11 produtos e serviços que já estão muito caros no Brasil
De eletrônicos a imóveis comerciais, os produtos e serviços que figuram entre os mais caros do mundo
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2011 às 18h43.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h36.
São Paulo - O bom momento da econômica brasileira se reflete, por exemplo, na alta dos imóveis comerciais, no consumo aquecido de produtos como carros e na valorização de cidades como Rio e São Paulo como destinos turísticos. Mas há quem diga que o Brasil vem crescendo “apesar” de uma série de problemas históricos, como a alta carga tributária, os gargalos de infraestrutura, uma velha e custosa legislação trabalhista e o nível de automação baixo para um país que hoje figura entre as maiores economias do mundo. A isso, somam-se outras questões, referentes à conjuntura atual. Externamente, o mundo ainda se recupera de uma crise, e os reflexos são a derrubada do dólar e dos preços nos países desenvolvidos, enquanto os emergentes surgem como novas estrelas do crescimento. Internamente, a inflação se equilibra, e o real se valoriza com os dólares que invadem o mercado brasileiro, atraídos pelas altas taxas de juros. O resultado? O Brasil se tornou um país caro.
De acordo com o último Índice Big Mac, elaborado pela revista “The Economist” para detectar as moedas super ou subvalorizadas em relação ao dólar, o Big Mac brasileiro é o segundo mais caro do mundo, perdendo apenas para o da Suíça. Por extensão, o real é a segunda moeda mais supervalorizada do mundo. O índice Big Mac não é preciso, mas reflete genericamente a realidade econômica. Baseado no conceito de Paridade do Poder de Compra (Purchasing Power Parity-PPP), o índice considera que um mesmo item, na ausência de impostos, deve custar o mesmo em todos os lugares. Ou seja, mesmo sem a pesada carga tributária brasileira, o Big Mac dos nossos Mc Donald’s encontra-se 42% mais valorizado que sua versão americana. Apesar de o ranking datar de outubro de 2010, sabemos que o real segue valorizado, o dólar continua perdendo força, e a desvalorização da moeda chinesa, última da lista “Burguerconômica”, ainda é tabu. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
* Cotações de 13 de outubro.
Fonte: The Big Mac Index/The Economist
País | Preço do Big Mac (US$)* | Valorização em relação ao dólar |
---|---|---|
Suíça | 6,78 | 82% |
Brasil | 5,26 | 42% |
Zona do Euro (média) | 4,79 | 29% |
Canadá | 4,18 | 13% |
EUA (média de 4 cidades) | 3,71 | - |
Inglaterra | 3,63 | -2% |
África do Sul | 2,79 | -25% |
México | 2,58 | -30% |
Rússia | 2,39 | -56% |
China (média de duas cidades) | 2,18 | -40% |
Fonte: The Big Mac Index/The Economist
As maçãs também andam caras no Brasil. Os produtos da Apple por aqui são os mais caros entre todos os países em que são comercializados, e a culpa, desta vez, é a alta carga tributária. Um levantamento feito por EXAME.com em setembro de 2010 mostra que o iPhone 4 brasileiro é o mais caro entre os 15 países pesquisados, atrás de países como México e República Tcheca. Como todo celular importado, o iPhone recebe 16% de taxa de importação, 15% de IPI, 9,25% de contribuição para o PIS e Cofins, além de cerca de 18% de ICMS, dependendo do estado. O ranking levou em consideração os iPhones desbloqueados e sem contrato de fidelidade com operadoras. Foram desconsiderados os países em que o smartphone é vendido somente com subsídio de empresas de telefonia, como Estados Unidos e Japão. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
Cotações de 16/09/2010
Fonte: Apple/Exame.com
País | 16 GB (R$)* | 32 GB (R$)* |
---|---|---|
Brasil | 1799 | 2099 |
Itália | 1482,38 | 1752,32 |
Dinamarca | 1419,53 | 1661,21 |
França | 1414,9 | 1662,34 |
