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Preços inflados de ações e títulos americanos desafiam otimistas

Ambas as classes de ativos estão sob pressão graças à determinação cada vez mais rígida dos bancos centrais de restaurar a ordem na economia global

Bolsa americana: Ações e títulos caíram este ano em uma rara liquidação conjunta na medida em que o Federal Reserve se tornou hawkish (Mario Tama/Getty Images)

Bolsa americana: Ações e títulos caíram este ano em uma rara liquidação conjunta na medida em que o Federal Reserve se tornou hawkish (Mario Tama/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 13 de abril de 2022 às 10h49.

O ciclo econômico está chegando a um ponto em que valuations podem finalmente voltar a importar para os investidores em ações e títulos.

Ambas as classes de ativos estão sob pressão graças à determinação cada vez mais rígida dos bancos centrais de restaurar a ordem na economia global.

O S&P 500 caiu em cinco dos últimos seis dias, enquanto o rendimento das notas do Tesouro americano de 10 anos na terça-feira interrompeu uma série de sete aumentos consecutivos.

Embora os aumentos das taxas de juros recebam toda a atenção, um problema igualmente grande para os otimistas são os valuations, com anos de valorização dos preços deixando ações e renda fixa em altitudes vertiginosas em relação aos fluxos de caixa.

Uma maneira original de medir o inchaço foi apresentada em uma nota da JonesTrading, que somou o rendimento dos lucros do S&P 500 e dos Treasuries de 10 anos.

Combinados, o rendimento total - o que a empresa chamou de “modelo reverso do Fed” - está em 7,2% hoje, mesmo com o aumento dos yields dos títulos. Esse nível é inferior a 93% do tempo desde que os dados começaram em 1962.

Pior, a renda real dos ativos está diminuindo devido à inflação. Com os aumentos de preços ao consumidor em 8,5% nos EUA, é a primeira vez em seis décadas que o rendimento total dos ativos fica abaixo da inflação.

“Historicamente, os investidores se empenharam mais em reprecificar ações e títulos para garantir que houvesse uma recompensa por assumir o risco adicional,” disse Michael O’Rourke, estrategista-chefe de mercado da JonesTrading, em entrevista. “O mercado acredita que o Fed piscará ao primeiro sinal de fraqueza nos preços dos ativos.”

O fato de duas grandes classes de ativos financeiros terem preços tão altos pode criar problemas para os investidores que acabaram de atravessar o pior trimestre em décadas, a julgar pela amplitude das perdas nos mercados.

Ações e títulos caíram este ano em uma rara liquidação conjunta na medida em que o Federal Reserve se tornou hawkish, embarcando no que se espera ser o ciclo mais agressivo de aumento de juros desde 1994.

A 4,4%, o rendimento dos lucro (earnings yield) do S&P 500 registra uma das leituras mais baixas em décadas. O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos, apesar de ter atingido uma máxima de três anos de 2,78% na segunda-feira, oferece menos da metade do nível historico.

As ações também parecem caras com base em outras métricas. Cerca de 17% dos membros do Russel 3000 estão sendo negociados a mais de 10 vezes suas receitas, uma proporção que supera até mesmo a era pontocom, de acordo com dados compilados pela Strategas Securities.

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