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Por que as bolsas americanas estão em queda livre; e o que esperar

Queda ou desaceleração dos lucros é um dos fatores que antecipam tendência de queda nas ações listadas em Nova York

Painel da Nasdaq na Times Square, em Nova York: índice caminha para o pior janeiro de sua história | Foto: Daniel Barry/GettyImages (Daniel Barry/Getty Images)

Painel da Nasdaq na Times Square, em Nova York: índice caminha para o pior janeiro de sua história | Foto: Daniel Barry/GettyImages (Daniel Barry/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 22 de janeiro de 2022 às 08h00.

Por Michael Msika

A mistura tóxica de alta de juros e queda dos lucros é mau sinal para os mercados de ações e dívida corporativa dos Estados Unidos neste ano, alerta o Bank of America.

“Juros sobem e lucros caem = combinação ruim para crédito e ações”, escreveram estrategistas liderados por Michael Hartnett em relatório. Segundo eles, as duas classes de ativos terão retorno negativo em 2022, com o “choque dos juros” no primeiro semestre seguido pelo “pânico com uma recessão” na segunda metade do ano.

A perspectiva de uma postura mais agressiva pelo banco central americano, o Federal Reserve, abalou bolsas do mundo inteiro e o MSCI World Index acumula perda de 5% desde o começo de 2022.

O Nasdaq 100 entrou em correção nesta semana, dado que as ações avaliadas de acordo com expectativas de crescimento futuro -- caso das empresas de tecnologia -- foram as mais atingidas. No acumulado do ano, a queda é de 12%, o que sinaliza o pior mês de janeiro desde a criação do índice 51 anos atrás, em 1971.

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Nos mercados de crédito, o medo de juros maiores eleva os custos de captação em quase todas as classes de ativos. A maioria dos índices mostra a pior perda para um início de ano em décadas.

Os estrategistas do BofA entendem que, apesar da ampla aceitação da perspectiva de aumento de juros, o ambiente de acomodação existente há tanto tempo significa que as expectativas são muito baixas.

Para eles, o Fed está “histericamente atrás da curva” e deve subir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na reunião da semana que vem, nos dias 25 e 26.

Quanto às bolsas, Hartnett ressalta que os indicadores antecedentes para os lucros das empresas -- como a atividade da indústria de transformação no estado de Nova York -- começaram a piorar. Para o estrategista, juros maiores vão impactar particularmente as ações que já fizeram grande sucesso, como as de empresas de construção residencial e as de semicondutores.

Apesar da derrapada no mercado acionário global, as bolsas atraíram 52 bilhões de dólares nos primeiros 13 pregões do ano, de acordo com dados de fundos da EPFR Global citados pelo BofA. É pouco menos do que os 53 bilhões de dólares em entradas registradas no mesmo período de 2021. Já os fundos de renda fixa sofreram saídas.

“O aumento de juros pelo Fed encontra mercados de crédito e ações supervalorizados e o aperto pelo Fed sempre ‘quebra’ algo”, escreveu Hartnett.

(Com a Redação)

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