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Petrobras cai até 3% com reação ao plano de compra de 40% de campo de petróleo na Namíbia

O plano de aquisição foi informado pela diretora de exploração e produção da estatal, Sylvia dos Anjos, à Reuters, na sexta-feira, 26

Petrobras: investidores reagem a possível aquisição de campo de petróleo offshore (Germano Lüders/Exame)

Petrobras: investidores reagem a possível aquisição de campo de petróleo offshore (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 29 de julho de 2024 às 16h32.

Última atualização em 30 de julho de 2024 às 10h50.

A Petrobras (PETR4) figura entre as maiores quedas da bolsa nesta segunda-feira, 29, e puxa o Ibovespa para baixo, com os papéis ordinários chegando a cair 3,24% na mínima do dia, enquanto os preferenciais recuaram 3,54%. Segundo especialistas, a combinação de fatores internos e externos impulsionam a queda da petroleira.

O primeiro deles é o anúncio, na última sexta-feira, 26, do interesse em adquirir 40% da participação da empresa portuguesa Galp no campo de petróleo offshore Mopane, na Namíbia. A descoberta, e agora a venda, do campo pela Galp despertou o interesse de mais de 12 petroleiras, incluindo Exxon, Shell e, agora, a estatal brasileira.

A Namíbia não produz petróleo ou gás e estima-se que o campo Mopane contenha pelo menos 10 bilhões de barris de petróleo e gás equivalente, segundo estimativas do mercado, podendo chegar a uma avaliação em mais de US$ 10 bilhões. O plano de aquisição foi informado pela diretora de Exploração e Produção da estatal, Sylvia dos Anjos, à Reuters, e trata-se de uma oferta não vinculante para comprar a operação e uma fatia do bloco exploratório de petróleo e gás.

De acordo com Frederico Nobre, portfólio manager da Warren Brasil Gestão, a aquisição da Petrobras está sendo avaliada em aproximadamente US$ 4 bilhões e o que preocupa os investidores é o histórico da petroleira. “Embora a Petrobras precise aumentar suas reservas de petróleo, a empresa tem um histórico fraco de operações fora do Brasil, o que gera um certo ceticismo entre os investidores.”

Dividendos também preocupam investidores

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, também acrescenta que outro motivo para a reação negativa dos investidores é em relação aos dividendos. Segundo o especialista, para aqueles que carregam Petrobras de olho nos proventos, possivelmente podem ter sim uma redução no valor que vai ser distribuído no curto prazo. “Como o dividendo é um pilar relevante para a tese, isso pode estar fazendo peso.”

Ele explica que a Petrobras paga 45% da diferença do fluxo de caixa operacional menos o capex, então neste primeiro momento, se a companhia concretizar a compra desse bloco, ela terá um aumento do capex. "Em um primeiro momento, para efeito de dividendos, você tem um peso muito maior do Capex, que entra nessa equação de forma negativa."

Entretanto, Arbetman destaca que, do ponto de vista da alocação de capital, preocupa menos o investimento em exploração do que em refinarias e, além disso, em ativos que são fora do Brasil. “Do ponto de vista do governo, que busca melhorar sua posição fiscal, investir fora seria não maximizar seu ganho fiscal, o que não faz muito sentido, buscar uma outra geografia tendo, por exemplo, a Margem Equatorial no Brasil, podendo ser uma fonte de petróleo mais barata.”

Petróleo em queda e relatório de vendas

O contexto do dia também afeta os papéis. O petróleo tipo WTI recua 1,57%, enquanto o do tipo Brent cai 1,55% às 15h59. Hoje, pós-mercado, a companhia também divulga o relatório de produção e vendas de abril a junho deste ano, o que, segundo Arbetman, coloca o mercado em um clima um pouco mais de cautela. "Alguns dados de produção já são conhecidos, mas tem outros que irão ser observados."

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