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Reação ao Copom, decisão do BoE, Bradesco, Renner e o que mais move o mercado

Banco Central deixa a porta aberta para nova alta de juros em reunião de setembro; mercado debate quando será o fim do ciclo

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Adriano Machado/Reuters)

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Adriano Machado/Reuters)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de agosto de 2022 às 07h30.

Última atualização em 4 de agosto de 2022 às 08h08.

O mercado internacional iniciou esta quinta-feira, 4, em tom positivo, com investidores atentos às decisões de bancos centrais e a balanços do segundo trimestre. Índices de ações da Europa operam alta. A exceção era a bolsa de Londres, que chegou a flertar com um movimento de queda horas antes da decisão de juros do Bank of England (BoE), o BC inglês, às 8h, mas se firmou em campo positivo.

O BoE subiu sua taxa de juros em 50 ponto percentual nesta manhã, de 1,25% para 1,75%. A alta foi a mais agressiva desde 1995. A libra sobe frente ao dólar nesta manhã, refletindo o menor diferencial de juros entre as economias do Reino Unido e Estados Unidos e o movimento da moeda americana no mercado internacional.

No Brasil, onde o Copom confirmou a esperada elevação da Selic de 0,50 p.p. para 13,75% na última noite, investidores devem repercutir a decisão nesta quinta. Em comunicado divulgado na última noite, o comitê ressaltou "a maior persistência das pressões inflacionárias globais" e a "incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal".

Os fatores citados pelo Copom já vinham sendo incorporados pelo mercado como um motivo para que BC deixasse a porta aberta para mais uma alta de juros na próxima reunião, em setembro. E assim foi feito.

Copom deixa a porta aberta

Segundo o comunicado, "o Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião". Ou seja, se houver mesmo mais um ajuste, deverá ser de 0,25 p.p., levando a Selic para 14%. O consenso do último Focus ainda era de Selic a 13,75%. A declaração do Copom, porém, deve motivar uma nova revisão das expectativas para o Focus da próxima semana. 

Por outro lado, havia alguma expectativa de que o Copom deixasse aberta a porta para uma alta "de mesma magnitude " no comunicado, sinalizando a possibilidade de elevar a Selic para 14,25% -- ao menos para a próxima reunião. Com a chance praticamente descartada, parte dos economistas consideraram o tom do comunicado como expansionista -- ou menos contracionista que o esperado.

"A alta será limitada a uma menor magnitude. O BC já deu sinais que gostaria de terminar o ciclo de alta e o comunicado confirma isso", disse em nota Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas. Carvalho, no entanto, ressalta que, dadas as expectativas de inflação para o ano que vem, o Banco Central terá que rever seus planos até o fim do ano, elevando a Selic para 14,25%. 

A expectativa é compartilhada por André Perfeito, economista-chefe da Necton. Perfeito prevê mais duas altas de 0,25 p.p. até o fim do ano. "O Copom sugere que poderia parar o ajuste já em setembro, mas como este mesmo COPOM se posicionou atento às expectativas nos parece que podemos ter na data ainda motivos para um aperto mais prolongado", afirmou em nota.

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Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):

  • Dow Jones futuro (Nova York): + 0,26%
  • S&P 500 futuro (Nova York): + 0,33%
  • Nasdaq futuro (Nova York): + 0,34%
  • FTSE 100 (Londres): + 0,23%
  • DAX (Frankfurt): + 1,40%
  • CAC 40 (Paris): + 1,23%
  • Hang Seng (Hong Kong)*: + 2,06%
  • Shangai Composite (Xangai)*: + 0,80%
  • Nikkei 225 (Tóquio)*: + 0,69%

Balanços com Bradesco e Renner

Além das reações ao Copom, seguem no radar de investidores os balanços do segundo trimestre.

Entre os resultados mais aguardados do dia está o do Bradesco (BBDC4), que será o segundo grande banco a apresentar os números do período. O consenso da Bloomberg é de que o Bradesco reporte R$ 6,76 bilhões de lucro líquido recorrente. O balanço será divulgado após o encerramento do pregão.

A noite ainda será recheada pelos resultados da Alpargatas (ALPA4), Ouro Fino (OFSA3), Simpar (SIMH3), Sanepar (SAPR4), São Carlos (SCAR3), Tenda (TEND3), AES (AESB3), Tupy (TUPY3) e Renner (LREN3). A Renner, por sinal, será a primeira entre as as gigantes de vestuário. O mercado espera que a companhia apresente lucro líquido de R$ 315 milhões, receita líquida operacional de R$ 3,23 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 625,6 milhões.

Reação aos balanços: Embraer, PetroRio e mais

Investidores ainda devem reagir aos balanços divulgados entre a última noite e esta manhã. A Embraer, que já reportou seus números nesta quinta, encerrou o segundo trimestre com lucro líquido ajustado de R$ 199,8 milhões, abaixo dos R$ 212,8 do mesmo período do ano passado. A receita líquida também saiu mais fraca, em R$ 5,04 bilhões, quase R$ 1 bilhão a menos na comparação anual.

Na última noite, reportaram resultados PetroRio (PRIO3), Totvs (TOTS3), Tegma (TGMA3), Ultrapar (UGPA3) e Quero-Quero (LJQQ3).

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