Klaus-Dieter Maubach, CEO da Uniper (Uniper/Exame)
O CEO da Uniper, gigante alemã do gás, Klaus-Dieter Maubach, declarou nesta terça-feira, 6, que o "pior ainda está por vir" por causa dos cortes nos fornecimentos russos.
“Eu já disse isso várias vezes ao longo deste ano e estou explicando isso também para os políticos. O pior ainda está por vir”, disse o executivo durante um evento sobre o setor que foi realizado em Milão, na Itália.
Na última sexta-feira, 2, a gigante estatal de energia russa Gazprom interrompeu indefinidamente o fluxo de gás para a Europa, alimentando temores sobre a necessidade de racionamento de energia durante o inverno.
A Uniper é o maior importador de gás da Alemanha e foi duramente atingida pela grande redução dos fluxos de gás via gasodutos da Rússia, principalmente através do gasoduto submarino Nord Stream 1, que passa abaixo do Mar Báltico.
Maubach expressou preocupações com o fornecimento de gás russo para a Europa durante o outono e o inverno, além da elevação dos preços que - segundo ele - vai continuar nos próximos meses.
“O que vemos no mercado do gás ao atacado é um preço 20 vezes superior ao preço que víamos há dois anos, 20 vezes! É por isso que acho que precisamos ter uma discussão realmente aberta com todos, assumindo a responsabilidade de como consertar isso”, declarou Maubach.
Em julho, o governo alemão foi forçado a nacionalizar a Uniper, com uma operação de resgate que custou mais de 15 bilhões de euros.
A empresa estava sendo pressionada a não repassar os aumentos do preço do gás para os clientes finais, e isso acabou provocando sérios problemas em seu balanço.
O gás russo representou 55% das importações de gás da Alemanha em 2021 e 40% das importações de gás no primeiro trimestre de 2022.
Questionado sobre a possibilidade da Uniper voltar a trabalhar novamente com a Gazprom, caso a guerra na Ucrânia terminar, Maubach disse que o relacionamento da empresa alemã com a Rússia remonta à década de 1970.
O executivo defendeu a Gazprom, definindo a empresa um fornecedor confiável de energia.
“Em retrospectiva, talvez tenha sido até um erro pensar que o gás não seria usado como arma. Talvez tenha sido apenas uma ilusão”, disse Maubach, comentando sobre as retaliações da Gazprom usando o gás.
A Gazprom cortou o fornecimento do gás para a Europa logo após as potências econômicas do G-7 aprovarem um teto ao preço do petróleo russo.
A estatal russa está dando um sinal também para a União Europeia (UE), que está discutindo sobre a possibilidade de aplicar um teto ao preço do gás importado de Moscou.
Oficialmente, a Gazprom disse que o desligamento foi provocado por um vazamento de óleo em uma turbina. O gasoduto Nord Stream 1 estava programado para reabrir no sábado após três dias de trabalhos de manutenção.
O Kremlin acusa a União Europeia de ser responsável pela interrupção do fornecimento de gás, alegando que as sanções econômicas impostas pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia impediram os trabalhos de reparo.