Touro de Wall Street (Drew Angerer/Getty Images)
Os dados sobre a criação de novas vagas nos Estados Unidos, divulgados nesta sexta-feira, 5, pelo Departamento do Trabalho, surpreenderam positivamente.
A maior economia do mundo criou cerca de 528 mil novas vagas de trabalho, somando os setores público e privado. Mais do que o dobro do que era esperado pelo mercado, que previa a criação de 250 mil vagas.
Essa foi a 19º alta consecutiva do mercado de trabalho americano e a taxa de desempregou caiu no mês para 3,5%, voltando aos níveis pré-pandemia, de fevereiro de 2020..
Esses números desafiam os sinais que a recuperação econômica dos EUA esteja perdendo força.
Entretanto, Wall Street abriu o pregão desta sexta em queda, com o Dow Jones que perde 0,65%, o S&P 500 cai 1% e o Nasdaq está 1,25% em território negativo.
Também na Europa os mercados financeiros caem nesta sexta-feira, com o EuroStoxx 600 perdendo 0,5%, puxado para baixo pelas ações das empresas de tecnologia, que perdem, em média, mais de 1,1%.
No Brasil, o Ibovespa abriu em queda, mas por volta das 11h voltou timidamente para o território positivo.
Isso pois os mercados aguardam uma possível reação do Federal Reserve, que poderia elevar os juros além do esperado para tentar esfriar a economia.
A inflação ao consumidor americano chegou a 9,1% em junho, o maior patamar desde o início da década de 1980.
Na última decisão do banco central americano, a taxa de juros foi elevada em 0,75 ponto percentual (p.p.) para o intervalo de 2,25% e 2,50%. Essa foi a quarta alta desde março e a segunda consecutiva em que o Fed sobe a taxa em 0,75 p.p.
Os rendimentos dos títulos da dívida pública dos EUA estão subindo, com os papéis com vencimento em 10 anos que subiram quase 10 pontos percentuais desde a divulgação dos dados sobre abertura de vagas. Os com vencimento em dois anos subiram ainda mais.
A negociação de futuros de títulos da dívida federal mostra que os mercados esperam que os juros nos Estados Unidos cheguem em 3,61% em fevereiro de 2023, ante uma estimativa de 3,42% na sessão anterior.
As probabilidades calculada pelo CME Group, gigante do mercado de futures, que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) aumente os juros na próxima reunião do dia 21 de setembro subiu para 67,5%. Ontem, essa porcentagem era de apenas 34%.
O Federal Reserve está tentando uma “aterrissagem suave” para a economia dos EUA, tentando reduzir a inflação elevada sem ter um aumento expressivo na taxa de desemprego.
Com os números divulgados nesta sexta-feira a previsão do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre a possibilidade de atuar uma política monetária restritiva sem ter efeitos negativos sobre o desemprego poderia se concretizar.
"Dessa vez, diferente de algumas outras, a taxa de desemprego não caiu de maneira uniforme para todos os grupos. Os que tem menos escolaridade até aumentaram levemente a taxa de desemprego. Mas essa taxa de desemprego geral tão baixa mostra que qualquer americano que busca um emprego consegue achar. O aumento também do salário real dos americanos. E isso vai levar o Fed a subir ainda mais os juros, provavelmente por volta de 4%", declarou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.