece na sétima colocação no ranking das mais voláteis.

Mas não é apenas o setor de atuação da empresa que determina sua volatilidade. Nas quarta e quinta posições da lista estão os papéis de uma das maiores e mais tradicionais companhias brasileiras: a Vale do Rio Doce. Nesse caso, são os negócios recentes da empresa que fazem com que os preços de suas ações subam ou desçam com maior força que o Ibovespa. "A volatilidade da Vale aumentou depois que ela comprou a Inco. O níquel está apresentando muita variação de preço no mercado e isso impacta a avaliação da companhia", diz Jakurski.

Negócio de risco

Ao contrário do que leva a crer o senso comum, as empresas que apresentam grande sensibilidade às variações do Ibovespa não são necessariamente as mais arriscadas. Das dez ações mais voláteis, apenas três fazem parte do ranking das que têm maior potencial de perda (veja na tabela abaixo). "A volatilidade é apenas um dos parâmetros de risco de uma ação. Outros fatores, como o tamanho da empresa, seu endividamento e sua receita também contribuem para o risco do papel", diz o analista da Cyrnel International, Carlos Werneck.

Cosan e Cyrela, além de serem as mais suscetíveis às oscilações do mercado, apresentam os dois maiores índices de risco - 2,91 e 2,75 vezes o Ibovespa, respectivamente. Como ambas fazem parte de setores que ainda estão em desenvolvimento no país, é natural que o risco seja maior que o de companhias de segmentos já consolidados, como saneamento básico, energia e bancos.

As empresas que produzem etanol têm boas perspectivas para o futuro, com o crescimento da frota de veículos bicombustíveis e o aumento do interesse dos governos por combustíveis alternativos. No entanto, a falta de infra-estrutura para exportação e a instabilidade do preço do combustível no mercado internacional elevam o risco do setor. "Qualquer mudança na safra altera o faturamento das empresas e, consequentemente, o retorno para o investidor", diz um analista que prefere não se identificar. Soma-se a isso as particularidades de cada empresa que, no caso da Cosan, envolve o desgaste gerado pela polêmica em torno de sua reestruturação acionária ( clique aqui e saiba mais).

Já o setor de construção civil é um dos que mais cresceram nos últimos meses, contabilizando somente este ano o ingresso de mais de dez empresas na Bovespa. A expansão do crédito imobiliário e a melhora nas condições de emprego e renda da população impulsionaram o setor que, segundo especialistas, ainda tem um grande potencial de crescimento. Um ponto, porém, torna o segmento bastante sensível. "Ele é o primeiro a desacelerar em caso de recessão e o último a se recuperar quando a economia volta a crescer", afirma o estrategista de investimentos pessoais do ABN Amro Asset Management, Aquiles Mosca. A Cyrela, única incorporadora a fazer parte do Ibovespa, tem como foco de atuação imóveis de alto padrão, fugindo daquela que é considerada pelos especialistas a grande oportunidade do setor: habitação para baixa renda. "As vendas da Cyrela em relação ao seu valor de mercado são bastante baixas. A empresa é avaliada em 7,4 vezes o seu faturamento, enquanto uma Vale do Rio Doce, por exemplo, tem seu valor de mercado estimado em 4,2 vezes as suas receitas", diz o gerente de Pesquisa da Planner Corretora, Ricardo Tadeu Martins.

O estudo aponta, ainda, quatro empresas de telecomunicações entre as dez mais arriscadas: Telemar, Vivo, Brasil Telecom e TIM. O setor é considerado um dos mais complicados pelos analistas em função de seu processo de reestruturação, que encontra-se em andamento. "Muitas fusões e aquisições devem acontecer até que o setor se consolide. As empresas devem unir forças para competir no mercado", diz a analista da Ativa Corretora, Luciana Leocadio.

Ontem, a Vivo, que é controlada pela Telefonica e pela Portugal Telecom, anunciou a compra da mineira Telemig e da Amazônia Celular. A Claro, que pertence à mexicana América Móvil, e o Grupo Oi, do qual a Telemar faz parte, também estavam na disputa ( clique aqui e saiba mais). Há menos de um mês, a Telecom Italia vendeu sua participação na Brasil Telecom para uma associação de fundos de pensão liderada pela Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e para o Citigroup. O negócio, segundo especialistas, deve intensificar as conversas para uma fusão entre a Brasil Telecom e o Grupo Oi.

Com a união entre as empresas, estima-se um crescimento na oferta de pacotes de serviços integrados, que incluem telefonia móvel e fixa, internet e TV a cabo, intensificando ainda mais a concorrência no setor. O que todos buscam saber agora é qual será o desdobramento de todos esses negócios.

As 10 mais voláteis do Ibovespa
Empresa

Se o Ibovespa caísse 10% (em %)

Se o Ibovespa subisse 10% (em %)

Cyrela ON-13,9513,95
Cosan ON

-12,97

12,97

Usiminas PNA

-12,60

12,60

Vale ON

-12,03

12,03

Vale PNA

-11,96

11,96

CSN ON

-11,09

11,09

Submarino ON

-11,07

11,07

Petrobras ON

-10,97

10,97

Petrobras PN

-10,83

10,83

Gerdau PN

-10,79

10,79

Fonte: Cyrnel Internacional

 

As 10 menos voláteis do Ibovespa
Empresa

Se o Ibovespa caísse 10% (em %)

Se o Ibovespa subisse 10% (em %)

Aracruz

PNB

-6,26

6,26

Telesp PN

-6,28

6,28

Embraer ON

-6,46

6,46

VCP ON

-6,70

6,70

Sadia PN

-6,74

6,74

Souza Cruz ON

-6,74

6,74

Brasil Telecom ON

-6,86

6,86

Telemig PN

-6,89

6,89

Celesc PNB

-7,00

7,00

Ipiranga PN

-7,09

7,09

Fonte: Cyrnel Internacional

 

 

As 10 mais arriscadas do Ibovespa
Empresa

Vezes mais arriscada que o Ibovespa

Cosan ON

2,91

Cyrela ON

2,75

Telemar ON

2,55

Vivo PN

2,53

Submarino ON

2,49

Brasil Telecom PN

2,47

Sabesp ON

2,45

Lojas Renner ON

2,37

TIM ON

2,37

Sadia PN

2,28

Fonte: Cyrnel Internacional

 

As 10 menos arriscadas do Ibovespa
Empresa

Vezes mais arriscada que o Ibovespa

Embraer ON

1,61

Ambev PN

1,61

Acesita PN

1,68

Petrobras PN

1,69

Petrobras ON

1,71

Bradesco PN

1,72

Itaú PN

1,74

Comgás PNA

1,75

Telesp PN

1,76

CPFL ON

1,76

Fonte: Cyrnel Internacional
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