Austrália | 1383,16 | 1608,59 |
Noruega | 1376,98 | 1630,41 |
Nova Zelândia | 1367,87 | 1616,81 |
Irlanda | 1347,42 | 1572,36 |
Espanha | 1347,42 | 1572,36 |
Reino Unido | 1339,75 | 1608,24 |
México | 1310,66 | 1538,04 |
República Tcheca | 1302,79 | 1523,02 |
Cingapura | 1140,56 | 1346,06 |
Hong Kong | 1102,67 | 1301,62 |
Canadá | 1102,51 | 1303,27 |
Fonte: Apple/Exame.com
O peso da carga tributária também tornou o iPad vendido no Brasil o mais caro do mundo. Mas caso os tablets sejam mesmo classificados como computadores pessoais, como quer o ministro das Comunicações Paulo Bernardo, o iPad deve se beneficiar da isenção de 9,75% de IPI, PIS e Cofins hoje aplicada a desktops e laptops. Disponível em 43 países, o tablet da Apple custa hoje, no Brasil, o dobro de seu valor nos Estados Unidos. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
* Cotações de 21/01/2011
Fonte: Apple/Exame.com
País | Preço (R$)* |
---|---|
Brasil | 1649 |
Argentina | 1427 |
Reino Unido | 1175 |
Portugal | 1156 |
Alemanha | 1136 |
França | 1136 |
Itália | 1136 |
Espanha | 1111 |
Austrália | 1041 |
México | 1038 |
China | 1012 |
Japão | 988 |
Canadá | 923 |
Hong Kong | 834 |
Estados Unidos | 834 |
Fonte: Apple/Exame.com
Mesmo com benefícios tributários, no entanto, os preços dos laptops no Brasil ainda são altos. Uma pesquisa da Marco Consultora de novembro de 2010 mostra que Netbooks são mais caros no Brasil do que na Argentina, no Chile, na Colômbia e no México. Entre os Notebooks, os comercializados no Brasil só não são mais caros que os vendidos no México. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
Fonte: Marco Consultora
País | Notebooks (US$) | País | Netbooks (US$) |
---|---|---|---|
México | 1.342 | Brasil | 769 |
Brasil | 1.124 | Argentina | 617 |
Argentina | 1.101 | Chile | 524 |
Chile | 954 | México | 468 |
Colômbia | 536 | Colômbia | 321 |
Mas não são só os aparelhos importados que figuram no topo do pódio dos mais caros do mundo. O serviço de telefonia celular do Brasil, além de deixar a desejar em matéria de qualidade, é o quarto mais caro do mundo num ranking de 161 países elaborado pela União Internacional de Telecomunicações, braço da ONU para o setor. A última pesquisa do órgão, divulgada no ano passado, avalia o custo em dólares de um mesmo pacote de serviços de celular e constata que seu valor no Brasil só é menor que os do Japão, da França e da Austrália. Novamente, é a carga tributária que pesa. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
* Dados de 2009.
Fonte: UIT/ONU Os gastos com telefonia celular comprometem 5,66% da renda bruta do brasileiro, um percentual pesado em comparação com os outros países onde os preços também são altos: os japoneses comprometem apenas 1,39% da renda com esse tipo de serviço, os franceses, 1,00%, e os australianos, 1,04%. No país mais barato, Hong Kong, o valor do pacote é de US$ 0,75, comprometendo 0,03% da renda dos habitantes. Na América do Sul, o menor valor é o do Paraguai, US$ 5,31 - 2,92% da renda dos paraguaios.
País | Preço do pacote (US$)* |
---|---|
Japão | 44,34 |
França | 35,22 |
Austrália | 34,91 |
Brasil | 34,64 |
Suíça | 33,7 |
Espanha | 31,64 |
Holanda | 29,69 |
Venezuela | 28,6 |
Nova Zelândia | 27,87 |
Eslováquia | 24,93 |
Fonte: UIT/ONU Os gastos com telefonia celular comprometem 5,66% da renda bruta do brasileiro, um percentual pesado em comparação com os outros países onde os preços também são altos: os japoneses comprometem apenas 1,39% da renda com esse tipo de serviço, os franceses, 1,00%, e os australianos, 1,04%. No país mais barato, Hong Kong, o valor do pacote é de US$ 0,75, comprometendo 0,03% da renda dos habitantes. Na América do Sul, o menor valor é o do Paraguai, US$ 5,31 - 2,92% da renda dos paraguaios.
