Traders apostam em alta forte da Selic, indica mercado de opções
Banco Central deve elevar a Selic pela primeira vez desde 2015 diante da aceleração da inflação em meio ao aumento dos gastos do governo e à força do dólar
Beatriz Quesada
Publicado em 15 de março de 2021 às 14h51.
Última atualização em 15 de março de 2021 às 15h23.
Os traders no Brasil estão cada vez mais pendendo para apostas de uma alta da Selic maior do que 50 pontos-base na próxima quarta-feira, 10, de acordo com dados do mercado de opções.
Opções digitais negociadas na bolsa mostram que os investidores atribuem uma probabilidade de 12% de o Banco Central elevar o juro básico em um 1,0 ponto percentual — para 3% ao ano —, enquanto há uma semana essa aposta tinha apenas 4% de chances. Isso também é muito maior do que a possibilidade de 3% atribuída a um aperto de 0,25 ponto percentual, para 2,25% ao ano.
A curva de probabilidade implícita nas opções do Copom aponta para 95% de chances de o ciclo de aperto monetário começar com pelo menos uma alta de 0,50 pp na quarta-feira, o que deixaria a Selic em 2,5% ao ano.
O BC deve elevar a Selic pela primeira vez desde 2015, do nível de 2%, o mais baixo historicamente, diante da aceleração da inflação em meio ao aumento dos gastos do governo e à força do dólar.
A mediana dos economistas consultados pela Bloomberg também prevê um aumento de 0,50 ponto percentual, enquanto a curva de juros precifica uma alta 63 pontos-base. Isso significa que um movimento de 50 pontos base está totalmente no preço. Dados de atividade mais fortes do que o esperado nesta segunda-feira ofereceram mais suporte para aqueles que esperam um aperto mais agressivo.
Ainda assim, o BC não conseguiu enviar qualquer sinal hawkish na ata de sua última reunião, publicada em 26 de janeiro, quando os membros do Copom disseram que o abandono do forward guidance não deveria ser interpretado como um sinal de que a Selic seria elevada imediatamente.
*Davison Santana é um estrategista de câmbio que escreve para a Bloomberg. As observações que ele faz são dele e não pretendem ser um conselho de investimento. Algumas informações vêm de traders de câmbio familiarizados com as transações que pediram para não serem identificados porque não estão autorizados a falar publicamente