Narendra Modi: primeiro-ministro da Índia sai vitorioso, mas partido perde maioria no parlamento
Repórter
Publicado em 6 de junho de 2024 às 16h50.
Última atualização em 6 de junho de 2024 às 16h59.
O primeiro-ministro da Índia Narendra Modi, do Partido Bharatiya Janata (BJP, Partido do Povo Indiano), saiu vitorioso das eleições gerais realizadas na terça-feira, 4. Mas, seu partido perdeu a maioria parlamentar pela primeira vez em uma década. A perda de força do primeiro-ministro tende a ser negativa para os investimentos no país, na avaliação dos analistas da Gavekal Research.
"O ar de invencibilidade de Modi foi abalado e ele enfrentará desafios políticos não só por parte dos líderes da oposição, como também dos rivais internos do partido. No curto prazo, os mercados poderão reagir mal ao choque político e ao impacto potencialmente negativo na política fiscal e na reforma econômica", afirmam em relatório os analistas da Gavekal Tom Mille e Udith Sikand.
No médio prazo, avaliam os analistas, a perspectiva é de recuperação no preço dos ativos, com o mercado reconhecendo "que os fundamentos econômicos da Índia permanecem sólidos". "Esse resultado construtivo depende do governo evitar políticas populistas improdutivas para compensar o seu revés político, o que ainda não é certo."
O partido de Modi garantiu 240 assentos de um total de 543. A expectativa de Modi era alcançar algo próximo de 340.
Na parte econômica, os analistas avaliam que Modi terá que persistir um crescimento real médio de 6% a 7% durante os próximos 5 anos, o que elevaria a Índia à condição de terceira maior economia do mundo, ultrapassando o Japão e a Alemanha. "Isso exigirá novos gastos em infraestruturas para tornar transportes e logística mais competitivos, uma expansão do setor industrial para gerar empregos, e mais investimento direto do exterior para manter a vantagem competitiva da Índia no setor de serviços e ajudar a compensar o atual déficit de conta corrente", pontua a Gavekal Research.
O medo, pontua a Gavekal, é o partido de Modi desviar investimentos em infraestrutura para gastos sociais, com intuito de aumentar sua popularidade.
"Se conseguir resistir à influência do bem-estar, como o governo geralmente vem fazendo ao longo dos anos Modi, os custos logísticos deverão continuar caindo para os níveis do mundo desenvolvido durante o próximo parlamento."
Por outro lado, a Gavekal avalia que a perda de força de Modi pode tornar mais difícil reformas que tenham impactos sociais mais relevantes, como a reforma agrícola. "À medida que as restrições políticas impostas a Modi são contabilizadas, é possível uma redução da classificação dos ativos indianos. Se os preços caírem significativamente, os retornos subsequentes deverão ultrapassar os das últimas duas décadas."