A internet móvel no Brasil é outro serviço que, além de precário, precisa de uma drástica redução de preço. Um pacote de voz e dados no Brasil é o mais caro dentre 78 países emergentes, constatou um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) divulgado em outubro de 2010. O ranking inclui desde países como Chile e África do Sul a economias mais frágeis, como Chade e Haiti. O pacote padrão custa, no Brasil, mais de 120 dólares por mês, valor semelhante ao do Zimbábue, quando a média dos países é de 46,54 dólares. No Peru e na Albânia, os valores também passam dos 100 dólares, e em seguida vem a Venezuela, com pacotes de cerca de 90 dólares. A internet móvel mais barata está na Ásia. Por menos de 20 dólares mensais é possível contratar o serviço em países como Bangladesh, Índia, Paquistão e China.
Além de caras, as tarifas de energia elétrica no Brasil cresceram num ritmo vertiginoso nos últimos anos. De 2002 a 2008, o salto foi de 13,2% ao ano, enquanto que nos Estados Unidos foi de 4,3% ao ano, na França, de 7% ao ano, e no México, de apenas 0,6% ao ano. Num ranking de seis países elaborado pela Consultoria Advisia, a eletricidade brasileira foi da quinta para a primeira posição no quesito preço. Em 2009, as tarifas residenciais viram uma leve queda em relação a 2008, de 171 dólares o Megawatt hora para 160 dólares o Megawatt hora, muito atrás ainda da tarifa norte-americana, que naquele ano ficou em 116 dólares o Megawatt hora. O principal motivo para estes valores altos são a alta carga de tributos e encargos cobrados no Brasil, que ultrapassam 50% do valor cobrado dos clientes. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
* Dados de 2008, os mais recentes disponíveis para todos os países.
Fonte: Advisia
País | Custo das tarifas residenciais (US$/MWh)* |
---|---|
Brasil | 171 |
França | 169 |
Noruega | 164 |
Estados Unidos | 113 |
México | 96 |
Coreia | 89 |
Fonte: Advisia
Além da alta carga tributária, os carros nacionais também sofrem com os gargalos de infraestrutura, o baixo nível de automação do país e os altos custos de matéria-prima, importação de peças e encargos trabalhistas. Comprar e manter um carro de porte médio durante cinco anos no Brasil custa duas vezes mais do que na China e 83% mais que no México. “Nesse cenário, o Brasil perde competitividade frente a países como a China”, diz Stephan Keese, autor do estudo da consultoria Roland Berger. Só IPI, ICMS, PIS e Cofins representam entre 27% e 36% do valor de um carro brasileiro. Em contrapartida, as taxas sobre produtos nacionais representam 6,1% do preço final nos Estados Unidos, 9,1% no Japão e 16% na Alemanha. O golpe também atinge os veículos importados, tributados em 35%, fora o seguro e o frete a partir do porto de origem. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
* Exceto os custos de manutenção.
Fonte: Roland Berger No Brasil, um carro é 37,6% mais caro que na Índia; 41,4% mais caro que na Alemanha; 54,9% mais caro que no Japão; 56,5% mais caro que nos Estados Unidos; 82,8% mais caro que no México e 100,3% mais caro que na China.
País | Custos* (US$) |
---|---|
Brasil | 73.100 |
Índia | 53.100 |
Alemanha | 51.700 |
Japão | 47.200 |
EUA | 46.700 |
México | 40.000 |
China | 36.500 |
Fonte: Roland Berger No Brasil, um carro é 37,6% mais caro que na Índia; 41,4% mais caro que na Alemanha; 54,9% mais caro que no Japão; 56,5% mais caro que nos Estados Unidos; 82,8% mais caro que no México e 100,3% mais caro que na China.
