Mercado Imobiliário

Aluguéis têm queda real no primeiro trimestre de 2015

Índice FipeZap de Locação aponta redução de 3% do valor médio anunciado para aluguéis novos em nove cidades brasileiras


	Chave de casa: Índice FipeZap aponta redução de 3% no valor médio de novos contratos de aluguéis
 (ThinkStock/inxti)

Chave de casa: Índice FipeZap aponta redução de 3% no valor médio de novos contratos de aluguéis (ThinkStock/inxti)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2015 às 05h08.

São Paulo - O preço médio anunciado para aluguéis de apartamentos em nove cidades do Brasil registra queda real (variação menor do que a inflação) de 3% nos três primeiros meses do ano, de acordo com o Índice FipeZap de locação. 

Enquanto o valor anunciado para o aluguel das unidades aumentou 0,85% de janeiro a março, a inflação, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 3,83% no período.

O índice considera apenas os preços médios anunciados em novos contratos de aluguéis no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Santos, Porto Alegre, Campinas, Salvador, São Bernardo do Campo e Curitiba.

O indicador não mede as variações de custos dos contratos em vigor, que são reajustados pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e outros indicadores.

Nos últimos 12 meses, a queda real do preço dos aluguéis é de 6,11%: entre março de 2014 e março deste ano, o preço médio praticado nos novos contratos de locação teve alta de 1,53%, enquanto o IPCA registrou aumento de 8,13%.

Em março, os custos dos aluguéis aumentaram 0,31%, alta menor do que a registrada no mês anterior, de 0,38%. No período, Salvador e São Bernardo do Campo registraram as maiores altas de preços anunciados para locação das unidades, em média, enquanto Santos e Curitiba tiveram as maiores quedas. 

Segundo Eduardo Zylberstajn, economista da Fipe responsável pelo índice, a queda real dos preços anunciados para novos aluguéis é reflexo da queda da demanda pela locação de imóveis. “Estamos vivendo um cenário de aumento do desemprego e queda de renda. A crise da economia está contaminando o mercado imobiliário”. 

De acordo com o FipeZap, o preço médio de locação mensal anunciado nas nove cidades em março foi de 34 reais por metro quadrado, o equivalente a um aluguel de 2.040 reais para um imóvel de 60 metros quadrados.

Veja na tabela a seguir a variação dos preços dos aluguéis em março, fevereiro e nos últimos doze meses. A lista foi ordenada de forma decrescente pela variação em março.

Região Variação em março Variação em fevereiro Variação nos últimos 12 meses
Salvador 2,07% 0,09% -1,69%
São Bernardo do Campo 1,85% 0,98% -1,22%
IPCA 1,32% 1,22% 8,13%
Campinas 1,18% 0,42% 3,36%
IGP-M 0,98% 0,27% 3,16%
Porto Alegre 0,51% 0,30% 2,09%
Rio de Janeiro 0,32% 0,48% 0,50%
Média (9 cidades) 0,31% 0,38% 1,53%
São Paulo 0,20% 0,63% 2,22%
Brasília -0,09% 0,37% 8,42%
Santos -0,21% -0,44% 1,89%
Curitiba -1,24% -1,47% -7,86%

Agora veja o preço médio do aluguel por metro quadrado em cada uma das nove cidades monitoradas pelo FipeZap:

Cidade Preço médio (m²)
Rio de Janeiro R$ 41
São Paulo R$ 38
Média (9 cidades) R$ 34
Brasília R$ 31
Santos R$ 28
Porto Alegre R$ 22
Campinas R$ 22
Salvador R$ 21
São Bernardo do Campo R$ 18
Curitiba R$ 16

Rentabilidade

Em março, o retorno médio obtido por proprietários de imóveis com aluguéis nas nove cidades incluídas no Índice FipeZap de Locação foi de 4,9% ao ano.

A taxa, que calcula os rendimentos com a locação do imóvel em relação ao preço de venda da unidade, serve como parâmetro para verificar a rentabilidade do investimento em imóveis.

No entanto, a renda obtida com aluguéis é apenas uma parte desse investimento, que também inclui a valorização do preço de venda da unidade.

Por conta disso, a rentabilidade dos aluguéis deve ser comparada com o retorno real (acima da inflação) proporcionado por outras aplicações financeiras de renda fixa, como a poupança

Desde setembro do ano passado, o retorno médio com aluguéis está abaixo da taxa de juros reais no Brasil, que representa a média de rentabilidade registrada por aplicações de renda fixa. 

Segundo Zylberstajn, da Fipe, o período coincide com o período de eleições presidenciais no país, a piora na percepção da economia nacional e o aumento das taxas de juros no país. “Nesse cenário, os investimentos em imóveis ficam menos atrativos”.

Veja na tabela a seguir o retorno médio dos aluguéis em março, o retorno real da poupança e a taxa de juros real. A lista foi ordenada do maior para o menor retorno:

Santos 6,70%
Taxa de juros real* 6,10%
Salvador 5,50%
Porto Alegre 5,30%
São Paulo 5,20%
Campinas 5,10%
Média (9 cidades) 4,90%
São Bernardo do Campo 4,80%
Rio de Janeiro 4,30%
Brasília 4,30%
Curitiba 3,70%
Poupança (rendimento real)* -1,50%

*Para mostrar o retorno dos investimentos acima da inflação, foi usada como referência a taxa de swap Pré x DI (BM&F) de 360 dias descontada da expectativa de inflação para os próximos 12 meses (Banco Central).

Os contratos de swap preveem a troca de rentabilidades de diferentes índices. A taxa de swap foi usada pois esse tipo de contrato reflete as expectativas de juros reais para os próximos 12 meses, em vez de mostrar os juros reais passados. Assim, a comparação fica mais compatível com os retornos dos aluguéis, que por serem baseados nos dados de venda e locação de março indicam o rendimento que está por vir, e não o retorno passado. 

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