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As ações que ganham e perdem com as novas normas contábeis

Itaú BBA diz que empresas como a Petrobras e a Light poderão ser beneficiadas com a obrigatoriedade da adoção do IFRS na elaboração de balanços

Light: empresa pode ser beneficiada pela mudança nas normas contábeis (Bia Parreiras/EXAME)

Light: empresa pode ser beneficiada pela mudança nas normas contábeis (Bia Parreiras/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 05h36.

A partir deste ano, todas as instituições financeiras, as companhias de capital aberto e as empresas com faturamento bruto anual de mais de 300 milhões de reais ou ativo total superior a 240 milhões serão obrigadas a divulgar seus balanços de acordo com o IFRS (International Financial Reporting Standards, ou normas internacionais de contabilidade). Muita gente no mercado acredita que isso não deveria ter o menor impacto no valor de uma empresa, já que nenhuma delas passará a fazer negócios de forma diferente. A única mudança é no que ficará registrado nos livros de cada uma.

A realidade, entretanto, é um pouco mais complexa. A mudança na norma contábil tem como objetivo tornar mais fácil a comparação dos números de empresas brasileiras e estrangeiras. Muitos analistas e investidores tomam como base os dados divulgados pelas empresas para calcular o valor justo de suas ações. Mudanças que possam afetar o lucro líquido, o Ebitda e ou valor patrimonial de uma empresa, portanto, podem sim afetar as cotações.

Em um relatório intitulado "Quem tem medo do IFRS", a equipe de analistas do Itaú BBA, chefiada por Carlos Constantini, procurou avaliar qual será o impacto em cada setor a partir deste ano. As alterações são de difícil compreensão para quem não está acostumado com jargões de contabilidade ou com a análise de balanços financeiros. O mérito do trabalho é apontar quais empresas podem ser afetadas e quando não há o que temer. Veja abaixo as principais conclusões:

Petrobras: A estatal deve se beneficiar com a mudança. O IFRS permite que a Petrobras aumente a capitalização dos juros da dívida, o que reduzirá as despesas financeiras de curto prazo.

Comgás: A volatilidade dos resultados da empresa deve crescer. Os custos do gás atualmente são contabilizados a preços correntes – e não como definido pelo contrato de concessão. A "conta corrente regulatória" deixará de ser usada para registrar a diferença entre os dois preços.

Setor elétrico: As empresas de distribuição de eletricidade serão as mais afetadas, na visão do Itaú BBA. O impacto, no entanto, será positivo em oito das nove empresas analisadas. As mais beneficiadas serão a Light, a Equatorial e a Eletropaulo, nessa ordem. A principal mudança provocada pelo IFRS é que ativos e passivos regulatórios (usados para compensar flutuações em custos não-administráveis) serão retroativamente eliminados a partir de janeiro de 2009. Por esse motivo, o Itaú BBA espera uma maior volatilidade nos resultados das companhias, mas não acredita em mudanças na cotação das ações. O pagamento de dividendos também pode ter mudanças significativas de um ano para o outro.


Setor imobiliário: O impacto do IFRS é bem maior sobre as empresas de construção de residências do que para as companhias que administram shopping centers. Mesmo assim, uma nova interpretação das regras permitiu que o impacto fosse bastante suavizado. Inicialmente havia a expectativa de que as companhias do setor tivessem que passar a lançar em seus balanços a receita com a venda de imóveis apenas no momento da entrega das chaves, de uma única vez. No entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entendeu que as empresas continuarão a lançar paulatinamente no balanço o percentual da obra correspondente ao que já foi executado.

Agronegócio: O IFRS muda a contabilidade de ativos biológicos (como plantações). Se subirem os preços de mercado desses ativos, haverá um impacto positivo no balanço das empresas, e vice-versa. É importante lembrar que não há alteração no valor que entra no caixa da empresa – a mudança é apenas contábil.

Telecomunicações e tecnologia: Telesp, Totvs e Vivo já apresentam os resultados de acordo com o IFRS. A Oi ainda não faz isso nem mensurou todos os possíveis impactos, mas já declarou que não identificou grandes mudanças até agora. A TIM implementará as mudanças no balanço do quarto trimestre, que sai nas próximas semanas. A empresa vai capitalizar os subsídios à venda de aparelhos e amortizá-los de acordo com a duração do contrato do assinante. A mudança terá impacto positivo na margem Ebitda. É bom lembrar que a comparação entre as margens das operadoras exigirá ajustes.

Concessionárias de rodovias: O Itaú BBA chama a atenção para o fato de que as empresas do setor declaram determinados números de forma diferente. Concessões públicas não pertencem a uma empresa e, por isso, devem ser registradas nos livros como ativos intangíveis. Em relação ao componente fixo das concessões, a CCR registra isso como despesas enquanto a OHL e a Ecorodovias capitalizam a porção fixa e fazem amortizações trimestrais desse valor. Portanto, diz o Itaú BBA, é necessário ajustar a margem Ebitda das empresas antes de fazer comparações entre elas.

Commodities: A mudança é neutra para a Vale porque os investidores já prestam mais atenção aos resultados divulgados em US GAAP (padrão contábil americano). No setor de siderurgia, Usiminas e Gerdau já utilizam o IFRS. As empresas de papel e celulose também fizeram a adaptação da maioria dos novos padrões em balanços anteriores.

Setor financeiro: Não são esperadas mudanças nem nas cotações nem nos dividendos pagos pelos bancos. As regras contábeis das instituições financeiras seguem determinação do Banco Central.

Consumo, saúde e educação: A maioria das empresas já apresenta resultados sob o IFRS.

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