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Vibra paga R$ 3,52 bi e antecipa compra dos 50% restantes da Comerc

Companhia prevê sinergias de R$ 1,4 bilhão em até dois anos e diz que geração de Ebitda da comercializadora ajudará a reduzir alavancagem pós-aquisição

Comerc: Ebitda estimado para 2025 é de R$ 1,35 bilhão (Freepik/Reprodução)
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 20h31.

A Vibra, distribuidora de combustíveis e dona dos postos BR, antecipou a compra integral da Comerc, aumentando sua aposta na área de energia renovável.

"É um passo relevante na estratégia da Vibra em ser a melhor plataforma de multienergia", afirmou Ernesto Pousada, CEO da Vibra em teleconferência na noite desta quarta-feira, 21, logo após o anúncio.

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A Vibra está pagando R$ 3,52 bilhões pela outra metade do negócio, deixando um preço implícito de R$ 7,05 bilhões, com 2,1 GW em operação eEbitda estimado de R$ 1,3 bilhão em 2025. Para este ano, a projeção de Ebitda é de R$ 1 bilhão.

A distribuidora já detinha 50% do capital da Comerc desde 2021, quando entrou no negócio, à época avaliado em R$ 6,8 bilhões (com correção de CDI, equivaleria a cerca de R$ 9,24 bilhões).

A Comerc é uma comercializadora criada há 23 anos por Christopher Vlavianos, o Kiko,  e tinha a gestora Perfin como sócia. Kiko vai continuar acompanhando a Comerc até 2028, como senior advisor.

Cerca de 80% do Ebitda no primeiro semestre de 2024 vem do negócio de geração com contratos de longo prazo atrelados à inflação, sem risco relevante de preço horário ou de submercado.

"É um negócio que tem uma rentabilidade garantida por muito tempo, independente dos altos e baixos climáticos da indústria", destacou o CFO, Augusto Ribeiro.

A ideia de antecipar a compra do restante da Comerc era retirar do horizonte, explicou a gestão da Vibra, o put que a qualquer momento poderia tirar a opcionalidade da companhia na aquisição.

"Nossa ideia com a aquisição é maximizar o valor. Há um de-risking importante e traz oportunidades para a Vibra com retornor atrativos", diz Pousada.

A Vibra prevê sinergias fiscais, financeiras e operacionais que devem gerar um valor presente de R$ 1,4 bilhão nos próximos dois anos.

Estas sinergias decorrem, em parte, da redução de dívidas da Comerc (hoje em torno de R$ 7 bilhões), e da implementação de ações de eficiência que deverão economizar cerca de R$ 50 milhões por ano até 2026, explicou Clarisse Sadock.

Hoje vice-presidente de energia renovável e ESG, Sadock (que chegou na Vibra em 2023 depois de comandar a AES Brasil) vai assumir como CEO da Comerc após o closing do negócio, previsto para janeiro. Até lá, haverá um processo de transição com André Dorf, que hoje lidera a companhia.

"Eu vejo a Comerc com uma posição privilegiada", diz Sadock. Entre os negócios potenciais, a empresa vê demanda aquecida para data center, e oportunidades em eficiência energética e bateria para o agronegócio.

Hoje, a Comerc é a maior gestora de energia do Brasil, mede mais de 27 mil pontos de telemetria, desenvolve inventários de carbono e atua no mercado varejista de energia.

Forma de pagamento e alavancagem

De acordo com a direção da companhia, a aquisição deverá usar recursos de caixa da Vibra, atualmente acima de R$ 8,2 bilhões, além de acesso a novas linhas de crédito e renegociação de condições de financiamento atual.

Com a aquisição, a alavancagem da companhia deve subir de 1x para algo em torno de 2,6x imeadiatamente, ficando acima da faixa de 1,5x e 2x considerada ideal pela direção da Vibra. No entanto, argumenta o CFO, esse novo nível de alavancagem ainda é confortável, dado que a Comerc é geradora de Ebitda e deve acelerar o movimento de desalavancagem.

E mesmo com a transação, a Vibra, garantiu o CFO, vai continuar com a política de distribuição de dividendos de 40% do lucro líquido.

A operação ainda depende da aprovação dos órgão regulatórios.

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