Petrobras: BofA prevê que companhia apresente resultados ligeiramente mais fortes em termos sequenciais no segundo trimestre de 2024 (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 6 de agosto de 2024 às 15h21.
Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 15h29.
A Petrobras (PETR4) deve anunciar o pagamento de US$ 2,8 bilhões de dividendos no balanço do segundo trimestre de 2024, é o que estima o Bank of America (BofA). Segundo relatório publicado pelo banco, caso o valor se confirme, o dividend yield será de 3,4%, excluindo a recompra de cerca de 20,55 milhões de ações preferenciais realizada durante o trimestre.
A previsão do BofA se baseia em um Capex (despesas de capital) de aproximadamente US$ 3,25 bilhões, o que representaria alta de 7% em comparação com o primeiro trimestre de 2024, mas ainda abaixo do Plano Estratégico da empresa. O Capex é uma métrica importante para entender os dividendos da petroleira, já ela paga uma porcentagem da diferença do fluxo de caixa operacional menos o Capex.
O BofA também destaca suas principais projeções para o balanço da petroleira, que será divulgado nesta quinta-feira, 8, após o fechamento do pregão. “Esperamos que a Petrobras apresente resultados ligeiramente mais fortes em termos sequenciais”, afirmam os analistas em relatório.
Na ponta positiva, os especialistas estimam um Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de US$ 12,4 bilhões, o que representaria aumento de 3% em comparação com o trimestre imediatamente anterior, e alta de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já no lado negativo, o BofA estima um lucro líquido de aproximadamente US$ 2,1 bilhões, o que seria queda de 53% em comparação ao primeiro trimestre de 2024 e queda de 61% frente ao segundo trimestre de 2023. Esse recuo do lucro líquido é explicado por dois fatores, sendo o primeiro, o acordo envolvendo disputas fiscais, conforme anunciado pela empresa em meados de junho.
Já o segundo é a forte depreciação cambial no segundo trimestre de 2024, que deve impactar o resultado financeiro em aproximadamente US$ 3,3 bilhões, segundo os cálculos do BofA. Isso porque a desvalorização do câmbio aumenta os custos de endividamento em dólares, elevando as despesas financeiras e reduzindo o lucro líquido.
O BofA também destaca a queda de produção do petróleo da Petrobras. Segundo relatou a companhia, a produção doméstica de petróleo foi de 2.156 mil barris por dia (em linha com a previsão do BofA de 2.162 mil barris por dia), queda de 3,6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, mas uma alta de 2,6% na comparação anual.
Já a produção de petróleo no pré-sal foi de 1.815 mil barris por dia, o que representa queda de 2,3% frente ao primeiro trimestre de 2024 e alta 6,3% ante o mesmo período do ano anterior. “A queda trimestre ante trimestre pode ser amplamente explicada por paradas de manutenção, bem como intervenções não planejadas nas plataformas localizadas no campo de Búzios”, explica o BofA.
A produção do pós-sal, por sua vez, foi de 306 mil barris por dia, queda de 11% na comparação com o segundo trimestre de 2023. De acordo com o BofA, assim como na produção do pré-sal, o pós-sal também foi impactado por paradas de manutenção e intervenções não planejadas para atender aos requisitos de segurança operacional, junto com a depleção natural.
Esses efeitos, segundo o relatório, foram parcialmente compensados pela aceleração da Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência Sepetiba (no campo de Mero), que atingiu 90 mil barris por dia no final de junho.
“Destacamos que a aceleração desta plataforma está demorando mais do que originalmente esperado por nós, dado que a Petrobras estava conseguindo concluir o processo de aceleração da produção em seus campos de melhor desempenho (Búzios e Mero) em cerca de seis a sete meses.”
Já a queda na produção do pós-sal foi parcialmente compensada pelo início de operação de dois novos poços de projetos complementares na Bacia de Campos. No balanço, a menor produção, no geral, deve ser compensada com o aumento nos preços do petróleo de referência brent, com um custo de, em média, US$ 84,9 por barril, alta de 2,2% ante o terceiro trimestre deste ano e avanço de 11,7% na comparação anual.
A desvalorização cambial no trimestre (média de BRL 5,22/USD, alta de 4,3% trimestre ante trimestre e +3,5% frente ao mesmo período do ano passado) também deve ajudar nessa compensação. Isso porque a desvalorização do câmbio ajuda a aumentar a receita em reais e pode melhorar o Ebitda, já que a receita da petroleira é em dólares e terá mais valor quando convertida para reais.
Dado o atual cenário, o BofA mantém a classificação de compra para Petrobras, devido aos desenvolvimentos importantes na empresa, que acreditam terem ajudado a dissipar preocupações sobre governança corporativa, à precificação de combustíveis e aos dividendos. O preço-alvo do banco é de US$ 17,90, o que representaria um potencial de ganho de quase 34,50% quando comparado ao fechamento de US$ 13,31 desta segunda-feira, 5.
O BofA também destaca que “mensagens fortes foram transmitidas pelo governo e/ou pela Petrobras em apoio à exploração do prospecto da Margem Equatorial” também somam à tese positiva para a recomendação de compra. “Por fim, continuamos a ver fortes retornos de caixa no futuro próximo”, finalizam os analistas.