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Brasil terá segundo melhor ano em ofertas de ações

Somente as ofertas já anunciadas somam cerca de R$ 44 bilhões

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

O ano de 2007 ficou marcado pelo "boom" de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) na bolsa de valores brasileira. Mais de 60 empresas realizaram abertura de capital na época e cerca de 70 bilhões de reais foram levantados; quantia recorde na história da Bovespa. De acordo com os analistas do mercado, tudo indica que 2009 será o segundo melhor ano em captação de recursos no mercado de capitais. Somente os acordos já anunciados somam cerca de 44 bilhões de reais -- e a expectativa é de que outras virão por aí.

O Banco Santander saiu da fila de espera e realizou a maior oferta pública do ano no mundo. A operação levantou 14,1 bilhões de reais, tornando-se a maior oferta da história do mercado acionário brasileiro, ultrapassando a vultosa captação de 8,397 bilhões de reais da Visanet. Para os investidores, a sensação inicial foi de frustração. Os papéis caíram 3,74% no primeiro dia de negociação.

A queda, no entanto, não refletiu o apetite dos investidores pelos papéis. A estimativa é que a demanda tenha sido dez vezes superior á oferta. O arrefecimento da crise global e a retomada do crescimento econômico brasileiro, principalmente a partir do segundo semestre do ano, têm valorizado as ações de empresas brasileiras -- tornando um bom negócio para as empresas levantar capital com ofertas públicas. "Muitas companhias estavam se preparando para realizar ofertas desde 2007. Porém, a crise chegou e elas brecaram seus planos. Aquelas que passaram bem pela turbulência estão voltando ao mercado acionário", afirmou Saulo Sabbá, diretor de mercado de capitais do banco de investimento Máxima.

Ofertas públicas de ações registradas em 2009
Empresa
IPO
Início da negociação
Volume total (R$)
Redecard
Não
26/03/09
2.212.895.370,00
MRV
Não
25/06/09
722.137.500,00
Visanet
Sim
29/06/09
8.397.208.920,00
BR Malls
Não
03/07/09
835.857.045,00
Light
Não
15/07/09
772.091.520,00
Hypermarcas
Não
16/07/09
793.500.000,00
BRF Foods
Não
23/07/09
5.290.000.000,00
Natura
Não
03/08/09
1.505.104.891,50
Tivit
Sim
28/09/09
660.751.680,00
Multiplan
Não
28/09/09
689.000.000,00
PDG Realty
Não
02/10/09
784.000.000,00
Rossi Residencial
Não
02/10/09
928.125.000,00
Banco Santander
Sim
07/10/09
14.100.000.000,00
Total:   
37.690.671.927

 

Oferta de ações em análise na CVM e ANBID
(emissões iniciais e de empresas já listadas)
Empresa
Setor
Valor da operação (em R$ milhões)
Gol Linhas Aéreas
Aéreo
Não informado
JBS USA Holding
Alimentos
Não informado
Marfrig
Alimentos
Não informado
Direcional Engenharia
Construção
Não informado
Brookfield Incorporações
Construção
Não informado
CCR
Construção
989.343
Cyrela
Construção
Não informado
Cetip
Financeiro
Não informado
Brazilian Finance & Real State
Financeiro
Não informado
Aliansce Shopping Centers
Shopping
Não informado
Iguatemi
Shopping
400*
*Pretensão das empresas

(Continua) 


Sabbá afirma que as construtoras Rossi Residencial e PDG Realty são exemplos de empresas que já estavam programando novas ofertas de ações na bolsa há algum tempo, mas esperaram uma boa janela de oportunidade. Ambas efetuaram ofertas públicas no início de outubro. Segundo analistas, isso comprova o período de bonança por que o país atravessa, pois o setor de construção civil foi um dos mais impactados pela crise financeira mundial.

Diferenças entre 2007 e 2009

Muita coisa mudou no mercado entre a euforia de 2007 e a atual sensação de que a crise acabou no Brasil. Na opinião do advogado Carlos Motta, especialista em aspectos regulatórios do mercado de capitais do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, a principal diferença está no perfil das empresas ofertantes. O "boom" do mercado em 2007 foi marcado pela entrada maciça de novas companhias na bolsa enquanto hoje a maior parte das ofertas é realizada por empresas que já estão na bolsa.

Há dois anos, diz ele, a disseminação da cultura de investimentos e o avanço das práticas de governança corporativa estavam começando a nascer. Grande parte das novatas da bolsa era administrada por pequenos empresários que ainda não estavam familiarizados com os procedimentos das ofertas públicas. Além disso, eles não entendiam a importância de manter um bom relacionamento com os analistas de mercado. "Na ocasião, diversas empresas não entregaram o que prometeram. Elas tinham pouca visibilidade no mercado, tanto nacional como internacional", disse Motta.

Outro fator que tem que ser levado em consideração quando comparamos o auge das operações na Bovespa em relação a 2009 é quanto ao valor dos negócios. Naquela época, as ofertas giravam em torno de 300 a 500 milhões de reais. Hoje em dia, o levantamento mínimo tem sido cerca de 700 milhões de reais. Além disso, Visanet e Santander fizeram as ofertas mais volumosas da história do pregão brasileiro. "Este cenário é totalmente influenciado pela crise. As empresas ofertantes de hoje são mais estruturadas, possuem maior liquidez e têm maiores condições de absorverem os riscos do pregão", afirmou Motta. (Continua)


Investimento estrangeiro

Mesmo em meio a um cenário econômico ainda incerto, mais de 70% da demanda pelas ofertas na Bovespa vem do capital estrangeiro. Para Sabbá, isso pode ser explicado devido à queda de juros no mundo inteiro e também pela necessidade dos investidores diversificarem os seus investimentos. "O capital externo escolhe países emergentes como o Brasil para, além de lucrar, se proteger", disse Sabbá.

Dessa forma, segundo ele, se não houver nenhum fator externo que modifique a tendência de crescimento do índice Ibovespa, que já passou a faixa dos 60 mil pontos no mês de setembro, não há porque se preocupar em começar a vender os papéis.

De acordo com Carlos Nunes, da corretora do HSBC, no segundo semestre do ano houve uma clara mudança nas expectativas de lucros das empresas no Brasil, especialmente para aquelas que possuem maior exposição ao mercado interno. O Bank of America-Merrill Lynch, por exemplo, acredita que os lucros das empresas da Bovespa vão crescer impressionantes 26% em 2010.

Para a analista Kelly Cristina Trentin, da corretora SLW, as ações ligadas ao mercado interno serão bastante favorecidas pela manutenção de um bom nível de emprego, taxa de juros baixa, maior disponibilidade de crédito a um menor custo e melhora da confiança do consumidor. Se os analistas estiverem certos e atual cenário de otimismo perdurar, muitas empresas devem levantar recursos na Bovespa nos próximos meses.

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