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Como se preparar para sobreviver a um colapso financeiro

Veja como preparar um plano pessoal de austeridade e saiba como lidar da melhor forma com eventuais prejuízos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 15h20.

São Paulo – Muito pior do que gastar algum tempo para pensar sobre como se preparar para ter prejuízos, é ter uma grande perda e não ter se preparado para isso. Fazer um planejamento para passar por situações adversas é um dos primeiros passos para quem busca alcançar o sucesso financeiro, já que só assim um grande percalço não acabará com as chances de alcançar esse objetivo.

Veja a seguir algumas sugestões de como se preparar para o pior:

Forme uma reserva financeira para situações de emergência

Essa é a dica básica e crucial para qualquer planejamento financeiro. A reserva de emergência, também chamada de colchão ou fundo de emergência é uma poupança formada para suportar financeiramente situações imprevisíveis, como a perda de emprego, problemas de saúde ou de família.

Especialistas recomendam que a reserva tenha o equivalente a, no mínimo, seis meses de despesas. “Em circunstâncias normais, quanto maior nível hierárquico do profissional, mais difícil é se recolocar no mercado. Então quanto mais elevada a posição dessa pessoa, mais tempo de reserva ela deve ter”, afirma o consultor financeiro André Massaro.

Se houver alguma pesquisa que informe o tempo médio de recolocação na área profissional do investidor, tanto melhor. Nesse caso, Massaro orienta que esse tempo médio seja considerado para se calcular a reserva necessária. Dependendo da carreira, uma reserva mais confortável poderá ter de durar um ano inteiro, por exemplo.

Onde investir para a reserva de emergência

Os investimentos mais indicados para formar essa reserva são os mais seguros e com maior liquidez (que permitem que os recursos sejam resgatados em pouco tempo). As aplicações que se encaixam nestes dois critérios são o Tesouro Direto, a poupança, os CDBs, que são os títulos de dívidas de bancos, e os fundos DI, fundos de investimento que aplicam em ativos de renda fixa remunerados pelo DI, taxa próxima à Selic.

Para Massaro, o Tesouro Direto é o "caminho natural" para a reserva de emergência e só não será a melhor opção se o investidor conseguir outro investimento entre os mencionados acima com uma remuneração mais vantajosa no seu banco.

A despeito do fato de o Tesouro Direto não ter liquidez diária - já que os títulos são comprados e vendidos somente às quartas-feiras -, ele defende que o pior que poderia acontecer seria uma perda na quinta-feira e a espera até quarta-feira para realização do resgate. “Em poucas situações há um risco altíssimo se o resgate não for feito no mesmo dia e, em último caso, é possível fazer um empréstimo com um familiar e pagá-lo em alguns dias”, diz o consultor.

E ele não acredita que seja necessário diversificar a reserva entre diferentes grupos de investimentos, mas recomenda a compra de diferentes títulos dentro do Tesouro Direto. “É preciso dar atenção a diversificação de prazos (mais curtos e mais longos) e juros (pré, pós ou indexado). O Tesouro Direto é mais interessante pois os títulos são garantidos pelo Tesouro sem limites, por isso não vejo problemas em ficar concentrado no Tesouro", opina Massaro.


Sobre as outras alternativas de investimento, ele considera que a poupança atualmente deva ser descartada por causa do seu rendimento, que está muito reduzido com a Selic em baixa. “Pode ser mais vantajoso investir em um CDB de uma instituição menor, que pague juros mais altos. Mesmo que seja preciso resgatar o investimento cedo e por isso seja preciso pagar mais imposto de renda, a rentabilidade líquida da operação pode facilmente superar a poupança”, afirma.

Ele acrescenta ainda que, apesar da liquidez diária da poupança, o investidor só resgata os rendimentos do mês se o saque for feito depois da data de aniversário. Isso não ocorre com CDBs e fundos DI, que têm rendimento diário de fato.

Os CDBs que podem ser uma alternativa fora do Tesouro Direto são os CDBs de bancos médios, que costumam ter uma remuneração melhor que a poupança, mesmo em prazos curtos. Apesar de mais arriscados que os CDBs de bancos grandes, esses títulos têm garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de quebra do banco. O valor máximo de reembolso é 70 mil reais por CPF por instituição financeira. Se a reserva somar mais do que esse valor em um único banco, é importante diversificar o investimento entre CDBs de diferentes bancos.

