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Temporada de balanços nos EUA: o que esperar dos bancos após a falência do SVB

Citi, JPMorgan e Wells Fargo divulgam seus resultados hoje e abrem a temporada para os bancões americanos

Temporada de balanços dos bancos americanos começa nesta sexta-feira, 14 (MD Birdy/Getty Images)

Temporada de balanços dos bancos americanos começa nesta sexta-feira, 14 (MD Birdy/Getty Images)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 14 de abril de 2023 às 06h03.

Última atualização em 14 de abril de 2023 às 12h15.

Os grandes bancos dos Estados Unidos começaram a apresentar seus balanços do primeiro trimestre nesta sexta-feira, 14, com pontapé inicial de Citi Group, JPMorgan e Wells Fargo. A maior surpresa veio do JPMorgan, maior banco dos EUA, que viu suas ações dispararem para o maior salto em quase 11 meses depois de elevar sua estimativa para a receita de intermediação financeira, somada a um aumento inesperado nos depósitos.

Mas para além dos resultados em si,  o grande foco dos investidores deve ficar com as projeções, para entender como os maiores bancos americanos estão projetando o efeito da crise bancária causada pela falência do Silicon Valley Bank (SVB).

O SVB, banco médio americano voltado para o financiamento de startups, quebrou no meio de março, mergulhando os Estados Unidos na maior crise financeira de 2008. Por enquanto, a tormenta parece estar sob controle, mas as perspectivas dos bancos para os próximos meses podem dar mais sinais sobre os desdobramentos da falência do SVB na economia americana. 

“Os indicadores macroeconômicos começaram o ano fortes, mas desaceleraram após as notícias do SVB. Prevemos um trimestre em linha, mas o foco será nas projeções para o ano [guidance] e nas condições de crédito mais rígidas”, disseram os analistas do Bank of America (BofA) sobre a temporada de balanços que está por vir.

Como principal canal de transmissão entre a política monetária e a economia real, os grandes bancos estarão sob escrutínio, com investidores aguardando suas projeções. Para Vitor de Melo, analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), o ambiente macroeconômico será “retroalimentado pelos resultados e guidances” do setor.

Um exemplo disso vem da concessão de crédito. Se os bancos já estiverem diminuindo a quantidade de dinheiro em circulação, isso poderia ser um incentivo para que o banco central americano, o Federal Reserve (Fed), afrouxe sua política monetária.

“[O presidente do banco central americano] Jerome Powell comentou que não importa de onde virá o aperto monetário. Se os bancos já estiverem diminuindo a cessão de crédito pode ser que o apetite para mais altas de juros [por parte do Fed] diminua”, afirmou Melo em relatório.

O momento é complexo, e as recomendações do BTG para o setor seguem três linhas. Uma opção é manter uma exposição menor ao setor bancário até que a atividade econômica dê maiores sinais de melhora. Outra alternativa é uma estratégia long & short com compra de ações dos bancos maiores e venda dos papéis dos bancos médios, os chamados bancos regionais. Em caso de exposição aos grandes bancos, a recomendação da casa é a ação do JPMorgan.

O que observar no balanço dos bancos dos EUA?

Melo destaca alguns pontos a serem observados nos balanços dos grandes bancos americanos. 

  1. Crescimento da margem financeira bruta. O indicador mede o poder de precificação dos bancos, que foi colocado em teste depois de diversas movimentações de depósitos que podem ter impacto no custo de captação;
  2. Crescimento das provisões para devedores duvidosos. O indicador mostra como os bancos estão se preparando para lidar com inadimplência e apresenta ainda a quantidade de empréstimos não pagos – ponto de atenção depois da crise do SVB;
  3. Marcação a mercado de títulos de longo prazo que só são contabilizados no balanço no vencimento. Esse é um ponto sensível após a crise do SVB. O banco detinha muitos títulos com perdas não contabilizadas, e a descoberta desse rombo nas contas foi esse o estopim para a crise que levou à falência do SVB.

Outros pontos a serem observados são o índice de eficiência, os índices de capital regulatório e eventuais cortes de dividendos ou diminuição dos programas de recompra de ações.

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