Invest

Temor de recessão nos Estados Unidos derruba bolsas na Ásia e Europa

O Nikkei 225, principal índice da bolsa japonesa, desabou 12,4% nesta segunda-feira

Pedestres esperam para atravessar a rua ao lado de um painel mostrando os números da manhã na Bolsa de Valores de Tóquio em Tóquio em 5 de agosto de 2024. As ações de Tóquio caíram mais de sete por cento na abertura em 5 de agosto, pressionadas por um iene ressurgente e dados ruins de empregos nos EUA que alimentaram temores de recessão (Richard A. Brooks/AFP)

Pedestres esperam para atravessar a rua ao lado de um painel mostrando os números da manhã na Bolsa de Valores de Tóquio em Tóquio em 5 de agosto de 2024. As ações de Tóquio caíram mais de sete por cento na abertura em 5 de agosto, pressionadas por um iene ressurgente e dados ruins de empregos nos EUA que alimentaram temores de recessão (Richard A. Brooks/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 5 de agosto de 2024 às 11h01.

Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 12h54.

As bolsas desabaram nesta segunda-feira, 5, enquanto o dólar e o euro registravam desvalorização em relação ao iene, uma consequência da crescente preocupação dos investidores com a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos.

Na Europa, as principais bolsas iniciaram a semana em queda, afetadas principalmente pelos valores bancários e tecnológicos, seguindo as quedas registradas algumas horas antes na Ásia.

Frankfurt recuava mais de 3% pouco depois da abertura, Paris cedia 2,6% e Londres 2,3%. Madri perdia 2,8% e Milão 4%.

"O detonador foi um relatório sobre o emprego nos Estados Unidos publicado na sexta-feira, que provocou a queda das ações e dos rendimentos dos títulos em Wall Street", explicou Stephen Innes, analista da SPI Asset Management.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos aumentou mais do que o previsto em julho, a 4,3%. Este é o maior índice de desemprego do país desde outubro de 2021.

Após a publicação do relatório, os rendimentos da dívida pública registraram queda expressiva, o que gerou a previsão de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) pode reduzir suas taxas de forma mais drástica que o esperado.

"Se em setembro o Fed fizer o seu primeiro corte de 50 pontos-base, ao invés dos 25 pontos-base esperados pelo mercado, será a sua forma de admitir que demorou muito para flexibilizar a política monetária", afirmou Innes.

Os analistas do Deutsche Bank destacam que a magnitude da expectativa do mercado sobre cortes nas taxas do Fed "nos próximos 12 meses só foi observada durante uma recessão".

No mercado da dívida, os rendimentos dos Estados Unidos, que se movimentam na direção oposta aos preços dos títulos, continuaram em queda e atingiram 3,76% durante a manhã, ante 3,79% dos títulos a 10 anos na sexta-feira, o que mostra o interesse dos investidores em títulos mais seguros que ações, consideradas um ativo de risco.

Desabamento na Ásia

Nas bolsas asiáticas, as quedas foram muito mais expressivas.

Tóquio desabou: o Nikkei 225, principal índice da bolsa japonesa, que encerrou a sessão de sexta-feira em queda de 5,8%, desabou 12,4% nesta segunda-feira, uma perda de 4.451,28 pontos, a 31.458,42 unidades, recorde de baixa na história, que havia sido registrado em outubro de 1987.

O índice Topix, mais amplo, caiu 12,23%, a 2.227,15 pontos.

A bolsa de Taiwan caiu mais de 8% e Seul mais de 9%. As bolsas chinesas registraram quedas moderadas: o índice Hang Seng de Hong Kong perdeu 2,13%. O índice composto de Xangai cedeu 1,54% e o índice de Shenzhen 1,85%.

"O detonador imediato para esta aversão ao risco parece ser o aumento inesperado das taxas de juro" anunciado na quarta-feira pelo Banco do Japão, disse Dilin Wu, estrategista da Pepperstone.

O endurecimento da política monetária depois de anos de taxas negativas, combinado com uma desaceleração da atividade econômica nos Estados Unidos, precipitou a valorização do iene, que também foi apoiada pelas intervenções do banco central japonês no mercado cambial.

A moeda japonesa, negociada em julho a quase 162 ienes por dólar, chegou nesta segunda-feira a uma cotação de 141,73 por unidade da moeda americana, um nível que não era registrado desde janeiro. Na sexta-feira, um dólar era negociado por 146,52 ienes em Nova York.

Um iene mais forte é um fator negativo para os exportadores japoneses.

No mercado cambial, o dólar caiu 2,17% nesta segunda-feira, a 143,35 ienes, e o euro recuou 1,99%, a 156,72 ienes.

O bitcoin caiu 11,70%, a US$ 52.217.

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresJapãoEuropaEstados Unidos (EUA)

Mais de Invest

“Reação absolutamente extremada”, diz CEO do Bradesco sobre queda dos mercados

Bradesco surpreende mercado no 2º tri e aumenta aposta: “vamos ficar acima do esperado”

Ibovespa opera em queda de mais de 1% com tombo do mercado no Japão; dolar sobe 1,09% a R$ 5,772

Queda no Japão e na Europa e disparada do índice VIX: o que está acontecendo com as bolsas hoje?

Mais na Exame