O Brasil vem se tornando um país caro até para quem é de fora. Os hotéis brasileiros já estão entre os mais caros do mundo. De acordo com o Índice de Preços de Hotéis, elaborado pelo site Hotels.com, entre as 74 cidades mais visitadas pelos americanos no primeiro semestre de 2010, o Rio de Janeiro é a sexta no ranking dos hotéis mais caros, à frente de cidades como Paris e Londres. São Paulo não chega a figurar no top 10, mas finca a 26ª posição. Na outra ponta do ranking estão destinos como Las Vegas (91 dólares a diária) e Melbourne (111 dólares a diária) e Buenos Aires (127 dólares) Para Marco Túlio Quina, diretor da Real Consultoria Hoteleira, a demanda tem sido maior que a oferta e faltam incentivos do governo ao turismo. “As tarifas estão fora da realidade do mercado. De 2001 a 2010, o turismo no Brasil permaneceu estagnado, recebendo não mais que 5 milhões de visitantes internacionais por ano”, avalia. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
Fonte: Hotels.com
Cidade | Preço médio de uma diária (US$) |
---|---|
Ilha de Capri, Itália | 267 |
Genebra, Suíça | 254 |
Nova York, Estados Unidos | 224 |
Dubrovnik, Croácia | 221 |
Veneza, Itália | 215 |
Rio de Janeiro, Brasil | 207 |
Paris, França | 205 |
Bali, Indonésia | 203 |
Londres, Inglaterra | 203 |
Moscou, Rússia | 201 |
Que São Paulo é o centro gastronômico do Brasil, disso não há dúvida. Mas parece que o sucesso subiu à cabeça. Jantar na capital paulista tem estado mais caro do que comer em cidades como Nova York e Paris. Reportagem recente do jornal “O Estado de São Paulo” mostra que 270 gramas de filé mignon grelhado sem acompanhamento e taxa de serviço chegam a custar 41,80 reais em São Paulo, mais ou menos o mesmo que um filé com fritas do renomado Balthazar, em Nova York, ou uma refeição completa em um bom restaurante de Buenos Aires. Na ponta oposta está Pequim, onde uma refeição completa média chega a custar 12,70 reais. Mesmo uma refeição estrelada, que em São Paulo chega facilmente a 200 ou 300 reais por pessoa, pode ficar por 120 reais por pessoa na capital chinesa. Entre os motivos dessas disparidades de preços estão fatores mais sazonais - como a inflação dos alimentos no ano passado, principalmente da carne vermelha - e outros mais conjunturais, como a crise mundial, que forçou para baixo os preços nos países desenvolvidos, e os altos custos da mão de obra e dos aluguéis comerciais em São Paulo atualmente.
Aluguéis comerciais, outro segmento cujos preços vêm assistindo a uma escalada nos últimos anos. Com a economia aquecida, a oferta de imóveis comerciais de qualidade no Rio e em São Paulo não tem acompanhado a demanda. A taxa de vacância no Rio de Janeiro para imóveis comerciais de alto padrão, por exemplo, é atualmente a menor do mundo (1,3%) e a de São Paulo é a quarta menor (3,8%). Até mesmo em Londres, que é uma das cidades mais caras do planeta, essa taxa é maior, ficando em pelo menos 5,0%. De acordo com levantamento da consultoria Colliers, o Rio de Janeiro tem hoje o sexto metro quadrado comercial mais caro do mundo, seguido de perto por São Paulo, na nona colocação. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
Fonte: Colliers, jun 2010.
Cidade | Preço por metro quadrado (US$) |
---|---|
Hong Kong | 1.733,55 |
Londres (West End), Inglaterra | 1.439,77 |
Tóquio, Japão | 1.119,55 |
Londres (City), Inglaterra | 1.046,33 |
Paris, França | 1.020,22 |
Rio de Janeiro, Brasil | 816 |
Londres (Southbank), Inglaterra | 812 |
Perth, Austrália | 715,77 |
São Paulo, Brasil | 761,11 |
New York (Midtown Manhattan), EUA | 697,33 |