Invest

WeWork pede proteção contra falência nos Estados Unidos

Companhia deve entrar com processo similar no Canadá

WeWork: companhia entra com pedido de recuperação judicial nos EUA (Kate Munsch/Reuters)

WeWork: companhia entra com pedido de recuperação judicial nos EUA (Kate Munsch/Reuters)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de novembro de 2023 às 08h14.

Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 17h31.

Depois de um dia de valorização meteórica dos papéis — e de uma proposta, no mínimo, curiosa, pela compra da companhia — o WeWork pediu proteção contra falência. 

A companhia apresentou um formulário Chapter 11 à SEC, um tipo de documento que se assemelha a uma recuperação judicial, uma vez que pressupõe um plano com os credores e, nesse meio tempo, permite à companhia continuar com os bens e operar normalmente.

No pronunciamento aos investidores, a empresa afirma, ainda, que pretende entrar com um processo similar no Canadá. E ressalta que as localidades (e aluguéis) fora dessas duas regiões não fazem parte desse processo. 

A WeWork Latam ressaltou, em comunicado, que: "Essa ação não tem impacto nos nossos membros, seus vínculos, serviços ou acesso aos nossos prédios na América Latina. Não causa nenhuma mudança nem exige qualquer ação."

O WeWork aponta que credores correspondentes a 92% das dívidas concordaram com um plano de reestruturação, que vai incluir reduzir o portfólio de escritórios para aluguel. Um movimento já conduzido ao longo dos últimos dois anos, como lembra o WSJ. O WeWork saiu de uma posição de 764 imóveis para locação em 38 países para 660 imóveis em 37 países. 

A tentativa de reestruturar a dívida também já havia se tornado pública. Em março, a companhia renegociou dívidas com o Softbank e, no último mês, afirmou que deixaria de pagar juros que totalizavam US$ 95 milhões. 

Agora, a companhia reportou dívidas de mais de US$ 18 bilhões, com um passivo total que pode chegar a US$ 50 bilhões

As dificuldades de a companhia conseguir gerar lucratividade vêm desde a época em que Adam Neumann tentou listar o WeWork pela primeira vez, em 2019. Em 2021, a companhia foi para a bolsa por meio de um SPAC. Desde então, já perdeu mais de 98% do valor. Em meados de agosto, a empresa anunciou grupamento de ações para fazer com que seus papéis voltassem a ser negociadas acima de US$ 1, um requisito para manter sua listagem na Bolsa de Valores de Nova York. Na última segunda-feira, 06, as ações da companhia eram negociadas por cerca de 83 centavos de dólares antes de terem a negociação interrompida.

A situação da empresa, de custo de operação alto, se agravou no pós-pandemia, com uma retomada desigual no trabalho presencial. De acordo com o WSJ, desde que foi fundada, a empresa acumulou US$ 16 bilhões em perdas e pagava cerca de US$ 2,7 bilhões por ano em aluguéis e juros -- mais de 80% de toda a sua receita.

Adam Neumann, ex-CEo e co-fundador da empresa, disse que o pedido de falência foi "decepcionante". Entretanto, afirmou à CNBC que ele acredita que com  estratégia e equipe uma reorganização permitirá que a WeWork saia da situação com sucesso.

(Atualizada às 17h30 para incluir o posicionamento da WeWork Latam)

Acompanhe tudo sobre:WeWork

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio