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Qual a fortuna de Abilio Diniz?

Empresário brasileiro faleceu neste domingo, 18

Abilio Diniz: emprsário acumulou uma fortuna de em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões), segundo a lista de bilionários da Forbes (Leandro Fonseca/Exame)

Abilio Diniz: emprsário acumulou uma fortuna de em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões), segundo a lista de bilionários da Forbes (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 05h52.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 06h12.

Morreu de pneumonite neste domingo, 18, o empresário Abilio Diniz, de 87 anos, que transformou o negócio de sua família em um dos maiores grupos de varejo do mundo, o Pão de Açúcar. Ao longo de sua vida como empresário, ele acumulou uma fortuna de US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões), segundo a lista de bilionários da Forbes. Com isso, Abilio ocupava o 1526º lugar no ranking de mais ricos do mundo.

Depois de décadas comandando o Grupo Pão de Açúcar, Abilio deixou o controle do gigante do varejo em 2012. Hoje, era um dos maiores acionistas do Carrefour global, e vice-presidente do colegiado do Carrefour Brasil. Além disso, era presidente dos conselho de administração da Península Participações e da BRF.

Quem foi Abilio Diniz?

Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936, o primeiro dos seis filhos de Floripes Pires e de Valentim Diniz. Se formou em 1956 pela Escola de Administração de Empresas da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e, ao terminar a graduação, aceitou a proposta de seu pai para começar a trabalhar em um novo empreendimento da família, o Supermercado Pão de Açúcar.

Antes disso, Valentim havia fundado a Doceria Pão de Açúcar, inaugurada em 1948 e na qual Abilio havia trabalhado desde menino. Depois de se formar em administração, Diniz queria fazer uma pós-graduação em Michigan e ser professor. Tocar a padaria de seu pai era pouco perto de suas ambições. Então, o pai apresentou-lhe as redes Peg-Pag e Sirva-se, primeiros supermercados do país — algo que conquistou Abilio de cara. “Aquilo virou minha cabeça. Percebi que daquele jeito seria possível fazer uma empresa grande”, disse.

Nos anos 1960 e 1970, o Pão de Açúcar acumulou uma série de “primeiras vezes”. Foi a primeira rede do setor a ter uma loja em Shopping Center, a ter uma farmácia dentro do estabelecimento e a funcionar 24 horas. Também nesse período, Abilio trouxe para o Brasil o conceito de hipermercados por meio da bandeira Jumbo, um empreendimento que copiava o modelo do Carrefour, cuja ideia veio depois de uma viagem do empresário à Europa de olho em tendências do setor. Depois disso, adquiriu ainda as duas pioneiras Peg-Pag e Sirva-se.

“Sofri muito com a empresa familiar. Há sempre uma tendência de misturar os assuntos corporativos com os de casa, o que atrapalha o andamento da companhia”, afirmou à EXAME em 2011. A relação com a família ficou estremecida principalmente depois que o pai de Abilio, Valentim, dividiu o grupo Pão de Açúcar e deixou a maior parte das ações com o filho.

Na mesma década, também acontecia um evento que marcaria a vida de Abilio para sempre. Em 1989, no meio das dificuldades pelas quais o negócio passava, o executivo foi sequestrado e passou seis dias em um cativeiro na zona sul da capital paulista. Depois de 36 horas de negociação, o empresário foi libertado. Tomou banho, dormiu com a ajuda de remédios e foi trabalhar no dia seguinte.

Em 1995, Abilio foi peça fundamental para a abertura de capital do Grupo Pão de Açúcar e, em 1997, passou a negociar as ações da empresa em Nova York, marcando mais uma vez a trajetória de pioneirismo. Foi a primeira empresa de controle 100% nacional a fazer uma emissão global de ações.

Ainda no apetite por consolidação, três anos depois, Abilio comprou a Casas Bahia e o Ponto Frio, formando a maior rede de eletroeletrônicos do Brasil. A aquisição foi feita em bons termos, mas a família Klein se arrependeu do contrato, numa briga que só acabou quando Abilio saiu da empresa.

Na década de 2010, Abilio travou uma das maiores batalhas de sua vida: a tomada do poder do Pão de Açúcar pelo grupo francês Casino. Emocionalmente e financeiramente: a briga custou cerca de 500 milhões de reais aos sócios, segundo o livro Abilio - Determinado, Ambicioso, Polêmico, da autora Cristiane Correa.

A relação entre Casino e Diniz começou em 1999, quando o grupo comprou 24,5% do Pão de Açúcar por 854 milhões de dólares. A entrada dos recursos veio por uma necessidade de injeção de capital na companhia, levantada por Abilio (antes do Casino, a Galeazzi já havia sido uma fonte de recursos).

Em 2005, o grupo francês aumentou sua participação na empresa brasileira e firmou um contrato que previa que Abilio deveria deixar o controle total em 2012. O empresário brasileiro se arrependeu, na data, mesmo já com mais de 70 anos, e tentou costurar uma fusão de três: Carrefour, Casino e Pão de Açúcar. A tentativa falhou – e foi interpretada como uma forma de Abilio tentar descumprir o acordo. Além disso, Abilio chegou a propor a troca de ações do Pão de Açúcar para ações da Rallye, controladora do Casino, o que também não foi aceito.

Do lado do Casino, o principal argumento era o contrato assinado e, do lado de Abilio, o ponto principal era a necessidade de crescimento do GPA que contrastava com o endividamento do grupo francês. O imbróglio jurídico se arrastou até 2013, quando um mediador de conflitos internacionais interveio e, enfim, o Casino tomou o controle do negócio.

Por todos os anos seguintes, Abilio manteve o portfólio de lojas que havia comprado na pessoa física, em aluguéis que foram pagos até hoje. Com o poder tomado pelo Casino — e sua fortuna transformada em liquidez —, o executivo se dedicou cada vez mais à Península Participações, veículo de investimentos da família, e à participação no conselho de diferentes empresas.

Abilio, desde que saiu do GPA, iniciou uma série de novas empreitadas profissionais. Uma delas foi a BRF, empresa de que se tornou investidor e conselheiro. Além disso, investiu tempo e dinheiro na Península Participações e, por fim, chegou ao Carrefour – fincando os pés no varejo novamente. Em 2017, o veículo de investimento do empresário aumentou a participação no Carrefour Brasil para 12%, podendo chegar ao limite de 16%, além de conseguir uma participação na matriz da empresa.

Na década seguinte, mais desafios pessoais. Em 2022, Abilio perdeu um de seus seis filhos, João Paulo Diniz, que morreu em decorrência de um infarto.

Abilio deixa cinco filhos: Ana Maria, Adriana e Pedro Paulo, do primeiro casamento com Maria Auriluce Falleiros, e Rafaela e Miguel, do segundo casamento com a economista Geyze Marchesi.

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