Por fim, os fundos DI também podem ser uma boa opção, mas apenas se sua taxa de administração for muito baixa e não superar 1% ao ano, o que eleva seu rendimento.

Visualize o que ocorreria se o pior acontecesse

Visualizar o possível prejuízo, como uma perda de emprego, é a melhor forma de saber como se preparar para isso. “Uma forma de reduzir a dor da perda de um emprego é ter um plano de austeridade preparado. Todo mês, os consumidores devem definir situações que os forçariam a cortar certas despesas”, recomenda Robert Stammers, diretor de Educação para Investidores do CFA Institute, associação responsável por uma das mais importantes certificações de profissionais de investimentos.

Defina os gastos que poderiam ser cortados

Listar os gastos que poderiam ser cortados, ou saber quais custos poderiam ser renegociados, por precaução, podem ajudar a agir rapidamente em uma eventualidade.

Segundo Stammers, a melhor dica para cortar gastos é começar pelos cortes menos dolorosos e só depois partir para os cortes mais duros. “Luxos e despesas de lazer, como comer fora e ir ao cinema, devem ser os primeiros da lista”, diz.

Ele acrescenta que alguns prestadores de serviços podem oferecer reduções de custos temporárias, para não perder o cliente. Mas, para isso, é preciso renegociar os custos antes que a situação fique tão complicada que o prestador não tenha mais interesse em manter o cliente. Um exemplo de gasto que pode ser diminuído, segundo Stammers, é o seguro, que pode ser reduzido por meio da comparação de preços, da renegociação do contrato ou da alteração dos limites e serviços prestados.

Defina quais ativos poderiam ser vendidos

O plano de austeridade também pode contemplar a venda de alguns ativos. Para Robert Stammers, se com o passar do tempo a situação continuar apertada, deve ser considerada a venda de um carro extra ou a redução do padrão de moradia, especialmente se a aposentadoria estiver próxima.

“É preciso ser racional e não tomar decisões desesperadas. Para tomar boas decisões você precisa ter calma e disciplina, o que é possível a partir de um planejamento e sabendo de antemão como e quando executar o seu plano de austeridade”, diz o diretor do CFA.


Incremente sua renda enquanto você não precisa

Segundo o diretor do CFA, o planejamento para contornar grandes perdas será tanto melhor, quanto maiores os esforços realizados em períodos de "vacas gordas". “Você já recusou trabalhos freelance ou outras oportunidades para fazer um dinheirinho extra porque as coisas iam bem e você não queria mais trabalho? Tente ser a formiga, que trabalha quando os tempos estão bons para não ter problemas nos tempos de vacas magras”, orienta.

Sobre o networking, aqui vale a regrinha clássica de que o melhor momento para investir em relacionamentos profissionais é quando você não precisa. “Desempregado você vai fazer networking de qualidade muito baixa porque não vai oferecer nada em troca”, comenta André Massaro.

Robert Stammers afirma que manter o contato com outros colegas dentro do seu mercado e outras pessoas que podem ser influentes é a melhor forma de descobrir novas posições e receber indicações profissionais, reduzindo dessa forma o tempo de recolocação. Fortalecer e criar novos relacionamentos profissionais também pode ser o melhor caminho para conseguir fontes de renda extra e trabalhos freelance.

Prepare-se psicologicamente para um recuo estratégico ou uma mudança

Além das questões práticas, também é preciso preparar-se psicologicamente para uma grande perda. Para isso, um dos primeiros passos é uma conversa com a família. “Muitos perdem emprego e não conseguem negociar cortes e uma mudança de padrão de vida com os familiares. Isso tem que ser acordado com a família antes de acontecer. É importante que todos se reúnam e que fique claro que, se um percalço financeiro acontecer, algumas coisas terão que mudar", orienta André Massaro.

Ele também afirma que é preciso entender que diante de uma grande perda de renda será necessário ter mais flexibilidade para aceitar, por exemplo, uma oportunidade de trabalho que pode não ser a mais desejada, ou uma mudança de cidade. Segundo ele, esse tipo de situação não deve ser considerada um retrocesso, mas sim um recuo estratégico para que um passo mais longo seja dado. “Nas finanças, a emoção é uma grande inimiga. Se a pessoa se revoltar e não for flexível, a situação pode piorar ainda mais", diz.

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