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Títulos ‘junk’ ficam mais sensíveis a risco de juros

O universo dos junk bonds agora tem prazo médio de 6,7 anos, comparado a 6,1 anos no início de 2020

Junk Bonds: Além disso, os chamados anjos caídos (empresas que tiveram a classificação de risco de crédito rebaixada de grau de investimento para grau especulativo) com bilhões de dólares em dívidas com vencimento em 10 anos ou mais impulsionaram a duração média desta classe de ativos (David Hogan/Getty Images)

Junk Bonds: Além disso, os chamados anjos caídos (empresas que tiveram a classificação de risco de crédito rebaixada de grau de investimento para grau especulativo) com bilhões de dólares em dívidas com vencimento em 10 anos ou mais impulsionaram a duração média desta classe de ativos (David Hogan/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 11h32.

O prazo médio de vencimento dos títulos de alto rendimento negociados no mercado de junk bonds dos EUA aumentou significativamente no ano passado, ampliando o risco de juros para os investidores em meio à busca global por ativos mais rentáveis.

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A quantia recorde de emissões do ano passado se concentrou em prazos mais longos. Além disso, os chamados anjos caídos (empresas que tiveram a classificação de risco de crédito rebaixada de grau de investimento para grau especulativo) com bilhões de dólares em dívidas com vencimento em 10 anos ou mais impulsionaram a duração média desta classe de ativos, de acordo com o Barclays.

O universo dos junk bonds agora tem prazo médio de 6,7 anos, comparado a 6,1 anos no início de 2020, escreveram analistas liderados por Bradley Rogoff em relatório distribuído na sexta-feira. O aumento foi mais acentuado na faixa BB, que abriga a maioria das empresas que perderam o grau de investimento durante a pandemia.

Vencimentos mais longos aumentam a sensibilidade de preço do índice a mudanças nos juros subjacentes, além de se traduzirem em mais risco de crédito para os investidores.

“A duração teve um impacto desproporcional e representa um fator de risco no ambiente atual que não deve ser ignorado pelos investidores que buscam alto rendimento “, disse Steven Oh, responsável global por crédito e renda fixa na PineBridge Investments. “Não se trata de fazer apostas ativas em duração, mas ter certeza de que não existem riscos não intencionais de duração ou desvios que podem impactar adversamente o retorno da carteira.”

‘Ponto de inflexão’

Quem investe em junk bonds raramente vê novas emissões com vencimento em 10 anos ou mais. Mas ao sofrerem rebaixamento no ano passado, os anjos caídos, incluindo Kraft Heinz e Occidental Petroleum, adicionaram bilhões de dólares em dívida de prazo mais longo aos índices que acompanham os títulos corporativos de alto rendimento.

O risco de crédito vem aumentando no mercado de junk bonds como um todo. Os setores mais afetados pela Covid-19 estão por trás de uma grande onda de novas transações, ainda que os rendimentos estejam próximos dos menores níveis em registro. Títulos com classificação CCC, a faixa de menor qualidade, foram responsáveis por cerca de 21% das emissões no ano até 28 de janeiro, enquanto as companhias de energia representam cerca de 30% da oferta total, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os tomadores de recursos se mobilizam para financiar aquisições alavancadas, refinanciar dívidas mais caras ou pagar dividendos, sendo que alguns emissores conseguem obter condições sob as quais podem pagar juros com empréstimos adicionais no lugar de dinheiro.

“Está cada vez mais difícil encontrar qualquer sinal de conservadorismo neste mercado”, alertou Christian Hoffmann, gestor de carteiras da Thornburg Investment Management. “Normalmente haveria mais volatilidade nos spreads associada à recente volatilidade nos juros. Eu me preocupo com uma queda mais ampla e com a reversão de posições de risco quando chegarmos a esse ponto de inflexão.”

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