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Concorrente da Avenue, plataforma australiana Stake é lançada no Brasil

Sócios querem incentivar investimento direto em ações nos Estados Unidos em momento de maior acesso a BDRs

Plataforma oferecerá corretagem zero para número ilimitado de operações (Stake/Reprodução)

Plataforma oferecerá corretagem zero para número ilimitado de operações (Stake/Reprodução)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 05h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 14h24.

Fundada em 2017 na Austrália com o objetivo de dar acesso ao mercado de ações dos Estados Unidos para investidores, a plataforma Stake chega ao Brasil. Os investidores terão acesso à mais de 3,8 mil ações e ETFs listadas na bolsa americana, sem taxa de corretagem para operações ilimitadas.

A Stake tem 150 mil clientes na Nova Zelândia, Reino Unido e em seu país de origem e é concorrente direta da Avenue, corretora também com foco em investimento em ações diretamente no exterior fundada por Roberto Lee.

Mas enquanto a Avenue tem licença para operar como corretora nos EUA, a Stake é apenas uma plataforma associada a corretoras nos EUA (DriveWealth), na Austrália (SanLam), e registrada na FCA na Inglaterra, diz Paulo Kulikovsky, diretor de operações para América Latina na Stake. "Por não distribuirmos para clientes nos EUA, não é necessário ser uma corretora. Os ativos dos clientes estão sempre sob custódia da DriveWealth, coberto por toda a regulação americana e seguros americanos."

Mas o serviço de ambas é semelhante: basta que o investidor se cadastre online e transfira valores em reais para começar a aplicar lá fora. A Stake gerencia a remessa ao exterior. Para isso, há um spread cambial cobrado por um parceiro, de 2%, no depósito e na retirada. O site é em português, assim como o suporte ao cliente.

Na Stake, os rendimentos podem ser reaplicados em dólar na carteira sem custo. O investidor não precisa converter os valores em reais se reinvestir em dólares novamente.

Kulikovsky, que tem experiência em startups de tecnologia, explica que as conversas com a CVM para viabilizar a operação no país começaram em 2018. O lançamento da plataforma era para, na verdade, ter ocorrido em fevereiro de 2019. Mas a corretora decidiu ser mais cautelosa em relação à regulação e adiar a estreia no mercado. "Não vemos problema de ter chegado com atraso. O mercado tem espaço para mais uma opção nos segmento. Dos 3 milhões de CPFs cadastrados na bolsa de valores, a estimativa é de que nem 10% opere na bolsa americana."

A Avenue realizou uma parceria com a Vitreo para poder divulgar aos brasileiros o seu serviço, já que a plataforma é sediada nos Estados Unidos. Também por questões regulatórias, a Stake decidiu pelo mesmo arranjo: para divulgar e prospectar clientes no país, buscou uma parceria com a corretora Ativa.

Mas a ideia, diferente da concorrente, que tem pacotes de corretagem gratuitos e também pagos, conforme a quantidade de operações realizadas, é seguir o modelo da americana RobinHood. "A ideia é ter uma mensalidade de 9 dólares, por exemplo, e continuar sem cobrar corretagem para operações limitadas, mas dar benefícios e facilidades aos clientes, como operar com margem (alavancado) e opções". A nova corretora também aposta na usabilidade do seu app.

Além de chegar com atraso em relação à concorrente, a Stake é lançada no país em um momento no qual os BDRs se tornam mais acessíveis para pequenos investidores. Kulikovsky concorda que é um substituto à compra direta de ações lá fora, mas argumenta que para o investidor que realiza mais operações, tem um portfólio maior e busca maior liquidez, o investimento direto ainda será atrativo.

O processo de análise tanto do modelo de negócios da Stake quando da Avenue, que consiste em ter uma plataforma ou corretora sediada no exterior prospectando clientes no Brasil, ainda não foi encerrado na CVM.

No dia 22 de outubro de 2019 a Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI) consultou o colegiado da CVM sobre ambos os processos, e o colegiado pediu novas diligências. No momento, a SMI está ouvindo agentes do mercado sobre o assunto e, em breve, deve voltar com o tema ao colegiado.

A Stake diz operar com base no parecer de orientação número 33 da autarquia, emitido em 2005.

 

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