Yields perto de 5% geram nervosismo em mercado global de dívida
O impacto da turbulência no mercado de dívida soberana dos EUA sobre os títulos das principais economias desenvolvidas atingiu o maior nível desde o crash da pandemia
Agência de notícias
Publicado em 4 de outubro de 2023 às 11h22.
Última atualização em 4 de outubro de 2023 às 11h26.
O impacto da turbulência no mercado de dívida soberana dos EUA sobre os títulos das principais economias desenvolvidas atingiu o maior nível desde o crash da pandemia.
Os juros que os investidores exigem para comprar títulos do Tesouro americano de 30 anos chegaram a mais de 5% pela primeira vez desde 2007 nesta quarta-feira, e omercadojá antecipa que os yields de dez anos, que atingiram 4,88%, também caminham para esse patamar. O Treasury de dois anos já é negociado com taxa acima de 5% desde meados de setembro.
A derrocada implacável dos títulos americanos se espalhou e a correlação entre Treasuries e pares globais atingiu o nível mais elevado desde março de 2020, segundo dados da Bloomberg. Os yields de dez anos da Austrália, por exemplo, estão em alta apesar de o banco central do país ter mantido os juros inalterados.
Os títulos de países em desenvolvimento também podem ficar vulneráveis a novas quedas, de acordo com o Morgan Stanley.
“Esse movimento está começando a causar preocupações em todas as classes de ativos”, disse James Wilson, gestor da Jamieson Coote Bonds, em Melbourne. “Ninguém quer ser o primeiro a comprar durante a disparada dos yields, apesar de os títulos estarem bastante sobrevendidos.”
O yield é o rendimento teórico para quem compra o título agora se ele se mantiver ao preço atual por um ano. Mas se os preços caírem mais — e os yields continuarem a subir — quem tomar as notas agora pode perder dinheiro.
O preço médio dos títulos americanos no Bloomberg US Treasury Index caiu para 85,5 cents por dólar, apenas meio centavo de dólar acima da mínima histórico de 1981.
No Japão, que tem taxa básica negativa, os swaps de juros de dez anos saltaram para 1% pela primeira vez desde janeiro.
As preocupações com o aumento de emissões do Tesouro americano para financiar os crescentes déficits públicos levam os investidores a exigirem uma compensação maior pelo risco de deter títulos de prazo mais longo. Isso se soma à sinalização hawkish do Federal Reserve. E a destituição do presidente da Câmara dos EUA só aumentou o pessimismo.