Principal impulso para os ganhos da Petrobras vem da alta nos preços do barril de petróleo (Sergio Moraes/Reuters)
Beatriz Quesada
Publicado em 5 de maio de 2022 às 06h30.
A Petrobras (PETR3/PETR4) divulga nesta quinta-feira, 5, após o fechamento de mercado, o balanço do 1º trimestre de 2022 e, junto com os números, mais uma distribuição de dividendos bilionários. O Credit Suisse estima um pagamento de US$ 6 bilhões (aproximadamente R$ 30 bilhões) relativo aos três primeiros meses do ano. O número representa um dividend yield (rendimento do dividendo em relação ao preço da ação) de 7%, valor acima da média da bolsa brasileira.
Veja também
GPA registra lucro de R$ 1,4 bi no 1º trimestre; alta de 1.250%
PetroRio (PRIO3) registra lucro de US$ 228 mi no 1T22
Segundo os analistas do banco suíço, é possível ainda que o montante final seja maior que o esperado. A análise considera as compensações que a Petrobras recebeu do governo pelos campos de exploração de Atapu e Sepia — além dos US$ 2,1 bilhões pelo desinvestimento de uma participação de 5% em Búzios. “Em nossa opinião, há espaço para distribuições significativamente maiores do que o indicado pela política formal de dividendos”, afirmaram, em relatório, os analistas do banco.
O Goldman Sachs, por exemplo, acredita que o montante pode alcançar US$ 10 bilhões, no cenário mais otimista. Os especialistas do banco americano acreditam que o valor mínimo a ser esperado é de US$ 5 bilhões. A instituição lembra que houve o recente pré-pagamento de US$ 2 bilhões em bonds, o que pode ser deduzido da distribuição.
O Itaú BBA mesmo mais conservador nos cálculos, também prevê dividendos mais altos neste trimestre. A casa estima uma distribuição de R$ 1,8 por ação, o que representa um dividend yield de 6% — um valor total da ordem de US$ 5 bilhões.
Para o ano completo de 2022, o dividend yield médio esperado para a empresa é de 37%. O retorno esperado com os pagamentos, na visão dos analistas, atenua as eventuais turbulências no preço que podem vir do cenário eleitoral. O viés positivo, no entanto, pode não ser suficiente para impulsionar as ações após a divulgação do balanço amanhã, escreveram os analistas do Goldman. E a explicação está na perspectiva para os resultados que, apesar de fortes, não devem surpreender.
Segundo o consenso de analistas da Bloomberg, a Petrobras deve apresentar uma receita líquida de R$ 130 bilhões. A projeção para o Ebitda, indicador de geração de caixa operacional, é de R$ 63 bilhões, enquanto o lucro líquido deve ficar na casa dos R$ 29 bilhões — um ganho de 34% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O principal impulso para o crescimento vem da alta nos preços do barril de petróleo. Cálculos do BBA apontam alta de 23% no preço do petróleo Brent — referência para a Petrobras — na comparação trimestral. “Também esperamos que a Petrobras se beneficie de uma variação monetária com efeito na dívida [em dólar] como resultado da valorização do real”, destacam no relatório. Outro ponto que explica os resultados da petroleira é o aumento da produção nacional de petróleo e gás, que cresceu 3,7% nos três primeiros meses do ano.