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Coronavírus não poupa rentabilidade dos fundos de previdência

Levantamento feito pela Magnetis mostra que, de 1.521 fundos analisados 79,7% tiveram resultado negativo no primeiro trimestre

Dinheiro: apesar do trimestre difícil para a maioria dos fundos previdenciários, a recomendação para o investidor é não se precipitar (Rmcarvalho/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de abril de 2020 às 09h07.

Última atualização em 6 de abril de 2020 às 16h15.

A preocupação com a mudança nas regras da aposentadoria, estabelecida pela aprovação da reforma da Previdência, resultou em um apetite maior dos investidores para planejar o próprio futuro. Em 2019, as contribuições em previdência aumentaram 23 4% em relação a igual período de 2018, somando R$ 11,5 bilhões, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

Naquele momento, o desempenho dos fundos de previdência também era motivo de empolgação: o ganho médio era de 11,1% e tudo indicava que 2020 não seria diferente. Até surgir a crise do coronavírus .

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A pandemia colocou o mercado financeiro de cabeça para baixo e o investidor que olhou sua carteira de fundos previdenciários, principalmente em março, se deparou com um cenário assustador.

Levantamento feito pela Magnetis Investimentos mostra que, dos 1.521 fundos abertos para captação que já fecharam os dados do 1º trimestre, 79,7% tiveram resultado negativo e registraram quedas de até 40% na rentabilidade.

"Quanto maior a porcentagem de renda variável no fundo de previdência, maior será o risco. Isso significa que a possibilidade de perda também é ampliada, principalmente em cenários de alta volatilidade", diz Gilvan Cândido, coordenador de MBA de Previdência Complementar da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Dos dez fundos de previdência com o pior desempenho no primeiro trimestre de 2020, nove são de ações e um de multimercados. "A queda do Ibovespa causada pelo coronavírus afetou praticamente todas as ações", diz Ana Carolina Barroso, gerente de produtos da Ágora Investimentos. "Portanto, os fundos de previdência com maior concentração nesse tipo de ativo também acompanharam a queda."

Apesar da menor exposição ao risco e da performance mais estável nem todos os fundos de renda fixa conseguiram se salvar e fechar o trimestre com bom desempenho. Mas os motivos são outros. O pânico no mercado fez os juros futuros fecharem em alta, o que provocou a queda no preço dos títulos prefixados, assim como os papéis ligados à inflação. Fundos de previdência de renda fixa com muitas posições em crédito privado também sofreram.

A queda dos fundos mais conservadores pegou muitos investidores de surpresa, principalmente os menos experientes. "Muitos ainda acham que é impossível perder dinheiro na renda fixa", diz Marcelo Flora, sócio do BTG Pactual. Entre os planos previdenciários de renda fixa do BTG Pactual, a maior queda no trimestre foi de 12,37%, em um fundo com maior parte dos ativos atrelados à inflação. A maior alta foi de 0,97%, em um fundo composto por Tesouro Selic.

Alguns ainda sobreviveram ao caos. O fundo com o melhor desempenho do trimestre foi um multimercado do Itaú, com alta de 8,73%. A carteira é 99,89% formada por títulos públicos e com posições compradas em dólar. É importante lembrar que a moeda estrangeira acumulou valorização de 15,92% ante o real somente no mês de março. "Esse foi um dos poucos ativos que tiveram uma alta significativa no período", diz Marcelo Romero, diretor da Magnetis.

Diante de um ambiente recheado de incertezas, a tendência é que grande parte dos fundos que tiveram queda reavalie seus ativos. "Agora é hora de diversificar os investimentos, encurtar as posições em renda fixa e em ações e olhar para empresas que possam ter colchão de liquidez e mais capacidade de enfrentar a crise", diz Marcelo Toledo, superintendente da Bradesco Asset Management (Bram).

Apesar do trimestre difícil para a maioria dos fundos previdenciários, a recomendação para o investidor é não se precipitar. Essa queda não significa o fim da sua aplicação de previdência, mas é uma boa hora para reavaliar o perfil de risco. "Passamos por um período de crescimento e otimismo, então o risco saiu do radar do investidor comum", diz Cruz, da Bradesco Seguros. "O problema é que o risco nunca deixa de existir e, quando ele vem, os impactos são bastante severos."

Para Cândido, da FGV, a previdência é quase como uma poupança de longo prazo. "Os investidores não devem ficar nervosos com oscilações do mercado em períodos curtos, pois a tendência é que os preços se recuperem", diz. Flora, do BTG, tem a mesma recomendação. "Não é o momento de abrir mão dos fundos de previdência. Eles são mais benéficos no longo prazo.

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