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Captação líquida da poupança foi a menor desde 2016

Na comparação com 2018, o saldo entre os depósitos e os saques dos correntistas nessa categoria de investimento caiu 35% em 2019

 (kwanchaichaiudom/Thinkstock)

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AO

Agência O Globo

Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 16h31.

Última atualização em 7 de janeiro de 2020 às 17h36.

Aplicação mais popular entre os brasileiros, a caderneta de poupança encerrou o ano de 2019 no azul, mas a captação líquida, ou seja, o saldo entre os depósitos e os saques dos correntistas nessa categoria de investimento, foi o menor dos últimos três anos. No ano passado, os depósitos superaram os saques em R$ 13,2 bilhões, pior dado desde 2016, quando R$ 40,7 bilhões foram retirados das cadernetas, informou o Banco Central (BC) nesta terça-feira.

Na comparação com 2018, a captação líquida da poupança caiu 35% em 2019. Naquele ano, R$ 38,2 bilhões foram destinados pelos correntistas a essa categoria de investimento, ainda de acordo com os dados do BC.

Ao longo de todo o ano passado, os depósitos somaram R$ 2,475 trilhões, e os saques R$ 2,461 trilhões. Com mais ingressos do que retiradas, o volume total aplicado na caderneta de poupança fechou 2019 com R$ 845,4 bilhões. Dessa perspectiva, o cenário da poupança cresceu, já que em 2018 o saldo ficou em R$ 797,2 bilhões.

Boa parte do aumento no saldo se deve aos rendimentos que são creditados nas contas - e que também são contabilizados no estoque final da poupança. Em 2019, eles somaram quase R$ 35 bilhões.

Hoje, a poupança é remunerada por 70% da Selic, a taxa básica de juros da economia, que está em seu menor patamar histórico - 4,5% ao ano. Essa regra de remuneração vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,5% ao ano.

Com a queda da Selic e o consequente rendimento menos atrativo da poupança, a tendência é que os recursos dos brasileiros migrem para outros tipos de investimento, a exemplo de fundos imobiliários e a Bolsa de Valores.

Segundo Miguel Ribeiro, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), o resultado de 2019 veio dentro do esperado pelo mercado, e só foi possível graças à captação positiva da poupança no mês de dezembro, que tradicionalmente registra uma entrada maior de recursos, por conta do pagamento do 13º salário.

Dos doze meses do ano, seis deles registraram captação líquida negativa, ou seja, mais saques do que depósitos.

No mês passado, a captação líquida ficou em R$ 17,2 bilhões, melhor dado para o mês desde 2017, quando a diferença entre entradas e saídas foi positiva em R$ 19,3 bilhões de reais. Uma pequena parte do ganho pode ser um reflexo da liberação dos recursos do FGTS, explica o especialista.
"Muita gente usou o FGTS para pagar dívidas, mas também para guardar dinheiro", diz Ribeiro.

Ainda de acordo com Ribeiro, a queda dos juros básicos da economia (Selic), hoje em 4,5% ao ano, menor patamar histórico, vai mudar significativamente o cenário da poupança em 2020.

"Daqui para frente a história vai ser diferente. O ambiente ainda é de uma economia andando de lado, e com desemprego alto. Com isso, há menos pessoas conseguindo guardar dinheiro de um lado, e de outro lado, tendo que sacar dinheiro para sobreviver".

Frente a esse cenário de Selic baixa, a poupança vai perder (em rendimento) para a inflação, então vai ter cada vez mais gente sacando dinheiro e indo para outros tipos de investimento, buscando retorno maior.

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