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Centenária, Zurich faz parceria para ofertar previdência privada digital

Desafio da seguradora e das fintechs parceiras Onze, Saks e Genial é digitalizar o processo de contratação dos planos privados de aposentadoria

Digitalizar e ampliar a cobertura: os principais desafios da Zurich para popularizar os planos de previdência privada (Ruben Sprich/Reuters/Reuters)

Digitalizar e ampliar a cobertura: os principais desafios da Zurich para popularizar os planos de previdência privada (Ruben Sprich/Reuters/Reuters)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 18 de maio de 2022 às 18h33.

Última atualização em 19 de maio de 2022 às 11h44.

Convencer um jovem de que planejar a vida financeira durante a velhice é tão importante quanto guardar dinheiro para sonhos de curto prazo é o desafio do setor de previdência. Além do obstáculo conceitual (o de planejar a vida após os 60 anos quando ainda se é jovem), há, também, um velho gargalo do segmento: o processo engessado de contratação.

Em pleno 2022, investir em um plano de previdência privada exige, muitas vezes, o preenchimento de fichas e formulários em papel. Parte disso se explica no próprio fato de que mais de 90% dos recursos aplicados em planos de aposentadoria privados ainda são geridos pelos grandes bancos, e ofertados da mesma maneira que eram há 20 ou 30 anos.

Apresentar um produto assim para um jovem é ainda pior do que convencê-lo de que é necessário planejar o futuro de longuíssimo prazo. Para a Zurich, seguradora com 150 anos de história, a busca para a solução do problema veio, em partes, de fora de casa.

"Fomos buscar parceiros que nos permitissem dar mais fluidez para o processo de contratação, e, em contrapartida, oferecemos a confiança de trabalhar com um produto de uma seguradora centenária", ponderou Rodrigo Barros, diretor executivo do segmento de Vida, Previdência e Capitalização da Zurich.

A empresa firmou parceria com fintechs do segmento de previdência (as chamadas prevtechs) para melhorar o alcance e o processo de contratação dos fundos. O objetivo é atingir não só os jovens, mas também um público que tradicionalmente não teria contato com o produto de aposentadoria privada, como funcionários de pequenas e médias empresas.

Embora nos últimos anos os canais de distribuição já tenham se multiplicado, principalmente com a disseminação das corretoras e plataformas de investimentos, a complexidade do próprio produto impõe um desafio adicional ao segmento.

"O produto, em si, não é simples. Quem contrata precisa entender se é melhor ter um PGBL ou um VGBL, qual a tabela de tributação mais adequada e quando fundo está em linha com seu perfil de risco. A complexidade começa já em entender do que se trata, e o grande desafio das seguradoras sempre foi de como oferecer o produto para o público", disse Luiz Bacellar, CEO da Saks, uma das parceiras da Zurich na empreitada.

Na etapa atual, além da Saks, a fintech Onze e a corretora Genial também farão a distribuição dos produtos da Zurich. Além de fundos da casa, produtos de gestoras independentes, como a ARX, também serão ofertados aos clientes por meio das parcerias.

Tudo na mão do cliente

Embora o objetivo seja o de digitalizar os planos de aposentadoria, é necessário garantir que, ainda que de forma simples, o cliente seja bem orientado. Por isso, as empresas da parceria criaram canais de atendimento para que, durante o processo de contratação, o investidor consiga pedir ajuda e sanar dúvidas.

"A plataforma é intuitiva suficiente para o investidor fazer a contratação sozinho, mas ele pode, se quiser, buscar um assessor para discutir a melhor solução", disse Sérgio Schwartz, head de seguros e previdência na Genial Investimentos.

O foco da Genial é reforçar a digitalização na plataforma para os clientes da corretora, e ofertar a previdência como um importante componente do plano de planejamento financeiro oferecido pela área de wealth da instituição.

Já a Onze empacota os planos de previdência em produtos com perfil B2B. A oferta de previdência privada por empresas aos seus colaboradores ainda é bastante limitada a grandes companhias, e o objetivo da Onze é atingir também os pequenos e médios negócios.

"Com a parceria, uma empresa que tem 10 mil colaboradores e uma empresa que tem apenas dois colaboradores poderão ofertar os mesmos planos de previdência aos seus funcionários", explicou Rodrigo Neves, COO da Onze.

Previdência privada e Open Finance

Além das apostas em estratégias para captar novos clientes, a Zurich e suas parceiras estão de olho no grande pedaço da "pizza" que está no prato dos bancos. Na segunda etapa do projeto, o grande foco será o incentivo da portabilidade de previdência privada.

"O Open Finance vai nos ajudar a trazer para o mundo digital parte dos 13 milhões de brasileiros que já têm planos de previdência contratados, e que quase nunca se sentem bem atendidos pelos bancos", observou Bacellar, da Saks.

O Open Finance, sistema de compartilhamento de dados gerenciado pelo Banco Central, vai permitir que um cliente possa levar seu plano de previdência de uma instituição para a outra de forma bem mais simples. Hoje, a portabilidade costuma ser complexa e morosa.

"A previdência privada tem essa flexibilidade. Ela permite que o participante troque de plano, escolhendo a estratégia que faz melhor sentido para o seu momento de vida, sem ter que resgatar os recursos e nem pagar impostos", lembrou Schwartz, da Genial.

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