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Qual é a hora certa de investir na bolsa?

Selic em baixa impulsiona investidores para renda variável mesmo durante pandemia de Covid-19

Nunca foi tão fácil ter informações sobre o mercado financeiro e entrar na bolsa (Germano Lüders/Exame)

Nunca foi tão fácil ter informações sobre o mercado financeiro e entrar na bolsa (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 27 de novembro de 2020 às 13h34.

Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 16h20.

Quase 1,5 milhão de brasileiros escolheram 2020 – um ano de crise global – para começar a investir na bolsa de valores. Os recém-chegados fazem parte de um movimento que começou em 2018, com os investidores buscando maior rentabilidade conforme a taxa básica de juros despencava. O índice é referência para os ganhos de diversas aplicações, incluindo a favorita dos brasileiros: a poupança, que enfrentou duras quedas ao longo dos últimos quatro anos. Nesse intervalo, a Selic saiu de um patamar de dois dígitos (14,25% ao ano) para a mínima histórica de 2% ao ano.

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O período coincidiu com a explosão do universo das finanças na internet. Novas corretoras surgiram, influenciadores de todos os tipos ganharam espaço. Como consequência, nunca foi tão fácil ter informações sobre o mercado financeiro e entrar na bolsa. O movimento parece contraditório, mas se explica em termos de rentabilidade. A taxa de juros está tão baixa que apostar em ações é o caminho natural de quem quer guardar dinheiro. Seria então a hora correta para começar a investir nesses papéis? 

A resposta vai além de “sim” ou “não”. A verdade é que não existe ocasião ideal para dar o primeiro passo. “Investidores profissionais, fundos e grandes atores do mercado estão sempre investidos em bolsa, seja em alta ou em baixa. Em resumo: sempre há oportunidades a serem observadas”, afirmou Sandra Blanco, consultora de investimentos da corretora Órama. 

Blanco defende que essa máxima se aplica mesmo sob o perigo do risco fiscal, que hoje é a maior ameaça ao crescimento do mercado brasileiro. O desequilíbrio das contas pode fazer com que a taxa de juros volte a subir sob a pressão da inflação e do aumento da dívida pública, o que pode puxar a bolsa para baixo. “Volatilidade e riscos fazem parte do processo, mesmo em períodos de alta. Por isso, o investimento em ações deve ser a longo prazo. Trabalhar com um horizonte alongado minimiza os efeitos adversos”, argumentou.

A definição de longo prazo é subjetiva, mas costuma incluir uma janela temporal de, no mínimo, dez anos. Isso, por si só, derruba a ideia de quem entra na bolsa fica rico da noite para o dia. Vale lembrar que, além de ações, é possível comprar outros produtos na B3, como BDRs (Brazilian Depositary Receipts, na sigla em inglês), papéis equivalentes às ações de empresas estrangeiras, e ETFs (Exchange Traded Funds), fundos de índice negociados em bolsa.

Outro ponto de atenção deve ser a porcentagem de dinheiro alocado na bolsa, que pode variar de acordo com o perfil e objetivo do investidor. A B3 não deveria, por exemplo, ser a porta de entrada no universo de investimentos para quem é mais conservador, ou precisa de acesso rápido às suas economias. “Esse é o maior erro dos novos participantes na bolsa. Muitos entram direto na renda variável, ‘pulando’ a fase do colchão de emergência”, reforçou Mirna Borges, influenciadora e educadora financeira no canal EconoMirna, durante a Money Week. 

A renda fixa é a mais indicada para contribuir com a chamada reserva de emergência. O que explica isso é a liquidez e estabilidade que ativos desse tipo oferecem. Como o próprio nome já diz, este é um dinheiro separado para lidar com imprevistos, como uma demissão ou uma batida de carro. Portanto, precisa estar sempre disponível, e não pode ficar flutuando na volatilidade do mercado. 

O segredo, segundo os especialistas, é equilibrar a carteira entre os investimentos mais adequados para cada meta, perfil e momento de vida – que pode, ou não, incluir ações. Mas, para Blanco, os investidores deveriam, no mínimo, aprender sobre a possibilidade. “Todos podem e devem investir na bolsa, mesmo os mais conservadores. O caminho é começar devagar, talvez via fundos. E, em segundo lugar, ter um valor definido para alocar em renda variável, o que requer disciplina, organização e olhar a longo prazo”. No mais, não existe dica mágica. 

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