Volatilidade do real é a 2ª maior do mundo com atrito sobre BC
A alta marca o fim da lua de mel que se seguiu à posse de Lula em 1º de janeiro, quando o real avançou e a volatilidade implícita diminuiu
Bloomberg
Publicado em 13 de fevereiro de 2023 às 14h53.
A volatilidade implícita do real disparou nas últimas duas semanas, para o segundo maior nível do mundo, com os questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a política monetária restritiva do Banco Central.
A alta marca o fim da lua de mel que se seguiu à posse de Lula em 1º de janeiro, quando o real avançou e a volatilidade implícita diminuiu. Depois de atingir brevemente um pico de sete meses em 2 de fevereiro, o real agora está próximo de onde estava antes da chegada do novo governo.
Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, questionaram a estratégia do Banco Central depois que o Copom elevou a taxa de juros real para o nível mais alto do mundo, com a Selic em 13,75%, enquanto a inflação em janeiro foi de 5,77%. Em resposta, o mercado inclinou a curva de juros, enquanto a demanda dos operadores por opções elevou a volatilidade implícita do real de três meses para 19,45%, superando o peso chileno para se tornar a mais alta da América Latina e ficando atrás apenas do rublo russo entre as 31 principais moedas acompanhadas por Bloomberg.
A pressão do governo para cortes de juros atinge diretamente a perspectiva de carry — principalmente do carry ajustado ao risco. O carry de um mês do peso mexicano ajustado pela volatilidade é agora 50% maior do que o oferecido pelo real brasileiro.
Operadores irão acompanhar de perto a entrevista do presidente do BC, Roberto Campos Neto, a ser exibida no programa Roda Viva desta noite, em busca de pistas sobre se a autoridade monetária aumentará as tensões com o governo ou levantará a possibilidade de revisar para cima as metas de inflação na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira.
Qualquer sinal em direção a uma política mais frouxa deve empurrar o real para baixo, bem como levar a uma inclinação adicional da curva de juros.